1° fonte: Temporalidades - Revista de História 04.2019
O editorial do Jornal Mineiro (24 out. 1897, p. 1) reafirmava as crenças no potencial econômico de Ouro Preto, dizendo que ela tinha elementos para prosperar e que a sua riqueza era admirada e desejada pelo mundo inteiro. Depositava esperanças de que o “tesouro mineiro” atrairia uma grande população e seria o centro de grandes indústrias.
Tomando o Itacolomi como a paisagem da cidade e por estar inserido na porção mineirade maior ocorrência de camadas auríferas e de minério de ferro, os antimudancistas anunciaram que seria a partir dele que os capitais estrangeiros afluiriam para o estado e trariam glórias para Minas Gerais.
Nas palavras de um deles, o literato José Palmella,
[...] a cidade de Ouro Preto renasce e se desperta do seu profundo leito de ferro, e mármore para apresentar-se ao mundo, que a supunha já morta, com a sua fronte cingida de brilhantes, [...] abaixo do Gigantesco Itacolomy, [...] que parecia, naquela imponente elevação, aplaudir e alegrar-se por esta festa industrial, que simboliza mais um triunfo, mais um brilhante hino em homenagem ao grande soberano do mundo civilizado – O Progresso; [...] e apontado com a sua mão altaneira aos estrangeiros, que desejarem tomar assento em suas frescas montanhas, dizendo-lhes: Eis aí as ricas minas de ouro, ferro, mármore, etc.EXPLORAI E ENRIQUECEI, TRANSFORMAI E CIVILIZAI. Subi, subi para o zimbório da luz da liberdade e do progresso. (PALMELLA, 19 dez. 1891, p. 4; 29 dez. 1891, p. 2; 13 jan. 1892, p. 3 e 4).
Com essas colocações, o literato retomou a indicação do Pico como uma referência geográfica para a região por onde o desenvolvimento avançaria, transformando-o num “emblema orográfico” das riquezas. As crônicas coloniais sobre os descobrimentos das minas assinalam diversos picos que foram observados pelos bandeirantes para localizar os vales e serras auríferas, como Itatiaiaçu, Itacolomi, Itabirito, Itabira, etc.