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2024
André João Antonil (1649-1716)
1711
1826
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“Cultura e opulência do Brasil por suas drogas e minas”: confiscada e destruída a edição
08/11/1711
2 fontes

1° fonte: Antonil
O editor ao público

O defunto Conselheiro Diogo de Toledo Lara e Ordonhes possuía um livro, que estimava tanto, que não o tinha entre os outros na sua estante, mas sim na gaveta pequena de uma comoda. Pediu-lhe muitas vezes, que o desse á biblioteca, hoje publica, ao que nunca se pode resolver mesmo dando outros, era tanto a estimação em que o tinha. Procurou-se o livro pois desde o começo do ao de trinta, algum tempo depois da morte do mesmo conselheiro, e não se descobrindo no Rio de Janeiro recorreu-se a seu irmão, e herdeiro, o General Arronches em São Paulo, o qual contestou que não lhe havia sido remetido. [Página 11 do pdf]

Há três anos pois que, segundo ordens, se fizeram pesquisas em Lisboa, aonde em fins do ano passado se encontrou um exemplar, declarando possuidor, que não venderia por cem mil cruzados, tal é a estimação, em que o tem! Mas como homem generoso permitiu que se copiasse.

No mesmo tempo destas pesquisas em Lisboa, escreveu ao Porto ao celebrado sábio antiquário português João Pedro Ribeiro, o qual depois de várias contestações asseverando o mal resultado das suas indagações, por fim escreveu, e a sua carta chegou com o manuscrito, declarando o nome de quatro pessoas, que possuíam exemplares, e entre eles o nome de um major, há pouco chegado ali do Rio de Janeiro; quem sabe se não é o do defunto conselheiro! Acrescentando que por sete mil e duzentos réis talvez se obteria um exemplar, e que o livro fora proibido no tempo de El-Rei D. João V pelo governo português.

Este livro é pois a Cultura e Riqueza do Brasil, etc. etc. etc., no ano de 1711. Do título inferirão os leitores quanto ele é útil a todos os estudiosos de economia política, e em geral a todos os Brasileiros, que ali acharão a certeza de que o seu abençoado país já então era a mais rica parte da América em quanto a procutos rurais.

É este raríssimo e interessante livro que se reimprime, contentando-se o editor com a glória, que lhe toca, de quase ressuscitar uma joia tão preciosa. Rio de Janeiro, 1 de agosto de 1837.



2° fonte: Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Volume V (1899-1900), 1901
E possível que a forma Sabaravaassú seja lapso de pena de quem escreveu a provisão de 3 de janeiro, mas isto parece pouco provável visto que em outros documentos de Arthur de Sá a serra lendária vem designada com o seu nome proposto de Sabarábussú. O nome Itaverava - serra resplandescente - estava muito em moda entre os exploradores paulistas deste tempo, que empregavam correntemente a Língua Geral e a nenhuma feição topográfica pode ser aplicado com mais propriedade do que ao grande massivo de minério de ferro que domina todo o horizonte desta parte do vale do rio das Velhas e que é atualmente conhecido pelo nome de "Serra da Piedade". O mais provável é que o nome fosse dado na forma de Itaverava-assú e sem referência á serra da legenda e que depois por uma natural associação de idéias passasse para Sabarábussú.

Até aí não temos nenhuma referência ao nome de Sabará como designação do arraial ou do distrito, que parece ter sido introduzido depois. A obra de Antonil, intitulada "Cultura e Opulência do Brasil", publicada em Lisboa em 1711, faz diversas referências as minas do rio das Velhas e ao "arraial do Borba", mas uma só á serra de Sabarábussú, na seguinte nota sobre as referidas minas:

"Além das minas gerais de cataguás, descobriram-se outras por outros paulistas no rio que chama das Velhas; e ficam, como dizem, na altura de Porto Seguro e de Santa Cruz. E estas são as do Ribeiro do Campo, descoberta pelo sargento-mór Domingos Rodrigues da Fonseca; e a do Ribeirão da Roça dos Penteados; a de N. S. do Cabo, da qual foi descobridor o mesmo sargento mór Domingos Rodrigues da Fonseca; a de N. S. de Monte-Serrate; a do ribeirão do Ajudante; e a principal do rio das Velhas e a do serro de Seborabuçú, descoberta pelo tenente Manuel Borba Gato, paulista, que foi o primeiro que se apoderou dela e do seu território".

Os nomes mencionados nesta nota e na carta de sesmaria só podem ser identificados por quem tem conhecimentos mais minuciosos da geografia da região do que os que se obtém pelo estudo dos mapas existentes. É certo, porém, que poucos anos depois da volta de Borba Gato para a região, o nome de Sabarábussú tinha sido introduzido, mas que tão pouca significação se ligava e ele que logo ficou abreviado em "Sabará", que assim mesmo só se conservou para o rio em cuja foz foi situado o arraial.

No termo de 17 de julho de 1711, elevando o arraial a vila com o nome oficial de Vila Real de N. S. da Conceição, o sítio é descrito como sendo "neste Arraial a Barra de Sabará". Por seu lado a serra ficou, em data que não se pode o momento determinar, recrismada com o de "Piedade", que ainda conserva. Numa descrição de um mapa da Capitania de Minas, que apresentei há tempos a este Instituto e que saiu publicada no segundo volume de sua Revista e que parece ter sido escrito entre 1717 e 1721, o nome Sabará só aparece com aplicação ao rio, sendo, porém, mencionado um Riacho da Prata, que talvez recorde a suposta descoberta de Borba Gato com a sua prata dourada.






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