Um dos achados de Doratioto que indicam que a Grã-Bretanha não queria uma guerra na América do Sul é uma carta do diplomata Edward Thornton, então o embaixador britânico na Argentina e no Paraguai — baseado em Buenos Aires, já que Assunção não contava com este posto.
Dirigindo-se ao chanceler paraguaio José Berges, o inglês escreveu que "a Inglaterra também está em atritos com o Brasil" e que "particularmente sim, se puder servir, no mínimo que seja, para contribuir para a reconciliação dos dois países [Paraguai e Brasil], espero que Vossa Excelência não hesite em me utilizar".
A carta é datada de 7 de dezembro de 1864, cinco dias antes da declaração de guerra emitida pelo governo paraguaio.
Um dos principais pontos da historiografia revisionista é dizer que a prova do interesse e do envolvimento inglês seria o fato de que houve financiamento da potência europeia nas campanhas brasileira e argentina que acabariam dizimando metade do Paraguai.
De fato, esses empréstimos ocorreram. Mas Doratioto tem argumentos para contextualizar esse fato. "A lógica do capital não tem nacionalidade nem patriotismo. O capital está em busca de remuneração e garantia", pontua. "Banqueiros ingleses emprestaram para o Brasil e para a Argentina, claro. Vão emprestar para o Paraguai, um país isolado no interior do continente, sem acesso ao mercado externo, sem ouro e fazendo guerra contra três países por iniciativa própria?"
Ele ainda lembra que esse financiamento inglês nem foi tão representativo como se imagina para o lado brasileiro da guerra. Segundo o historiador, cerca de 12% das despesas de guerra do Brasil foram bancadas com empréstimos estrangeiros, apenas.