outras regiões – em particular o Sul. A partir daí a Vila prosperou com os serviços oferecidos aos tropeiros, como hospedagem e aluguel de pasto para os animais da tropa (principalmente mulas). Mais do que isso, tornou-se um importante centro de comercialização de animais de carga e arrecadação de impostos sobre este comércio e sobre o próprio trânsito das tropas.Em 1750, foi criado o Registro de Animais de Sorocaba, que centralizava essa cobrança. A arrecadação era transferida a particulares, mediante um leilão de tais direitos (como eram chamados os impostos nessa época). Em Sorocaba, como no resto da capitania paulista, os maiores arrecadadores eram os donos das maiores fortunas. Essas pessoas juntavam sua riqueza através dos impostos que cobravam em nome da Coroa e do comércio.Todo esse movimento – como observa a aluna de graduação – leva a um impulso decrescimento de Sorocaba, através do aumento de pedidos de “datas” de terra urbana. Em seu trabalho de Iniciação Científica, intitulado Configuração espacial de Sorocaba: povoado em 1654, vila em 1661 e cidade em 1842, a graduanda estuda esse processo de expansão urbana manifesto no Maço de População de 1783. Ele revela um retrato bastante aproximado de Sorocaba, sua urbanização e sua economia à época.
Segundo o documento, naquele ano já havia 111 fogos (domicílios) e 779 habitantes somente no núcleo urbano na Vila. Um total de 24 famílias abrigavam hóspedes – já que a qualquer momento havia muitos viajantes, em geral tropeiros, de passagem. Entre os recenseados é possível distinguir quais são as pessoas abastadas da Vila: aquelas que têm mais escravos. Por exemplo, o morador mais rico de Sorocaba em 1783 era João de Almeida Leite, que possuía 44 escravos. Outro morador importante era o Capitão Raphael Tobias de Aguiar, que atuava como negociante de mercadorias e de tropas da Vila, e tinha 23 escravos.
Seu filho, Antônio Francisco de Aguiar, era contratador do Novo Imposto e da Contribuição sobre Garapuava, duas taxas cobradas sobre a passagem dos animais. Um dos netos do Capitão foi o Brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar, presidente da Província em dois mandatos e líder da Revolução Liberal de 1842.Fora do Arquivo, outra documentação consultada por Mariana foi a da Décima Urbana,primeiro imposto predial estabelecido no Brasil. Em Sorocaba, esse imposto começou a sercobrado em 1842. O cruzamento dos dados das pessoas recenseadas nos Maços de Populaçãocom os fogos arrolados na Décima Urbana permite localizar quais eram os locais maisimportantes e movimentados nesses meados do século, e onde moravam os sorocabanosmais abastados. Por exemplo, em 1843, na Rua da Penha, uma das mais tradicionais da cidade,havia 59 fogos. Algumas pessoas possuíam mais de um fogo nessa rua. Isso indica a presençade pessoas abastadas no local; de fato, alguns dos imóveis pertenciam aos herdeiros de umCapitão-Mor da vila. Outra proprietária importante era a igreja. Duas instituições religiosas,a Irmandade das Almas e o Mosteiro São Bento, também alugavam casas na Rua da Penha.A configuração urbana da época, portanto, refletia hierarquias sociais e financeiras, que devem ser levadas em conta no estudo e cuidado do seu patrimônio histórico.
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!