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RASULFrancisco de Oliveira teria celebrado a primeira missa em Sorocaba, data que foi escolhida para a celebração da nova padroeira da Visitação, mas documentalmente, ele estava em Parnaíba 21/11/1654 1 fontes 1° fonte: “Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”. Luís Castanho de Almeida (1904-1981) Um documento especial não diz que o padre Francisco de Oliveira celebrou a primeira missa de Sorocaba nessa capela, mas documentadamente se prova que ele era vigário de Parnaíba em 1654, sobrinho do Fundador e em novembro sua tia estava à morte e fêz testamento.
Naquela época o vigário é que ungia os seus paroquianos, mesmo que houvesse outros padres, como havia na sede os dois beneditinos. É claro que podiam vir todos os três. Mas não abandonariam a vila assim pelo menos por cinco dias, bastando um.
É portanto, extremamente provável que o sobrinho do Fundador, mesmo por uma questão , de amor ao sangue, tivesse dito a primeira missa na capela de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, "da paragem de Sorocaba".
Ano exato, 1654. Cremos ter sido a 21 de novembro, dia de Nossa Senhora da Apresentação, que foi o dia da festa da Padroeira até 1925. Coincidia a doença e testamento da tia em 28 do mesmo mês.
Testamento de Isabel de Proença é assinado em Santana de Parnaíba 28/11/1654 3 fontes 1° fonte: José Crespo Gonzales defende a ideia de oficialização da data de 15 de agosto, em comemoração a fundação da cidade Por que 15 de Agosto?
Superadas as dúvidas históricas em torno da fundação de Sorocaba, para muitos até então fixada erroneamente em 1661, quando, na realidade, ocorrera a elevação do Povoado já existente à categoria de Vila, isto no início dos anos 50 do século passado, a partir de abalizados estudos conduzidos por historiadores locais, entre os quais monsenhor Luiz Castanho de Almeida, o inigualável Aluísio de Almeida, e o dr. José Crespo Gonzales, depois prefeito da cidade, estabelecendo como marco inicial os meses finais do ano de 1654, com a chegada efetiva do fundador Baltazar Fernandes e de sua gente de Santana de Parnaíba para aqui fixarem residência, restava a fixação de uma data, fictícia que fosse, para a celebração oficial do aniversário de fundação do Município, até então ocorrendo no 3 de março, o dia em que em 1661 o governador do Rio de Janeiro e das Capitanias do Sul, Salvador Corrêa de Sá y Benavides, assinara provisão criando a Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba.
Foi assim que logo surgiu o consenso geral, a partir de célebre conferência elucidatória realizada pelo próprio dr. José Crespo Gonzales no Rotary Clube de Sorocaba, fixando o15 de Agosto como o Dia da Cidade. Isto porque alguns meses ante, a 1º de novembro de 1950, em Roma, o papa Pio XII proclamara solene e publicamente como dogma de fé católico a Assunção de Maria Santíssima aos Céus em Corpo e Alma, transferindo-se para a data de 15 de Agosto muitas das solenidades em honra de Nossa Senhora espalhadas ao longo do ano dentro do calendário litúrgico, como era o caso da invocação à Virgem da Ponte, celebrada até então em 21 se novembro, Solenidade da Apresentação de Nossa Senhora Menina no Templo.
Desde então, sedimentando a fé cristã dos sorocabanos, o Dia da Cidade, comemorando o aniversário de fundação de Sorocaba, passou a ser convencionado a 15 de Agosto, juntamente com a festa litúrgico-religiosa em honra de Nossa Senhora da Ponte, a excelsa Padroeira da ‘Terra de Baltazar Fernandes’, por intermédio da lei 310 sancionada pelo prefeito Emerenciano Prestes de Barroas, às vésperas do ano do III Centenário de Sorocaba em 1954, a partir de projeto apresentado ao Legislativo sorocabano em 1952 pelo então vereador professor Otto Wey Neto.
2° fonte: “Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”. Luís Castanho de Almeida (1904-1981) Coincidia a doença e testamento da tia em 28 do mesmo mês. Em fins de março de 1655 ela jaz na igreja de São Bento, na capela-mor. Na igreja, por não haver outra para ser o jazigo dos fundadores, e na capela-mor, por ser quem era. Eis aí como se obtém certeza moral, a única possível, raciocinando. Em ciências experimentais, o método é diverso.
Não havendo o atestado de óbito, resta lugar para a chicana, pois não era possível que levassem o corpo em dois ou três dias, com mau cheiro, a Parnaíba, contra a vontade da testadora, que desejava sepultura onde morresse, como era impossível que a levassem a falecer em Parnaíba...
3° fonte: “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”. Sérgio Coelho de Oliveira, jornalista e historiador E, para finalizar, os historiadores divergem quanto à data da chegada de Balthazar Fernandes a Sorocaba, se em 1646 ou se em 1654. Existem documentos historiando esses dois momentos. Existem documentos historiando, além desses dois momentos, uma fundação em 1670 E tem mais: a tal casa do Balthazar... será que era mesmo? [Página 12]
Outra suposição: era setuagenário, cerca de 74 anos, quando se transferiu para a paragem de Sorocaba, em 1654. Até o nome do ilustre sertanista é discutível. Tão diversas são as formas que aparecem nos documentos do século XVII: Balthazar, Balthezar, Baltasar e Baltazar. [Página 19]
O testamento de Izabel de Proença, esposa de Balthazar, fez quando ainda viva, em 28 de novembro de 1654, e os dois inventários dos bens da família que se seguem, após a sua morte, em abril de 1555 - o primeiro em Santa Ana de Parnaíba e o outro em Sorocaba - contém importantes revelações sobre a vida dos Fernandes.
São, portanto, três documentos já citados por Luis Castanho de Almeida, de onde extraímos alguns fatos interessantes. No primeiro documento, de novembro de 1654, Izabel de Proença revela que... "... estando eu, Izabel de Proença, em meu perfeito juízo e entendimento, Nosso Senhor Jesus Cristo me deixou doente de cama temendo a morte... e por não saber o que Deus Nosso Senhor quererá fazer de mim, e quando será servido me levar para si, ordenei fazer este meu testamento."
Esse documento segue com uma profissão de fé na Santíssima Trindade, obediência à Santa Madre Igreja e um pedido de proteção a Deus, Jesus Cristo, Nossa Senhora e a todos os santos e anjos da corte celestial, em especial à santa do seu nome. Seguindo costume da época, pede que seu corpo seja sepultado na igreja do lugar onde falecer. Em seguida, dirige-se a sua família e recomenda:
"E peço por serviço de Deus Nosso Senhor ao padre vigário meu sobrinho, Francisco Fernandes de Oliveira, faça a minha cédula de testamento e peço ao meu marido, Balthazar Fernandes e a meu irmão Paulo de Proença Abreu, sejam meus testamenteiros".
Declara-se casa com Balthazar Fernandes, com quem teve vários filhos e filhas, nomeando seus herdeiros. Nem todos...
"... quanto a, minha filha Benta, que se casou com Pedro Correa não dotamos e nem demos nada por se casar contra as nossas vontades, minha e de seu pai, no que nos tem dado muitos desgostos". [Páginas 28 e 29]
Retornando do Rio Grande do Sul, em1639, já beirando os 60 anos, Balthazar decidiu "pendurar as chuteiras", como bandeirante. Era hora de se dedicar mais aos seus negócios, em Santa Ana do Parnaíba, onde exercia certa liderança política e tinha a sua fazenda. Era hora, também, de iniciar a sua missão de povoador, uma tradição de família. Era hora de pensar em Sorocaba.
Nas suas idas e vindas ao Paraguai, conheceu a Paragem de Sorocaba, onde os bandeirantes costumavam fazer um pouso, antes de chegarem em casa - Parnaíba ou São Paulo. E foi aí
"nessas datas de terras de sesmaria de uma légua de terra em quadra; outra légua de terra nessa mesma paragem de Sorocaba, da outra banda do rio correndo da ponte para cima até a cachoeira", parte doada por sua mãe e por seu irmão André, parte conquistada por ele mesmo, que decidiu se estabelecer com uma fazenda de criação de gado e plantação, o embrião da futura Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. [Página 65]
Essa ponte a que se refere o documento não foi construída por Balthazar, mas já existia desde o final do século XVI, mandada construir por D. Francisco de Souza, governador geral do Brasil, quando em visita às minas do Morro Araçoiaba. Era uma ponte pequena, estreita, porém no mesmo local da atual, na rua XV de novembro. [Página 66]
Em um outro documento, produzido em 1732, e existente na Biblioteca da História Real Portuguesa, na cidade do Porto, a história da origem de Sorocaba é assim contada:
"Esta igreja e mosteiro fundou no alto desta Villa de Sorocaba o capitão-mór Balthazar Fernandes, fundador que foi também da dita Villa, no ano de 1654. Está esta villa situada junto ao rio do Sorocaba, nome que lhe deu o gentio... Este não é muito grande, mas é navegável porque por ele abaixo navegavam os homens antigamente a buscar gentio e hoje o navegam também para ir as minas novamente descobertas do Cuyabá e Cochiponen..." [Página 69]
(...) Nativos pioneiros
Além desses primeiros moradores, procedentes de Santa Ana do Parnaíba, São Paulo e Paraguai, temos o grande contingente de nativos, cuja relação nominal estamos publicando, conforme o testamento de Izabel de Proença. É curioso observar que , quando se trata de bebês e crianças, são identificados como "crias" e não tem nomes, talvez porque ainda não tivessem sido batizados ou registrados. A seguir a lista dos nativos:
José e sua mulher Sabina e uma cria;
Gabriela solto, com um irmão rapazinho e duas raparigas;
Pedro solto e seu irmão Bastião;
Antonia rapariga e sua irmã;
Pedro e Izabel com um filhinho e sua filhinha;
Salvador rapaz solto;
Miguel, solto;
João e sua mulher Cecília, uma rapariga e três rapadinhos seus filhos;
Ipólita, solta com dois filhinhos;
Tomas solto;
Bras e sua mulher Maria com uma criança;
Bartholomeu e sua mulher, Andreaza com uma cria;
Alberto solto;
PEdro e sua mulher (?) com uma cria;
Grimaneza solta;
Baltezar solto;
Aleixo, solto;
Cecília solta com duas crias;
Marinho rapaz solto;
Felipe rapaz solto;
Domingos e sua mulher Custódia e sua mulher Mônica;
Joseph, sua mulher Christina, sua filha Barbosa e uma cria;
Felipa solta e seu filho André;
Paula solta;
América moça, sua filha e 4 filhos pequenos;
José e sua mulher Maria com três filhos pequenos;
Manoel solto;
Pedro e sua mulher Sabina com quatro filhos pequenos;
José e sua mulher Sabina com quatro filhos;
Antônia solta com dois filhos e uma filha pequena;
Pascoal e sua mulher Constança com duas filhas e um filho pequeno;
Miguel e sua mulher Clemência, com um filho e uma filha pequenos;
Roque e sua mulher Helena com duas filhas, Catarina e Asença e mais quatro filhos pequenos;
Gaspar e sua mulher Marqueza e mais quatro filhos pequenos;
Lourenço e sua mulher Lucrécia;
Ignocêncio e sua mulher Augustinha, com dois filhos pequenos;
Luiz solto;
João e sua mulher "Índia";
Gregório solto e seu filho João;
Antonio solto;
Gabriel e sua mulher Pelonia com quatro filhos pequenos;
Vicente solto e sua irmã moça por nome Maria e sua mãe também por nome Maria;
José solto;
Gabriel e sua filha Anastácia e três filhos pequenos;
Paulo e sua mulher Joana e seu filho João, moço, e dois filhos pequenos;
Alonço e sua mulher Paula Angela, seu marido velho com um filho moço por nome Fernando e uma filha pequena;
Henrique e sua mulher Mônica e uma filha moça por nome Leonor;
Joana solta com cinco filhos e filhas pequenos e um moço, também seu filho, por nome Francisco;
Izabel, solta;
Maria, solta com uma cria;
José e sua mulher Izabel;
Fernando e sua mulher (?) com seus filhos pequenos, Pedro e Sebastião;
Pedroe sua mulher Ana, João, seu filho moço e dois filhos pequenos;
Alexandre e sua mulher Inácia e uma filha pequena;
Domingos e sua mulher Cecília com cinco filhos pequenos;
Pedro e sua mulher;
Paula e sua filha moça por nome de Catarina e um filho pequeno;
Luzia e seu marido velho, com dois filhos pequenos;
Gabriel e sua mulher; Francisca e uma filha moça por nome Izabel e três filhos pequenos;
Bastião e sua mulher Marina;
Afonso e sua mulher Marqueza com um rapaz seu filho e outro filho moço por nome José e sua mulher Tiodora;
Marcos e sua mulher Ambrosia com duas filhas moças por nome Bastiana e Juliana e três filhos pequenos;
Salvador e sua mulher velha Inocencia;
Paulo e sua mulher Maria, seu filho moço por nome Miguel e quatro filhos pequenos;
Camila solta com duas filhas pequenas;
Domingos e sua mulher Cecília e dois filhos pequenos;
Henrique e sua mulher Apolonia com um filhinho;
Garcia e sua mulher Cristina e um filho moço por nome João;
Antonio e sua mulher Sabina;
Tomé e sua mulher velha Cecília;
Felipe solto com seu filho pequeno;
Felipa solta com filho;
Branca solta;
Angela solta;
Estacia solta;
Maria solta;
Constança, solta;
Antonio solto e sua irmã Serafina, as crias e três irmãos pequenos;
Andreza solta;
Ana, solta;
Merencia solta;
Cecília solta;
Marqueza solta;
Lourença solta;
Uma raparigona solta por nome de Domingas;
Tiodozia solta;
Matia e sua mulher velha;
Lourenço e sua mulher Andreza com duas crias;
Bastião e sua mulher Luzia com duas crias;
Barnabé, solto, rapagão;
Gonçalo e sua mulher Antonia com duas filhas pequenas;
Branca solta com seu filhos moço por nome de Amaro e sua filha pequena;
Asenço e sua mulher Maria e seu irmão por nome Tomé, moço solto e um irmão pequeno e seus pais velhos;
Potencia solta e um pequeno filho;
Clemencia solta; Catarina solta e uma irmã pequena e seu pai velho;
Fernando e sua mulher Izabel, Manoel e seu filho moço e Verônica moça também sua filha;
Roque solto;
Luiz e sua mulher Maria, com três filhos pequenos;
Alonço e sua mulher Mônica e três filhos e uma irmã por nome Paula, solta;
Luiz e sua mulher Sabina e um filho moço por nome Dionisio e três filhos pequenos;
Paulo e sua mulher Ignacia e um rapaz por nome Bartolomeu, seu filho e quatro crias;
Francisco e sua mulher Ursula e seu irmão Belchior;
Henrique solto;
Manoel solto e mudo;
Cristina solta com uma filha;
Domingas, solta;
Antonio e sua mulher Andreza;
Alonço e sua irmã Francisca;
Bárbara solta e sua irmã Maria e seu filho Custódio, moço solto com dois filhos e a mãe velha;
Guiomar solta;
Sabina solta;
Tomazia solta;
Bartolomeu e sua mulher Fabiana, seu filho moço por nome Bartolomeu e dois filhos pequenos;
Cecília solta;
Generoza solta;
Marina solta;
Sabina solta;
Francisco, rapagão solto;
Tomé e sua mulher Luzia com dois filhos pequenos e um moço solto, seu irmão por nome João;
João e sua mulher Ana com dois filhos pequenos.
A relação acima, de 377 nativos, leva-nos a sua conclusões interessantes. A primeira é que uma pessoa para ter essa quantidade de nativos, seja para serviços em suas terras, seja para comércio, teria de ser muito rica, muito abastada, como de fato o era Balthazar Fernandes. Na verdade, ele precisava de mão de obra para plantar e colher, para fazer vinho e farinha de trigo e, finalmente, transportar a sua produção no lombo dos nativos. E ele tinha duas fazendas. O historiador Sérgio Buarque de Holanda observa no seu livro História Geral da Civilização Brasileira:
"Possuir escravizados nativos constitutía índice de abastança e de poder que seriam proporcionais ao número das ´peças´ possuídas".
A segunda sugere que os nativos, que concorreram para a formação do povo sorocabano, não eram, obrigatoriamente, os tupis, que habitavam esta região paulista. A maioria fazia parte das levas de outras tribos de nativas, como os guaranis do Paraguai; os tapes e gês, do Rio Grande do Sul, apreendidos pelas expedições de apresamento.
Para encerrar este capítulo, é importante observar o que escreveu Luiz Castanho de Almeida, sobre este assunto, em sua "História de Sorocaba":
"Provavelmente, passava por estar imediações o habitat da grande tribo dos carijós, que se estendia desde o Itanhaen até o Guairá e Rio Grande do Sul. Pobres criaturas, foram os primeiros escravos e em povoação tão grande que, até o século XVIII, se chamavam carijós os escravizados da raça vermelha de um modo geral. Esses escravizados é que foram os fundadores humildes de Sorocaba, ficando nas fazendas e sesmarias da redondeza, socando as primeiras taipas, aumentando a população entre si e, aqui também, servindo a sensualidade de brancos e mamelucos." [Páginas 76, 77, 78 e 79]
Balthazar Fernandes se estabeleceu definitivamente na região, com família e 380 escravizados 01/12/1654 8 fontes 1° fonte: Documento-petição elaborado pelo filho de Balthazar Fernandes, Manoel Fernandes de Abreu, e dirigido à Câmara Municipal
2° fonte: Documento existente na Biblioteca da História Real Portuguesa, na cidade do Porto Esta igreja e mosteiro fundou no alto desta Villa de Sorocaba o capitão-mór Balthazar Fernandes, fundador que foi também da dita Villa, no ano de 1654. Está esta villa situada junto ao rio do Sorocaba, nome que lhe deu o gentio... Este não é muito grande, mas é navegável porque por ele abaixo navegavam os homens antigamente a buscar gentio e hoje o navegam também para ir as minas novamente descobertas do Cuyabá e Cochiponen...
3° fonte: Auguste de Saint-Hilaire (1779-1853) Antes mesmo dos europeus terem tomado posse da ilha de São Vicente, o local em que Itú se eleva agora era ocupado por uma tribo de nativos guaianazes. Foram esses nativos do número dos que ocorreram em defesa do país em 1530, quando souberam que Martim Afonso de Sousa quis da mesma se apoderar; mas, vendo que o chefe de todas as tribos guaianazes, o grande Tebireça, tinha feito aliança com o capitão português, retiraram-se para a selva.
Atraídos, um pouco mais tarde, pelo amor que Anchieta e seus companheiros demonstravam pelos homens de sua raça, os nativos de Itú, conduzidos pelo seu cacique reuniram-se à colônia que os jesuítas acabavam de fundar sob o nome de São Paulo de Piratininga.
Foi possivelmente nessa ocasião que alguns portugueses ou mamalucos começaram a fixar-se em Itú; os primeiros habitantes da localidade foram aniquilados ou dispersados, e, desde 1654, a antiga aldeia tornou-se uma vila portuguesa. Essa data foi indicada a um tempo por José de Sousa Azevedo Pizarro e Araújo (1753 - 1830), Spix e Martius e D.P. Muller.
4° fonte: Sorocaba J. David Jorge (Aimoré), Jornal Correio Paulistano Sorocaba, a venerada Sorocaba, comemorar... condignamente, no dia 5 de fevereiro, de 1942, o seu 100° aniversário de elevação a cidade. Sorocaba foi fundada por Balthazar Fernandes, em 1654, com o nome de capela de Nossa Senhora da Ponte, tendo sido elevada a município, em 1661, por provisão do capitão general do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides.
5° fonte: “Memória Histórica de Sorocaba: Parte I”. Luís Castanho de Almeida (1904-1981) Entre 1611 e 1654, tudo é silêncio, menos as sesmarias de André Fernandes, uma das quais êle doou antes de 1648, ano de sua morte, a Baltazar. Em 1625 Parnaíba torna-se município e êsses moradores prestam-lhe obediência.
De repente os acontecimentos se precipitam. Todos os cronistas dão o ano de 1654 para a chegada do Fundador com a sua grande família. Mas em 1960 foi descoberto no Arquivo Público de São Paulo o testamento de Isabel de Proença, a segunda esposa, feito em novembro de 1654, o qual se refere à casa grande e a igreja (sic) da fazenda.Damos a hipótese arrojada de ser esta ponte já de 1599. Em todo caso, levaria mais de um ano para construir, e aquele testamento a menciona. Os escravizados sob direção do Fundador teriam, pelo menos, vindo construí-la antes da mudança. [Página 343]
A terceira hipótese (quanto ao título Nossa Senhora da Ponte) é que se deveu à própria ponte de Sorocaba, existente no lugar. Tem contra sí que a capela foi ficar a um quilômetro da ponte e em 1660 o topônimo era somente “paragem de Sorocaba”: em 1654, quando esse nome sonoro surge escrito no primeiro documento existente, era fazenda, sítio de Sorocaba. Teriam escrito “da ponte de Sorocaba”. [Página 346]
6° fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo: “Nossos Bandeirantes - Baltazar Fernandes” (1967) Luiz Castanho de Almeida É um título notável e único no Brasil e em Portugal. Por ser de cor evidentemente local, trata-se uma ponte do rio Sorocaba, onde se fez a igreja a que trouxeram uma imagem de Nossa Senhora. Esta imagem podia ser a Nossa Senhora de Montesserrate, orago do Ipanema, ou outra do próprio Balthazar e é provável que já se chamasse Nossa Senhora da Ponte antes da mudança do pelourinho para o atual lugar, pois o Itavuvu é à beira-rio e tinha provavelmente a primeira ponte.
Enumerando os serviços de Baltazar a Sorocaba, seu filho Manuel não se refere a construção da ponte. Em 1652 havia morrido a segunda mulher de Baltazar, Isabel de Proença. Ele morreu mais, que octogenário de 1667 e depois de 1662.
Em 1645, ele, os genros e os filhos se transportaram para o lugar chamado Sorocaba, a légua e meia do Itavuvu ou São Felipe, para onde em 1611 D. Francisco de Sousa permitira se transportasse o pelourinho que em 1600 erguera na Araçoiaba.
7° fonte: “Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”. Sérgio Coelho de Oliveira, jornalista e historiador E, para finalizar, os historiadores divergem quanto à data da chegada de Balthazar Fernandes a Sorocaba, se em 1646 ou se em 1654. Existem documentos historiando esses dois momentos. Existem documentos historiando, além desses dois momentos, uma fundação em 1670 E tem mais: a tal casa do Balthazar... será que era mesmo? [Página 12]
Outra suposição: era setuagenário, cerca de 74 anos, quando se transferiu para a paragem de Sorocaba, em 1654. Até o nome do ilustre sertanista é discutível. Tão diversas são as formas que aparecem nos documentos do século XVII: Balthazar, Balthezar, Baltasar e Baltazar. [Página 19]
O testamento de Izabel de Proença, esposa de Balthazar, fez quando ainda viva, em 28 de novembro de 1654, e os dois inventários dos bens da família que se seguem, após a sua morte, em abril de 1555 - o primeiro em Santa Ana de Parnaíba e o outro em Sorocaba - contém importantes revelações sobre a vida dos Fernandes.
São, portanto, três documentos já citados por Luis Castanho de Almeida, de onde extraímos alguns fatos interessantes. No primeiro documento, de novembro de 1654, Izabel de Proença revela que... "... estando eu, Izabel de Proença, em meu perfeito juízo e entendimento, Nosso Senhor Jesus Cristo me deixou doente de cama temendo a morte... e por não saber o que Deus Nosso Senhor quererá fazer de mim, e quando será servido me levar para si, ordenei fazer este meu testamento."
Esse documento segue com uma profissão de fé na Santíssima Trindade, obediência à Santa Madre Igreja e um pedido de proteção a Deus, Jesus Cristo, Nossa Senhora e a todos os santos e anjos da corte celestial, em especial à santa do seu nome. Seguindo costume da época, pede que seu corpo seja sepultado na igreja do lugar onde falecer. Em seguida, dirige-se a sua família e recomenda:
"E peço por serviço de Deus Nosso Senhor ao padre vigário meu sobrinho, Francisco Fernandes de Oliveira, faça a minha cédula de testamento e peço ao meu marido, Balthazar Fernandes e a meu irmão Paulo de Proença Abreu, sejam meus testamenteiros".
Declara-se casa com Balthazar Fernandes, com quem teve vários filhos e filhas, nomeando seus herdeiros. Nem todos...
"... quanto a, minha filha Benta, que se casou com Pedro Correa não dotamos e nem demos nada por se casar contra as nossas vontades, minha e de seu pai, no que nos tem dado muitos desgostos". [Páginas 28 e 29]
Em um outro documento, produzido em 1732, e existente na Biblioteca da História Real Portuguesa, na cidade do Porto, a história da origem de Sorocaba é assim contada:
"Esta igreja e mosteiro fundou no alto desta Villa de Sorocaba o capitão-mór Balthazar Fernandes, fundador que foi também da dita Villa, no ano de 1654. Está esta villa situada junto ao rio do Sorocaba, nome que lhe deu o gentio... Este não é muito grande, mas é navegável porque por ele abaixo navegavam os homens antigamente a buscar gentio e hoje o navegam também para ir as minas novamente descobertas do Cuyabá e Cochiponen..." [Página 69]
(...) Nativos pioneiros
Além desses primeiros moradores, procedentes de Santa Ana do Parnaíba, São Paulo e Paraguai, temos o grande contingente de nativos, cuja relação nominal estamos publicando, conforme o testamento de Izabel de Proença. É curioso observar que , quando se trata de bebês e crianças, são identificados como "crias" e não tem nomes, talvez porque ainda não tivessem sido batizados ou registrados. A seguir a lista dos nativos:
José e sua mulher Sabina e uma cria; Gabriela solto, com um irmão rapazinho e duas raparigas; Pedro solto e seu irmão Bastião; Antonia rapariga e sua irmã; Pedro e Izabel com um filhinho e sua filhinha; Salvador rapaz solto; Miguel, solto; João e sua mulher Cecília, uma rapariga e três rapadinhos seus filhos; Ipólita, solta com dois filhinhos; Tomas solto; Bras e sua mulher Maria com uma criança; Bartholomeu e sua mulher, Andreaza com uma cria; Alberto solto; Pedro e sua mulher (?) com uma cria; Grimaneza solta; Baltezar solto; Aleixo, solto; Cecília solta com duas crias; Marinho rapaz solto; Felipe rapaz solto; Domingos e sua mulher Custódia e sua mulher Mônica; Joseph, sua mulher Christina, sua filha Barbosa e uma cria; Felipa solta e seu filho André; Paula solta; América moça, sua filha e 4 filhos pequenos; José e sua mulher Maria com três filhos pequenos; Manoel solto; Pedro e sua mulher Sabina com quatro filhos pequenos; José e sua mulher Sabina com quatro filhos; Antônia solta com dois filhos e uma filha pequena; Pascoal e sua mulher Constança com duas filhas e um filho pequeno; Miguel e sua mulher Clemência, com um filho e uma filha pequenos; Roque e sua mulher Helena com duas filhas, Catarina e Asença e mais quatro filhos pequenos; Gaspar e sua mulher Marqueza e mais quatro filhos pequenos; Lourenço e sua mulher Lucrécia; Ignocêncio e sua mulher Augustinha, com dois filhos pequenos; Luiz solto; João e sua mulher "Índia"; Gregório solto e seu filho João; Antonio solto; Gabriel e sua mulher Pelonia com quatro filhos pequenos; Vicente solto e sua irmã moça por nome Maria e sua mãe também por nome Maria; José solto; Gabriel e sua filha Anastácia e três filhos pequenos; Paulo e sua mulher Joana e seu filho João, moço, e dois filhos pequenos; Alonço e sua mulher Paula Angela, seu marido velho com um filho moço por nome Fernando e uma filha pequena; Henrique e sua mulher Mônica e uma filha moça por nome Leonor; Joana solta com cinco filhos e filhas pequenos e um moço, também seu filho, por nome Francisco; Izabel, solta; Maria, solta com uma cria; José e sua mulher Izabel; Fernando e sua mulher (?) com seus filhos pequenos, Pedro e Sebastião; Pedro e sua mulher Ana, João, seu filho moço e dois filhos pequenos; Alexandre e sua mulher Inácia e uma filha pequena; Domingos e sua mulher Cecília com cinco filhos pequenos; Pedro e sua mulher; Paula e sua filha moça por nome de Catarina e um filho pequeno; Luzia e seu marido velho, com dois filhos pequenos; Gabriel e sua mulher; Francisca e uma filha moça por nome Izabel e três filhos pequenos; Bastião e sua mulher Marina; Afonso e sua mulher Marqueza com um rapaz seu filho e outro filho moço por nome José e sua mulher Tiodora; Marcos e sua mulher Ambrosia com duas filhas moças por nome Bastiana e Juliana e três filhos pequenos; Salvador e sua mulher velha Inocencia; Paulo e sua mulher Maria, seu filho moço por nome Miguel e quatro filhos pequenos; Camila solta com duas filhas pequenas; Domingos e sua mulher Cecília e dois filhos pequenos; Henrique e sua mulher Apolonia com um filhinho; Garcia e sua mulher Cristina e um filho moço por nome João; Antonio e sua mulher Sabina; Tomé e sua mulher velha Cecília; Felipe solto com seu filho pequeno; Felipa solta com filho; Branca solta; Angela solta; Estacia solta; Maria solta; Constança, solta; Antonio solto e sua irmã Serafina, as crias e três irmãos pequenos; Andreza solta; Ana, solta; Merencia solta; Cecília solta; Marqueza solta; Lourença solta; Uma raparigona solta por nome de Domingas; Tiodozia solta; Matia e sua mulher velha; Lourenço e sua mulher Andreza com duas crias; Bastião e sua mulher Luzia com duas crias; Barnabé, solto, rapagão; Gonçalo e sua mulher Antonia com duas filhas pequenas; Branca solta com seu filhos moço por nome de Amaro e sua filha pequena; Asenço e sua mulher Maria e seu irmão por nome Tomé, moço solto e um irmão pequeno e seus pais velhos; Potencia solta e um pequeno filho; Clemencia solta; Catarina solta e uma irmã pequena e seu pai velho; Fernando e sua mulher Izabel, Manoel e seu filho moço e Verônica moça também sua filha; Roque solto; Luiz e sua mulher Maria, com três filhos pequenos; Alonço e sua mulher Mônica e três filhos e uma irmã por nome Paula, solta; Luiz e sua mulher Sabina e um filho moço por nome Dionisio e três filhos pequenos; Paulo e sua mulher Ignacia e um rapaz por nome Bartolomeu, seu filho e quatro crias; Francisco e sua mulher Ursula e seu irmão Belchior; Henrique solto; Manoel solto e mudo; Cristina solta com uma filha; Domingas, solta; Antonio e sua mulher Andreza; Alonço e sua irmã Francisca; Bárbara solta e sua irmã Maria e seu filho Custódio, moço solto com dois filhos e a mãe velha; Guiomar solta; Sabina solta; Tomazia solta; Bartolomeu e sua mulher Fabiana, seu filho moço por nome Bartolomeu e dois filhos pequenos; Cecília solta; Generoza solta; Marina solta; Sabina solta; Francisco, rapagão solto; Tomé e sua mulher Luzia com dois filhos pequenos e um moço solto, seu irmão por nome João; João e sua mulher Ana com dois filhos pequenos.
A relação acima, de 377 nativos, leva-nos a sua conclusões interessantes. A primeira é que uma pessoa para ter essa quantidade de nativos, seja para serviços em suas terras, seja para comércio, teria de ser muito rica, muito abastada, como de fato o era Balthazar Fernandes. Na verdade, ele precisava de mão de obra para plantar e colher, para fazer vinho e farinha de trigo e, finalmente, transportar a sua produção no lombo dos nativos. E ele tinha duas fazendas. O historiador Sérgio Buarque de Holanda observa no seu livro História Geral da Civilização Brasileira:
"Possuir escravizados nativos constitutía índice de abastança e de poder que seriam proporcionais ao número das ´peças´ possuídas".
A segunda sugere que os nativos, que concorreram para a formação do povo sorocabano, não eram, obrigatoriamente, os tupis, que habitavam esta região paulista. A maioria fazia parte das levas de outras tribos de nativas, como os guaranis do Paraguai; os tapes e gês, do Rio Grande do Sul, apreendidos pelas expedições de apresamento.
Para encerrar este capítulo, é importante observar o que escreveu Luiz Castanho de Almeida, sobre este assunto, em sua "História de Sorocaba":
"Provavelmente, passava por estar imediações o habitat da grande tribo dos carijós, que se estendia desde o Itanhaen até o Guairá e Rio Grande do Sul. Pobres criaturas, foram os primeiros escravos e em povoação tão grande que, até o século XVIII, se chamavam carijós os escravizados da raça vermelha de um modo geral. Esses escravizados é que foram os fundadores humildes de Sorocaba, ficando nas fazendas e sesmarias da redondeza, socando as primeiras taipas, aumentando a população entre si e, aqui também, servindo a sensualidade de brancos e mamelucos." [Páginas 76, 77, 78 e 79]
8° fonte: “A dúvida dos pelourinhos Pródromos da Fundação e os Beneditinos”. Otto Wey Netto é professor, advogado e ex-redator deste jornal. Membro da Academia Sorocabana de Letras e Instituto Histórico Sorocabano (Jornal Cruzeiro do Sul) A Vila dispunha de todos os recursos para progredir. Com auxílio de mais de 400 nativos, construiu a primeira grande ponte da Província, sobre o Rio Sorocaba. Em 1654, Balthazar Fernandes Mourão, com auxilio de dois genros, castelhanos do Paraguai, André e Bartholomeu de Zunega, e Gabriel Ponce de Leon, marcaram seus nomes como fundadores de Sorocaba.
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