FILA NACIONAL1942, João Laraya e Benedito Faria de Camargo publicam o primeiro texto a descrever com mais detalhes o cão de filar. Apesar da descriçao ser mais comportamental que fisica, com exceção a parte referente as cores, foi o primeiro esforço para formalizar o perfil fila brasileiro."O FilaJoão Laraya com a colaboração do apaixonado criador Benedito Faria de CamargoPelo seu porte, desenvolvimento e característicos, é o cão de fila o que mais se assemelha ao antigo “Molosso”.“Um cão de fila” – sinônimo de lealdade e dedicação – é frase conhecida de todos, mas, hoje em dia, poucos sabem a sua origem e pouquíssimos conhecem o nobre e soberbo exemplar da raçacanina, que deu origem a tão dignificante modelo de lealdade.Trazida pelos primeiros colonizadores, há longos séculos, sem nunca terem cogitado de aperfeiçoar, sofrendo toda sorte de mestiçagem, conserva, ainda hoje, nos poucos exemplares que ainda sobram, caracteriticos bem marcados e peculiares da raça, o que é um fato interessantíssimo, demonstrando ser ela muito forte, pois resistiu a ação deteriorante do tempo. Qual das raças importadas resistiria, como o fila vem resistindo? Cão de guarda por excelência, de uma dedicação cega ao seu dono, foi companheiro dos bandeirantes nas penetrações e tropelias pelo vosso vasto Brasil.Usado para a caça aos índios, mais tarde, guardava as senzalas e era empregado pelos “Capitães do Mato” para a perseguição do escravo fugido, traço que conserva, pois tem marcada prevenção contra homens de cor. Ladra pouco, valente no ataque ao homem, derruba-o e, com as patas em cima, fica segurando-o, só o molestando, se este oferecer resistência. É este um dos característicos que ainda guarda das caçadas aos índios e escravos, os quais deviam ser apanhados vivos.Nas lidas de campo era muito apreciado pela facilidade com que aprendia a lidar com o gado e pela resistência às grandes jornadas.Falam, também, do seu emprego como onceiro e anteiro, mais disto poucos conhecimentos tenho.Afetuoso com os de casa, amigo das crianças, afeiçoando-se a outros animais domésticos, manso durante o dia, torna-se bravio à noite, não permitindo que pessoa alguma se aproxime de seu dono.Pelo seu porte, desenvolvimento e característicos, é o cão que mais se assemelha ao antigo “Molosso”. Apesar de menor que o Dinamarquês e maior que o “Bull-Mastiff”, é mais reforçado do que estes.Sua semelhança com o leão, ou melhor com a leoa, é frisante: a cabeça grande e redonda, tórace volumoso, as espáduas musculosas, pernas reforçadas com patas enormes, ventre retraído, pelo curto e amarelo ou baio, e pele solta sobre o corpo, o andar flexível e imponente, que faz lembrar um felino.A cor predominante é o baio escuro, mas há também os brasinos ou tigrados e os baios claros. A trufa e os lábios são pretos, a cauda deve ser comprida e ligeiramente curvada.Entre nós, onde a cinofilia principia e tomar vulto e já se cogita a seleção de elementos mais apurados, a exemplo de outros países mais adiantados, nada se fez por uma raça nossa que apresenta predicados tão extraordinários.O Kennel Club mostrou-se interessado pela raça, cogitando mesmo em adquirir um macho e diversas fêmeas, para iniciar uma seleção mais apurada e fazer-se o registro genealógico dos mesmos, mas por enquanto são cogitações apenas, palavras e não fatos, e o tempo vai passando.Criadores há que importam Dinamarqueses, Boxers etc., por preços fabulosos, não se lembrando que temos o “Fila”, que heroicamente vem resistindo, esperando que, algum dia, alguém o venha tirar do ostracismo em que o deixaram.”