1882

Relatório da Comp. Sorocabana

Atualizado em 14/09/2025 21:34:02

• Temas (2)Dinheiro$Estrada de Ferro Sorocabana

verificação, declarando que não pagaria juros áquelles que não estivessem devidamente authenticados.Como era de esperar, os Srs. possuidores, deram-se pressa emattender a este convite, que era todo feito no intuito de revestiros Debentures da Companhia, de mais uma formalidade, aliás necessária para dissipar a má impressão causada pela noticia que se espalhara.Assim, pois, foram apresentados á Companhia 19.990 Debenturesde 100$000 com os respectivos coupons, tendo apenas, apparecido entre elles 4 com números em duplicata sendo 3884, 12.334, 14.563,14 584, o que se pôde attribuir a um simples engano no acto de seremnumerados os debentures; não devendo portanto essa circumstanciainvalidar os titules em duplicata, visto como são reconhecidamente legitimes e verdadeiros.Cunjunctamente com esses Debentures foram também apresentados á verificação em Julho de 1880, 162 Debentures primitivos,isto é sem coupon de juros, por pessoas acima de toda a suspeitaque allegaram terem-nos recebido do Banco allemão em ajuste decontas.A´ vista, porem da declaração feita pela ex-administração daCompanhia no seu relatório, apresentado à Assemblóa Geral em 14de Setembro de 1879, de que esses titules primitivos haviam sidosubstituidos pelos actuaes, não podia a Directoria admittil-os á verificação, porque, para ella, não tinham valor algum.Alem d´esses titules outros do mesmo typo´, e em quantidade avultada, foram offerecidos na bolsa, sendo por isso a Directoria obrigadaa fazer as devidas declarações pelos Jornaes para evitar as transacções.E cousa notável, a offerta desses titules coincidiu com a publicaçãodo aviso de 13 de Novembro de 1880, que poz termo ás questões suscitadas por Luiz Matheus Maylasky !Mas, em virtude do annuncio publicado nas folhas diárias, essestitules desappareceram como por encanto da bolsa, sendo que nãopoucas foram as tentativas e esforços empregados, com o intuito deilludir a quem commercia em boa fé.Como vos disse, a somma dos Debentures de Rs. 100$000, comcoupons, apresentada á Directoria e que por ella foi authenticada éde 19.990.Ora havendo sido a emissão autorisada de 20.000 como prova o[p. 17]

Mas cumpre considerar que n´essa quantidade estão incluídos não só os 3.700 Debentures que foram depositados por Luiz Matheus Maylasky & Ribeiro, como Presidente da Companhia, na casa comercial de Maylasky & Ribeiro, da qual ele era sócio solidário e gerente para garantir operações de crédito nos termos da carta abaixo que ele dirigiu a sí mesmo aludindo a convenções verbaes! como também 1.788 que foram escriturados em 31 de dezembro de 1878 com destino á liquidação das dívidas da Companhia por letras, fazendo-se desde logo os necessários lançamentos para se saldar esta conta.

Mas como os 3.700 foram alienados pela casa de Maylasky &Ribeiro, sem que tive-se autorisação para o fazer, e os 1.78^0 foramtambém pela ex-administração, em seu proveito próprio, simulandolançamentos na escripta da Companhia, o total dos üebentures emcirculação pertencentes a terceiros é de 15 570.Por esta exposição comprehendeis Srs. accionistas, que nãopouco teve a Directoria de pesquizar para poder organizar a contados Debentures, que por qualquer lado que se a considere foi fatalmente ruinosa aos vossos interesses.E se é este o conceito da actual Directoria, com relação aosDebentures de 100$000, melhor não é a respeito dos de £. 50, cujascondições parece impossível como fossem aceitas, tanto mais quandonão se tratava de um empréstimo novo, mas de liquidar dividas com oextincto Banco Allemão, contrahidas em moeda brazileira !Concluindo, pois, a Directoria torna bem claro que sendo aemissão dos Debentures com coupons 20 000, todos os primitivos queestiverem em circulação, não tem valor algum para a Companhia,como se infere dos avisos feitos pela ex-aJministração, que os deu porsubstituídos.Eis a carta a que a Directoria se referiu ; S. Paulo, 29 de Janeiro de 1880.Illms. Srs. Maylasky & Ribeiro Amigos e St3nhores —De conformidade com o verbalmente combinado e pelos motivos jà conhecidos fica sem effeito a emissão de1.500 Debentures de 100$000, que VV. SS. effectuaram condicionalmente, em data de 5 de Dezembro do anno próximo passado, ser-vindo-se fazer os respectivos lançamentos, continuando em poder deVV. SS. os referidos Debentures e mais 2.200 para garantia deoperações de credito que e ta Directoria terá de fazer. »Sou, com estima e consideraçãoDe VV. SS.Amigo, Obrigado e CriadoLuiz Malheus Maylasky.Presidente da Companhia Sorocabana.ObrasAs effectuadas pela Directoria, com o prolongamento da linhaconstam do seguinte quadro ;Conclusão do de Bacaetava 99.506$386Construcção do de Boituva e Ramal do Tietê. . . . 456.564$68õExploração do prolongamento para Botucatú. . . . 8.5õ2$6s0Rs. . . 564.{J23$751Para acudir, porem, a esta despeza, aliás indispensável, porque,como a Directoria já vos disse, e ficou demonstrado, é do prolongamento da linha que ha de vir a prosperidade da nossa Companhia, foinecessário recorrer ao credito, porquanto os meios de que ella dispõesobre serem escasso-;, ainda mais se reduzem pelos deficits da linha emtrafego não garantida, os quaes só poderão desapparecer, quando estiver aberta a estação do Tietê, reconhecidamente imporiante.Assim, pois, a Directoria pôde obter do Banco Coromercial doRio de Janeiro um empréstimo em conta corrente que, como vereis doBalanço ultimo, montou á somma de Rs 372:021$200 de capital ejuros, e também o auxilio de Rs. 101:867$125, do Presidente daCompanhiaCumpre considerar que no custo do prolongamento de Boituva,está não só incluído o que se despendeu atê 30 de Junho próximo passado com o ramal do Tietê, como também H construcção da ponte sobreo rio Sorocalia, pouco além da estação de Bacaetava.Esta ponte, construída stb pl^no e direcçAo do Dr. HenriqueHargreaves, mele 40 metros de\omprimenU), e fa/, honra á industrianacional, não só pela sia elegância, como pela segura&ça que offerece.Junto aos annexosencontrareis o Relatório do Sr. Inspector Gerale mais documentos concernentes ao movimento da Companhia. [p. 22, 23]