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São Filipe
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Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, volume XXXV*
01/12/193802/09/2025 04:48:02

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f) PAULA MACIEL, casada entre os ancs de 1607 e1612 com ALVARO NETO, o moço (Int, v. HI, p. 131;Actas, v. HI, p. 128; etc.).

E) GASPAR MACIEL ARANHA, na dúvida. Em 1623, com a declarada qualidade de “irmão”, foi fiador da viuva Ana, Maciel no inventario de Jorge de Barros. Mas é possivel que fosse primo. O seu nome aparece des-de 1615, ano em que fez matrícula de carijós (Reg. v. VII, p. 147). Foi almotacel em 1627 e juiz ordinario em 1631. Esteve na bandeira de Raposo em 1636 e figurou em diversos atos na vila até o ano de 1642. Após longo eclipse, em que suponho tivesse passado a morar fora de SãoPaulo, o seu nome reaparece nas atas, como de homem da governança, em 1661 e 1664. Foi casado com ANA DE OLIVEIRA (Inv, v. II, p. 307), a qual em 1614 tinha somente 2 anos de idade (id. id., p. 289). Silva Leme viu estes inventatios e anotou 0 casamento em título Hortas,porém não descobriu a filiação de Gaspar.

Um exame cuidadoso da lista de filhos identificados de João Maciel, que, deixando ainda de lado a suposta mulher de Antonio Antunes, foram 5 mencionados por Pedro Taques, 4 acrescidos pelas pesquisas de Silva Leme, e 2 pelas minhas, deixa patente o erro em que incidiu o linhagista, por ter deixado de empreender investigações no sentido de averiguar quanta verdade havia numa tradição de familia a que deu inteiro crédito e que fielmente reproduziu. Não somente a 6.4 avó dos seus filhos, como os 10 irmãos da mesma que foram descritos, nasceram, todos, absolutamente todos, não em Portugal, antes da vinda de João Maciel para o Brasil, mas depois de 1570, e, portanto, na capitania, em S. Paulo.

A admitir-se que João Maciel tenha vindo do reino comfilhos, estes teriam sido outros, que ainda não foi possivel iden-tificar.

Já emiti em publicação anterior a hipótese de terem sido seus irmãos ou sobrinhos MELCHIOR MACIEL ARANHA, casado antes de 1600, morador na Baía, onde teve geração, e GASPAR ARANHA, morador no Rio de Janeiro em 1603 e [p. 44.]

Os povoadores, estes, dividiram-se: a maior parte deve ter voltado para São Paulo; poucos se deixaram ficar junto ao engenho de ferro, nas Furnas, e outros se aglomeraram no Itapebuçú (pedra chata grande), que se corrompeu em Itavovú, arraial, ainda hoje existente à beira do Sorocaba.

b) Itavovú

Um dos dois povoados, o de Ipanema e o de Itavovú, ou então ambos, se chamaram São Filipe. Sempre lemos nos historiadores, aliás sem documento escrito, mas baseado na tradição, que o Itavovú atual é o São Filipe, fundado de 1600 a 1611. A conclusão muito simples é que o próprio governador mudou o local de sua gente e o chamou de São Filipe em honra do seu real senhor. Esta mudança, em vida do nosso fundador, ou mesmo depois, só tem uma explicação: ele ou os seus companheiros, ou todos eles, desistiram de uma riqueza imediata das minas, para cuidarem da agricultura, porquanto é impossível, ainda hoje, morar no Itavovú e ir a pé trabalhar no Ipanema, mais de uma légua. E, todavia, não será mais razoável pensar que a mudança foi, depois de 1611, sponte sua dos povoadores? Quanto ao nome, poderiam levá-lo consigo, pois nada impede que na 2a. viagem, entusiasmados com os favores de Felipe II, trouxessem a ideia de mudar o nome do povoado das Furnas. Nós, porém, para libertar-nos de tantas hipóteses, conservaremos uma, que é verdadeira em grande parte, chamando de Nossa Senhora do Monte Serrate à povoação logo extinta do Ipanema, e de São Filipe, à do Itavovú.

João de Laet esteve no Brasil em 1596, segundo Varnhagen, e certamente antes de 1625, quando imprimiu O Novo Mundo ou Descrição das Indias Ocidentais, do qual dois livros pertencem 2 coisas do Brasil, e, nestes, dois capítulos à capitania de São Vicente.

Diz ele que havia ferro e também ouro, em Biraçoiaba montanha onde "os portugueses construíram presentemente uma vila denominada São Felipe, mas que não tem muita importância", a sudoeste de São Paulo. A 30 léguas da capital e quase às margens do rio Tietê, põe o autor esta vila, e chama Nossa Senhora de Monte Serrate outras minas, a 12 léguas da capital! A cinco léguas, no caminho desta a Bessucaba, havia uma fazenda de açúcar e marmelos: com ambos se faziam marmeladas...

Em conclusão: no Ipanema ou no Itavovú existiu deveras a vila de São Filipe, e já havia estrada de Piratininga para Sorocaba. O resto é embrulho de leituras apressadas; o homem não chegou até aqui. [p. 136]

Despedimo-nos, aquí, do grande benfeitor de Sorocaba, doseu primeiro carregador de povos, desse nobre aventureiro por-tuguês e cristão, digno representante do seu século.

O Itavovú vegetou de 1611 a 1661. À historia emudece aseu respeito. Nunca foi vila nem paroquia. Tudo leva a crer quenenhuma das duas povoações de Dom Francisco tivesse verea-dores. Vigarios, nem se fala. O pelourinho, pois, foi apenas ocompanheiro temeroso de um governador-geral, um símbolo desua autoridade.

Por isso, não é bem uma mudança de pelourinho que seefetua em 1661. E! à criação de uma vila de Sorocaba, indepen-dente das outras duas. E´ a elevação oficial a vila de um povoa-do que existia desde 1645, com a consequencia infalivel de apres-sar, numa terceira transmigração, a vinda dos últimos povoa-dores do Itavovú, que em 1700 e poucos é uma simples fazendaonde mora o parnaibano Luiz Castanho de Almeida, neto dohomônimo explorador de Goiaz.

Ruinas do Itavovú, existem apenas uns vestígios de taipasé paliçadas, alem dá ponte, e quasi uma legua mais longe, da bau-da de Porto Feliz. Chamam ainda os caipiras, a este bairro, dosQuartéis. Seria, acaso, uma defesa contra os selvagens, no seioda mata virgem, que aí começava e seguia os vales do Sorocabaé Tietê, Nos 1700 e poucos havia um “gentio do rio abaixo”,cujos batizados se registravam com essa procedencia, no meiode outros. muitos de quem se declara´ administrados da casa deFulano. Seriam habitantes quasi livres, velhos donos desses lu-gares, ou, mais provavelmente, escravos de um senhor que não.se designa. (2)

(2) Foi durante à vida efêmera de São Filipe que os tacões dasbotas dos bandeirantes bateram nestes campos, vindos de São Paulopara o Guairá, cujas reduções arrasaram. À historia desses temposestá hoje completa, graças aos informes obtidos pelo ilustre dr. Afonso de Taunay nos arquivos de Espanha. Por aquí transitou o gadohumano trazido através das matas, pelo caminho primitivo do Peadirá, milhares de pobres guaranis acompanhados pelos heróicos padres Mazzetta e Mansilla que iam a Madrid e a Roma chorar osmales de suas ovelhas c solicitar remedios.

Estes escravos é que em parte foram os fundadores humildes deSorocaba, ficando nas fazendas e sesmarias da redondera, socando asprimeiras taipas, aumentando a população entre si e, aquí tambem,servindo à sensualidade de brancos e mamelucos. Em 1628 acabavao Guairá e os bandeirantes continuaram a perseguir jesuítas eGuaranís no sul de Mato-Grosso e no Rio Grande do Sul Ado ouro de Cuiabá, em 1718: e

caça ao indio cedeu à ambiçá [p. 137]

nupcias, teve Baltasar, de Isabel de Proença, filha de João deAbreu e de Isabel de Proença, mais 9 filhas e três filhos.

Potencia de Abreu foi casada com Manuel Bicudo Bezarano, em cuja fazenda de Apoterobí, hoje Apotribú, distrito então de Parnaiba, foi em 1660 passada a doação da igreja deNossa Senhora da Ponte e terras aos beneditinos; são os pais deIsabel, mulher de João Sutil, irmão de Miguel SutiI de Oliveira.Mariana casou com Diogo do Rego Mendonça.Cecilia de Abreu foi mulher de seu tio André de Zuniga yLeon, filho de Gabriel Ponce de Leon e Maria de Torales.

Verônica casou-se com Bartolomeu de Zuniga y Leon, irmão do precedente. Os filhos Manuel e Luiz mudaram-se paraItú. O primeiro é o pai de Antonio Fernandes de Abreu, a vitima dos irmãos Leme ; o segundo é um dos ascendentes de DomJosé de Camargo Barros, bispo de São Paulo. O último filhodeixou terras em Sorocaba, por sua morte em 1655, a dois filh~s. A geração dos outros interessa menos ao nosso intento.Aparecem mais, nos livros antigos da paroquia, os dois genrosAndré e Bartolomeu, bem como o segundo Gabriel Ponce deLeon. Mahuel, porem, nos primeiros tempos, foi dono de casasde taipa, que construiu no centro da vila. Baltasar era dono demuita escravaria, a riqueza do tempo, indios carijós já batizados, provindos das reduções jesuíticas. Plantavam a mandioca.o milho, o algodão, o trigo e a vinha. Criavam gado vacum. Suacasa, um grande rancho feito de taipa e certamente coberto detelha, devia de morar mais ou menos na altura de São Bentoatual. Podemos fantasiar o nosso fundador, no meio da campina, olhando a leste a serra de São Francisco, a oeste o Ipinema.ambos cobertos de matas, e, à sua frente, campos e cerradosonde o mano Domingos estava fundando a vila do Outú e, umpouco à direita, adivinhando-a através da mata impenetravel, aterra natal: Parnaiba.

Estava-se em 1650 e tantos. Com o sossego e o vagar dasobras duradouras, vieram vindo outros habitantes do Ipanema,do Itavovú e de alhures, congregando-se em volta do poderososenhor, em pobres casinhas de palha.

A ponte, lá embaixo, era um esforço notavel, naturalmenteiniciativa dele. Uma picada subia ao campo da Boa Vista, descia entre a atual Aparecida e Brigadeiro Tobias, afundava-se noMato Dentro, deixava à direita São Roque, entrava no terrenode Bezarano, em Apotubú, e surgia em Parnaiba. Muitos anos[p. 139]

depois, seria esta a estrada geral para São Paulo, evitando os pontos mais altos de São Francisco e de São João.

A capelinha, onde se reuniam fundador e moradores, já não bastava mais. Então, certo com a mira num projeto muito ele- vado, quasi um sonho, localiza a igreja de Nossa Senhora, com o tamanho atual de São Bento, frente para o nascer do sol, no ponto que ele julgava seria sempre o mais alto da povoação. Terra vermelha para a taipa estava quasi à mão. Os carijós levantavam o grande soquete de cabreuva. Pum! Pum! Subian as paredes. Dos matos próximos, traziam as madeiras de lei.

A igreja ia se aprontando devagarinho. Estava coberta, sem forro e sem soalho. Fizeram-lhe um retábulo decente. A ima- gem de Nossa Senhora, pequenina, acompanhava-o sempre. De- via de ter um menino nos braços. Mas, qual seria o título litúrgico? Talvez nem o soubesse o humilde artífice que a fizera. E lá está, no altar novo, a imagem da Virgem. Os raros sitiantes da redondeza vêm alí rezar o terço, ou talvez ouvir uma missa do vigario de Parnaiba, sobrinho do fazendeiro. Vão admirar a ponte, o rio. Voltam para as roças: tinham estado na igreja de Nossa Senhora da Ponte. Assim nasce um orago.

E no dia 21 de abril de 1660, após as negociações e vaivens de tais negocios, estavam reunidos no Apotubú, em casa de Manuel Bicudo Bezarano, o seu sogro, já velho, Baltasar Fer- nandes, Claudio Furquim, Jacinto Moreira, André de Zuniga, e mais o vigario parnaibano Francisco Fernandes de Oliveira e os reverendos monges beneditinos da residencia e convento de Parnaiba o presidente frei Tomé Batista e frei Anselmo da Anunciação. O tabelião Antonio Rodrigues de Matos, aparando com solenidade a pena de pato, começou a escrever no livro proprio:

Saibam todos quantos este público instrumento de doação virem... etc. na paragem chamada Apoterobí, termo da vila de Santana de Parnaiba, da capitania de São Vicente, partes do Brasil, etc. Em resumo, os beneditinos recebiam de Baltasar Fernandes, para todo o sempre, a igreja de Nossa Senhora da Ponte, com toda a sua fábrica, toda a terça que lhe cabia, por sua morte, em terras e escravos, doze peças do gentio da terra por conta da dita terça, um moço gentio para a sacristia e uma moça india para a cozinha. "E outrosim lhes dava dose vacôas e um touro."

Nomeava especialmente, na terça, o seu moinho e a vinha, como quem diz: não faltará hostia nem vinho para o santo sacrificio. Em troca, comprometiam-se a levantar, por sua conta, dormitorio com quatro celas, despensa, cozinha e refeitorio, a assistirem na igreja, rezando pelo fundador, 12 missas anuais, alem da festividade de Nossa Senhora da Ponte.

E, desde já, cabia aos padres, para o seu sustento, unia roça onde se estava plantando mandioca, com os limites do rio, do convento e das fazendas de Braz Esteves e Diogo do Rego e Mendonça (outro genro do povoador). E, como o escrivão ganhasse pelo trabalho, dobrou-o em tamanho com as fórmulas cumpridas do costume.

Todos ouviram em silencio a leitura da doação. E assinaram os clérigos com toda a facilidade, os leigos com o vagar e o escrúpulo de mãos habituadas a outros misteres. Depois, o escrivão deitou o pó de areia nas últimas linhas. Talvez só houvesse a areia da parede. O certo é que estes nomes ficaram gravados em versais douro na historia de Sorocaba.

Em plena renascença, a Ordem de São Bento ressurgia aquem do Oceano, com as glorias de civilizadora, que sempre tinha sido da Europa. Belos caminhos segue a Providencia!

IIA IGREJA MATRIZ DE SOROCABAa) IntroduçãoAs páginas que seguem tem sua relativa importancia para a historia regional religiosa, e não foram obtidas só com a co- pia do Livro de Tombo, mas com as referencias ocasionais de outros livros, de óbitos, da fábrica, etc.Em 1918, construiu-se uma grande e bela matriz, sob a direção técnica do padre Luiz Sicluna e graças aos ingentes esforços do então cônego Domingos Magaldi, vigario da paro- quia. Ainda assim, ficou a majestosa frente com a torre do tem- po de Dom João VI. Em 1924, criou-se o bispado de Sorocaba: a 4 de julho, foi a eleição do 1.° Bispo, atualmente em exercicio, o Exmo. e Revdmo. Sr. Dom José Carlos de Aguirre, que se sa- grou a 8 de dezembro em Bragança, sua ex-paroquia, e veio to- mar posse, a 31 do mesmo mês e ano, de sua Catedral. Por ser historia recente e andarem impressas nos livros e jornais, tanto como no coração dos fiéis as suas principais e gloriosas fases, fazemos apenas a narração das matrizes de 1661-1918.[p. 140, 141]

b) A primeira Igreja Matriz (1661-1667)

Cem anos durou a primeira igreja de Sorocaba, começada cerca de 1661 pelos moradores chefiados pelos filhos, genros e parentes de Balthazar Fernandes. Estes fizeram as duas igrejas: a de Nossa Senhora da Ponte, que ficou pertencendo a São Bento em 21 de abril de 1660, e a matriz para a qual se mudou a mesma Senhora, e que, em 1667, segundo o documento da Câmara, de que tiramos estes informes, estava pronta, pelo menos coberta.

A paróquia só foi provida, efetivamente, em 1679, data onde principiam os livros de batizados e casamentos. Em 1747, o vigário encomendado Pedro Domingos Pais, distinto sorocabano, resumiu para o Exmo. e Revdmo. Sr. Dom Bernardo Nogueira, 1° Bispo de São Paulo, o estado da igreja e paróquia:

"A igreja matriz desta freguesia é da invocação de Nossa Senhora da Ponte, tem dois altares laterais e a capela-mór na qual se acha colocada a imagem de Nossa Senhora da Ponte em um nicho; nos colaterais se acha da parte do Evangelho colocada a imagem de Nossa Senhora do Rosário, e da parte da Epístola está colocada a imagem de São Miguel, cujos altares estão encostados ao frontispício do arco da capela-mór da banda de fora; tema capela-mór retábulo de talha dourada, com seu camarim e tribuna também dourada, e onde se expõe nas festas o S. S. Sacramento; tem sacrário também dourado e a capela-mór é forrada pelo teto somente. A igreja é feita de taipa de pilão sem naves, cujo corpo não está forrado nem estradado e somente ladrilhado de tijolos. Os altares colaterais tem seus retábulos pequenos, com seus nichos dourados. Tem sacristia por detrás da capela-mór, assoalhada por cima. A igreja tem uma lâmpada de latão grande e bem feita, na qual sempre se conserva lume, porque se conserva todo o ano o Santíssimo Sacramento. Tem três sinos, um de seis arrobas, outro de três e outro de arroba e meia pouco mais ou menos... Tem pia batismal de pedra..."

O padre Domingues era bem conciso, não há dúvida. Temos, pois, na capela-mor, o retábulo dourado, um sacrario, umamesa de altar, que não existem mais, em arquitetura simples. Umcamarim para exposição do Santíssimo: é o conhecido trono demuitos degraus, que conhecemos as velha´s igrejas, avançandosobre o orago retábulo a dentro, e onde se acendiam dezenas de
[p. 142]

Onde mandou fazer Baltasar Fernandes a primeira ima-gem de Nossa Senhora da Ponte? Em Parnaiba ou São Paulo?Ou veio feita da Baía ou do Porto?

Inclinamo-nos à crer que qualquer santeiro vulgar fez acabeça, mãos e pés da imagem, e o Menino, o resto, o manto azulmarchetado de estrelas, se incumbia de simplificar, De fato, nadatem de artístico a imagem de roca que foi colocada no Consis-torio da Irmandade do Santíssimo, num oratorio à esquerda ecom os fundos para o muro da capela-mor, c aí ficou até 1918.

O bom povo sorocabano, porem, era cioso de sua velha pa-droeira. Às quintas-feiras, logo após a missa que sempre haviado Santíssimo, recordação dos portugueses, embora o Senhorestivesse no altar-mor, os assistentes não se esqueciam de dar avolta (não havia porta lateral direta) e visitar N.º S. da Pon-tee o Senhor-Morto do Consistorio.

Chamou-se igreja de Nossa Senhora da Ponte a que hojese diz de São Bento, e dedicada a Santana. Já estava pelo menoscoberta e já tinha o título de Senhora da Ponte, quando, a 21de abril de 1660, o capitão fundador Baltasar Fernandes a en-tregou com patrimonio aos beneditinos de Parnaiba, por escri-tura passada em Apoterobi, fazenda de Manuel Bicudo Beza-rano é com a condição de 13 missas anuais (12 por alma do doa-dor e 1 em honra da Senhora da Ponte) e de construirem oMosteiro,

Depressa os padres aceitaram a oferta. Imediatamente veioFrei Anselmo da Anunciação receber tudo e levantar o conven-to. De tanta sorte estava o povoador que, já a 3 de março se-guinte, de 1661, apenas com 30 casais esparsos colina abaixo, ogovernador do Rio, então em São Paulo, Salvador Correia deSá e Benevides, ihe erigia em vila o povoado. Incumbia-lhe, pois,fundar a casa da Câmara e Cadeia e... matriz, porquanto osbeneditinos, ordem isenta, não podiam ser párocos.

Mãos à obra! Ele, seus filhos, genros, amigos e escravos“começaram a nova matriz, certamente, em 1660 ou 1661. Quepodia estar funcionando pelo menos em 1667, quando já haviaCadeia. De-certo, então, puseram Nossa Senhora e o Menino numandor e, ao som daquelas toadas melancólicas do Padre-Nosso,Ave-Maria e Salve Rainha que só sabem hoje os nossos caipi-[p. 170]

ras, vieram colocá-la em seu novo trono. Trono de amor, dondetem espargido tantas graças.

E, lá, em São Bento, os bons religiosos deixaram outraNossa Senhora de joelhos, aprendendo num livro aberto sobreo colo de Santana. ´. Santana, que eles trouxeram de Parnaiba,certamente, e lá está, agora, no seu alto nicho, enquanto as gera-ções vão passando, para o pó do sepulero. ..

A 1.4 matriz de Sorocaba durou, certinhos, 100 anos. Tinhacapelá-mor assoalhada e forrada. Retábulo dourado com a Se-nhora e o Menino, uma salinha assoalhada atrás do altar-mor,sacristia, Um arco-cruzeiro, sob o qual havia grades separandocapela-mor e corpo-da-igreja. Apoiando-se na parede do arco-cruzeiro, dois altares laterais, com seus retábulos; à esquerda,São Miguel e à direita Nossa Senhora do Rosario. Quasi quecertamente uma só nave, e só duas paredes laterais. Numa des-tas, um arco dando para a capelinha da Conceição. Um púlpito,desses pregados à parede. Na entrada, uma pia batismal, de pe-dra, em aberto. Doutro lado, a escada para 0 coro. Mais acima,o torreãozinho com os 3 sinos. O corpo da igreja não era forrado.O chão não foi sinão atijolado. E tinha bancos fixos ao solo.“Tambem uma pia de agua benta. E´ isto o que se pode deduzir dainformação prestada, em 1747, pelo padre Pedro Domingues, edos assentos de óbitos (davam o lugar da sepultura).

À belíssima e grande imagem atual de Nossa Senhora daPonte é de 1770, mais ou menos. A última pintura (incarna-ção) foi há uns 50 anos,

De 1770 é a da 2.º matriz. De 1839-1840 a 3º, que apro-veitou da 2: a capela-mor, as paredes internas e o frontispíciocom a torre (esta é de 1818). À 44 matriz é de 1924 (aprovei-tando a frontaria toda e torre da 32); é catedral desde 1925:

Só a igreja de São Bento, primeira de N.º S.º da Ponte,não sofreu mudanças essenciais desde 1660 Um monumento deantiguidade, pois, é por muitos desconhecido.[p. 171]

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇKO, PADROEIRA -DE BANrnIRANTES

Braz Esteves Leme é um patriarca em Sorocaba, tal como João Ramalho em São Paulo, ou mesmo o primeiro Braz Esteves Leme, que se não casou, mas de quem foi ele um dos catorze filhos ilegítimos havidos com mulheres indígenas. São também catorze dos filhos que lhe deram as pobres carijós de sua casa e seis os que houve em legítimo matrimonio com dona Antonia Das.

Chamá-lo-emos Braiz Teves, como aparece no documento de 21 de abril de 1660, onde Baltasar Fernandes faz a doação,aos beneditinos da Parnaiba, da igreja de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba e de um patrimonio cujas terras se limitavam com "o campo onde está Braz Teves". E´, pois, um dos primeiros povoadores de Sorocaba, já então sogro de Pascoal Moreira Cabral, o 1.O, e avô do pequeno Pascoal Moreira, o 2.O fundador de Cuiabá.

Grande escravagista conjecturamos que foi O sitio Braz Teves, pelo número de filhos naturais e no Sarapuí por ter sido em carijós a sua fortuna, que em parte permitiu afazendar-se o primeiro Pascoal e, acaso, começar suas correrias o 2.O. Confirmamos a nossa opinião com encontrar o nome dele nas listas de brindeirantes que fizeram a caça aos indios do sul e do Guairá, e publicados pelo historiador das Bandeiras, dr. Afonso d´E. Taunay.

Os escravos, primeiro capturados numa longa . . . e os seus região que se estendia de Itanhaem aos Patos, carijós tomaram, em São Paulo, o nome da tribu principal: carijós, e conservaram esse apelido até à extinção da escravidão vermelha por Pombal, inclusive nos arquivos paroquiais, posto que, ao depois, pertencessem a outras tribus e raças, até.Escrevendo, em 1747, no Livro do Tombo, o vigario de Sorocaba, Padre Pedro Domingues Pais, por informações dos antigos, diz que Braz Teves "era homem rico do gentio da terra, que era o cabedal daquelle tempo", e tinha a sede da sua fazenda a 7 leguas "desta villa", junto ao rio Sorocaba e próxima´a barra do ribeirão Sarapuí. [p. 172]

rantes não tinha mais lugar proprio. Daí em diante, este 2ºtemplo andou sempre em obras. À torre e o frontispicio se aca-baram já em 1818. Em 1840, o Padre Francisco Teodosio deAlmeida Leme fez quasi uma 3.4 matriz. E a atual, de 1924, équasi a 4º, Dizemos quasi, porque cada reformador deixava umpouco do antigo, a alma da velha matriz de 1663. As pequenasimagens antigas acham-se dispersas por igrejas e capelas varias,hoje. Alem disso, pelos anos de 1760, se construiu outra capelade Nossa Senhora da Conceição, alem-Ipanema, próxima a San-to Antonio, e Bacaetava de hoje. E tambem ruiu, E imagens éalfaias vieram para a matriz. De forma que é humanamente im-possivel discernir entre tantas, hoje, a “Nossa Senhora” deBraz Teves.Nas ruinas da capelinha de Braz Teves se edi-E no Sarapuí? ficou outra mais tarde e, antes de 1750, segun-do hipótese de Monsenhor Vicente Hypnarows-ki, consultando a tradição. Ainda em meados do século 19, eramvistas, da estrada para Tatuí, que al atravessa o rio Sorocaba(hoje a estrada-de-rodagem segue o mesmo traçado), as ruinasdesta 2. capelinha, que se chamou de Santa Cruz. Quando Cam-po Largo era, apenas, um pouso de tropeiros, cerca de 1820 foitrazida esta cruz para uma nova capela, e existe, até hoje, e énotavel pelas pinturas de emblemas nos seus braços, numa re-cente capela à entrada da cidade,Agora, feita uma justa pausa, podemos cami-Vôo mais longo. nhar mais dentro ainda do “bandeirismo”.A Cuinbá. Pascoal Moreira Cabral, o 2.º, nasceu no si-tio de Braz Teves, seu avô materno, e foi den-tro da capelinha sita à barra do Sarapuí com o Sorocaba, ediante desta Nossa Senhora da Conceição, que ele fez as suasprimeiras orações e, no caso de ser anterior esta capela à pro-pria matriz de Sorocaba, foi aí batizado. Digamos desde logoque esta nossa hipótese se funda em argumentos tão sólidos, a-pesar-de negativos, em parte, que só pode ter mor força umacertidão de batismo inda não aparecida. Pedimos venia ao leitorpara enviá-lo ao capítulo: Nossa Senhora del Popolo, onde ati-nhamos nossas razões. Em todo o caso, a capela da Conceiçãopertenceu aos avós maternos do fundador de Cuiabá, que aí es-teve, certamente, si não morreu e cresceu. [p. 174]

O 3º dos Maciéis tambem havia mister unscobrinhos. À caixa de Nossa Senhora, pois!Ou Falcão não estava, ou o portador do padreCarvalho lhe entregou sem medianeiro a pequena importancia de 31$360, a 8 de julho de 1713, e era o capitão Francisco de Lara de Almeida, Em 19 deabril de 1719, aprontando as malas e os livros para se embar-car na monção de Cuiabá, viu a conta em aberto, e mandot quese passasse outra escritura com fiador. Porem, em 1732, o es-crivão Lourenço Costa Martins buscou e não encontrou essedocumento. E como, até há pouco, fio de barba de paulista ousua firma valiam até o sacrificio, é claro que o Antunes, um dia,se achegou do capitão-mor regente, com um punhado de ouro,e disse: — Ai astá a minha dívida, capital e juros. — NossaSenhora lhe ajude!, podia ter respondido o Falcão.

Em 1717, em data não mencionada, o vigario da Vara de Iguape (com jurisdição em Sorocaba) mandou, enfim, o resto de sua conta, juros e principal, descontando, todavia, quatro missas que mandou cantar em quatro anos seguidos, a Nossa Senhora da Conceição, pela espórtula de 188580. O padre bandeirante levara 225$000. E pagava 450$000, o dobro. Foi-lhe destratada a escritura de dívida e o capitão-mor Falcão, tambem juiz ordinario nesse ano, lhe deu plena quitação e ao sargento-mor Martins Claro. Particularidade notavel, não havia casa da Câmara, pois a audiencia se dava em casa do juiz. Em 1804, tambem não a havia, quando se reuniram os oficiais dela, em casa do juiz presidente, para resolver a construção das Casinhas (mercado) e da Santa Casa. Logo, os fundadores, em 1661, só construíram a Cadeia, que sempre houve e foi derrubada no reinado de Dom João VI, quando se construiu o sobrado que serviu de Câmara e Cadeia, na rua já chamada da Cadeia, hoje Barão do Rio Branco, até 1866.

Fernão Dias Falcão não levou na sua mon-ção o dinheiro de Nossa Senhora, a não seralguns poucos de mi! réis. Deixou certamenteo débito e o haver ao cuidado do capitão Domingos Soares Pais, que era juiz ordinario em 1725, e que nesseano deu 284$800 ao capitão Antonio Pompeu Taques, sendo fia-dores o cap. José Pompeu Castanho e o cap. Francisco de Al-meida Lara; e 1008000 ao seu colega juiz Bernardo Antunes deMoura, cujo fiador foi o cap. João Pais dos Reis. O restante[p. 176]

Tão pequena, e teve a cingir-lhe a cabecinha de madeira umapequenina coroa de ouro, o primeiro ouro de Goiaz, a darmoscrédito aos cronistas, e que lhe mandou um Manuel Correia, es-pecie de bandeirante proletario, não desses que rangem a dentuçacontra tudo que é sagrado, mas desses humildes trabalhadoresque honram um povo. À sua oferta é de pobre. Mas, note-sebem: são as primicias! Não consta que Pascoal Moreira Cabrale outros felizardos de um momento (que tambem morreram po-bres) se lembrassem de um presentinho para a sua terra. Paraa Europa foi o ouro dos bandeirantes. Porem, o pouco, que erao tudo de Manuel Correia, aqui ficou. Certo, antes de sair paraà arrancada temerosa, ajoelhara-se diante do querido icone epedira boa sorte. Não ficou rico e milionario. Mas, entrou nahistoria das bandeiras com uma nobreza de sentimentos que mar-cam uma época.

Há qualquer coisa de comum entre os Correias e Nossa Se-nhora do Pilar. Dir-se-ia que eles deram à igreja a imagem, ouzelavam do altarzinho.

A data de 1647, para o descobrimento das primeiras minasgoiinas, cai por terra diante do simples fato de que só em 1660se fundou a igreja de São Bento, A de 1719 concorda, alem dis-so, com o parentesco mais próximo entre Manucl Correia e Ca-tarina, a que desejou ser enterrada junto à Senhora do Pilar.Havia tempo de ele chegar e nascer-lhe esta talvez filha.

E porque não há de ser desta mesma piedosa familia po-voadora de Mato-Grosso um poeta (poema foi tambem o gestodo ancestral) que a Nossa Senhora tem ofertado tantas coroas.digamos logo, Dom Aquino?DD)

“Aos nove dias do mez de Julho de mil setecentos e cin-coenta e nove annos falleceu da vida presente Catharina Cor-rea natural desta villa casada com Geraldo Domingues. Fez tes-tamento em que ordenava que por sua alma se dissessem tantasmissas de corpo presente, quantos sacerdotes se achassem pre-sentes; e que seu corpo amortalhado no habito de São Fran-cisco fosse sepultado no Mosteiro de Sam Bento junto ao altal(sic) de Nossa Senhora do Pilar onde com efeito foi sepultadano habito de Nossa Senhora do Carmo por se não achar o habitoque pedia. Falleceu com todos os sacramentos e sendo da idade [p. 178]



Revista do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo
Data: 01/12/1939
Página 140


ID: 12555



  


Sobre o Brasilbook.com.br

Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?

Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.

Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?

Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:

1. Visão Didática (Essencial)
Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.

2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária)
Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.

3. Visão Documental (Completa e Aberta)
Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.

Comparando com outras fontes
A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.

Conclusão:

Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.

Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!