A 27 de janeiro apresentou o hespanhol a lista dos seus servos, organizada de accordo com Mathias Cardoso “conforme a experiencia que tinha do dito e mais sertoins e por ser pessoa que tomava a sua conta dar calor a este Real Serviço.” Queria que S. Mercês viessem e examinassem si o numero dos indios hera superfluamente ou necessariamente pedidos.” Concordaram os camaristas que tudo fora feito criteriosamente. Deviam partir cento e vinte indios. Foram ouvidos neste particular os officiaes de administração: escrivão João da Maya, contador Manuel Castanho e o mineiro João Alvares Coutinho. Inesperada surpresa trouxe a attitude deste ultimo expressa no seguinte e pavoroso aranzel:
“Foi dito pelo dito mineiro que estava pronto para todo o serviço Real porem que pa. a ditta diligência de Sabarabuçú erão os obstáculos patentes por ser homem de sessenta e oito anos e pela esterilidade do dito sertão se não poder ha- ver o sustento que lhe he necessário, por serem os de aquele Gentilico e dependerem de homens robustos que só estes se podem valer delles, e por conheser a que a fragozidade, conhesidam.te lhe oucazionara a morte p.la fraqueza que a sobredita hidade lhe ocaziona não podia acompanhar ao ditto administrador.” [Página 188]
Obedientes, no dia seguinte, expediram os Oficiaes as ordens exigidas pelo administrador geral. Infelizmente não se declara a quem foram, o que seria curioso nem quantas intimações se fizeram e que também se mostraria muito elucidativo. Depois de patenteado Mathias Cardoso foram escolhidos outros Officiaes. Escreve Pedro Taques (Inf. 142) :
“Para sargento Mór foi eleito Paulista Estevão Sanches de Pontes, de que teve patente de D. Rodrigo datada em 2 de Março de 1681, declarando nella a nomeação da Camara por
ter pratica da disciplina militar das conquistas do certão (Quad. do Ponto pag. 52 Cam. tt.° 1675 pag. 103). Foram eleitos para Capitaens de Infantaria desta Leva os paulistas João Dias Mendes, e André Furtado por terem grandes experiencias dos certões e provado nelles com valor contra os barbaros Gentios; a cada hum dos quaes passou carta patente o Administrador Geral D. Rodrigo (Quad. do Ponto pag. 50 V. e 54 Cam. Liv. cit. 1675 Pag- 68).”
Manuel Cardoso de Almeida, irmão de Mathias e de Salvador, foi dos capitães de infantaria escolhidos para a leva de Sabarabussú. Muito embora declare Pedro Taques que gozou de “igual respeito e veneração com seus irmãos” inclusive o Mestre de Campo, temol-o como personagem secundário. “Recolhido do sertão do reino de Mapaxós passou a servir no terço do irmão em suas lutas contra os barbaros do nordeste e parece que ficou nos Curraes da Bahia. Declarou a Camara paulistana que André Furtado ia a sua custa e sem interesses nenhuns da fazenda real. Sempre a mesma cousa. [Página 190]
No dia seguinte, 17 de outubro de 1681, nova e longa conferencia dos Officiaes com o Apontador. Revelou este grave acontecimento : fugira-lhe o companheiro ! fugira o Soldado Ambrosio de Araújo! Vinha, pois, fazer presente a sua “impossibilidade de seguir viagem” e por "correr risco de sua
vida em poder dos indiós e do gentio que continhão os caminhos do sertão.” Tinha, aliás, ordens expressas do administrador para ir em companhia de Vieira e de Araújo e julgava-se, á vista da deserção do soldado escusado de tal cumprimento d; instrucções. Mas a Camara o intimou “da parte de sua alteza, que Deus ;esse a dita jornada visto estar no serviço real”. [Página 205]
Na Amazônia, o projeto catequético era visto inicialmente com bons olhos pela Coroa, porque atendia aos propósitos desta de prospecção territorial e de aculturação do elemento nativo, tanto que o Alvará Régio, de 30 de novembro de 1681, “formalizou o uso da língua geral na tentativa forma de facilitar a catequese e a instrução do gentio para o trabalho”, relata Lessa (2005). "Mais tarde, a Carta Régia de 30 de novembro de 1689, determinou que os missionários deviam ensiná-lo [o Nheengatu] não apenas aos índios, mas também aos próprios filhos dos portugueses”, escreve José Bessa Freire (1983).