Nesse propósito, afirma Pedro Taques de Almeida Pais Leme (1714-1777) na sua Nobiliarquia Paulistana
"De Manoel Preto faz odiosa menção d. Francisco Xarque de Andeta no livro das vidas dos padres Simão Mazeta e Francisco Dias Tanho, missionários da província do Paraguai, impresso em Pamplona no ano de 1687, no capítulo XVI, descrevendo, com conhecida paixão, a entrada que fez Manoel Preto no sertão do Paraguai, assaltando a redução do Santo Inácio, de que, pelos anos de 1623 e 1524, era superior o padre Simão Mazeta, e da do Loreto os padres Antônio Ruiz e José Cataldino".
E que lhe chama o indignado Mazeta? Nada menos, entre outros revoltados epítetos, que "gran fomentador, autor y cabeza de tôdas estas entradas y malocas".
Por sua vez, o imparcial Taunay:
"Manoel foi talvez o ´primus inter pares´ de seu tempo. Na grande incursão de 1628, no Guairá, era o chefe supremo do exército paulistano, no qual, afirma os jesuítas, vinha Antônio Raposo Tavares como seu lugar-tenente."
Há dessa era um documento interessante, citado pelo grande historiador das bandeiras, e até então inédito: a carta que escreveu o padre Nicolau Duran, provincial da Companhia de Jesus na província do Paraguai, datada de Buenos Aires a 4 de setembro de 1627, ao padre Francisco Crespo, procurador da Companhia. É um laudo verdadeiramente profético. Narrativa amargurada de quem percorre a terra escravizada, atravessa muitos rios perigosos, avista "muita gente belicosa e nua cuja propriedade única vinha a ser o arco e as flechas, afeiçoada à antropofagia, e que os jesuítas iam chamando à igreja e à civilização".
Numa súplica chorosa, clama o aterrado provincial:
"Meu padre! Tenha dó destes pobres índios. Vá falar a S. Majestade, ao sr. conde de Olivares, aos senhores do conselho de Portugal, que ponham paradeiro a isto. Não há no Paraguai força capaz de resistir a esta gente! Não teme excomunhão, não obedece a cédulas reais, não faz caso da justiça de Deus nem da dos homens! Tenho como certo que, enquanto não se arrasar esta vila de São Paulo, não se porá termo a estas tiranias e crueldades".
Porque seria esse documento profético? Porque vaticinara uma ruína. Ano e meio depois, no grande avanço de Manoel Preto e Antônio Raposo Tavares, caíram as fundações da Companhia, montões de pedras sobre pedras que hoje, solenes, vão narrando a história. [Páginas 52 e 53]
Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.
Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.
Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?
Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:
1. Visão Didática (Essencial) Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.
2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária) Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.
3. Visão Documental (Completa e Aberta) Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.
Comparando com outras fontes A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.
Conclusão:
Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.
Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!