ponto de dúvida, com ele eu terminaria este período. Não afirmo; especulo. Coma mesma falta de evidências de quem pensa o contrário.)No Forte, o seu nome aparece pela primeira vez num livro de termos eprocurações, que o Tenente da Marinha portuguesa Carlos Eugênio Corrêa daSilva22 ali consultou em 1865: Francisco Félix de Souza assina como tabelião umpoder, datado de 1803, em que um oficial manifesta a vontade de receber os seussoldos na Corte, em vez de em Ajudá. Esse documento não substitui, contudo,um texto, não encontrado até agora, do qual conste quando Francisco Félix deuinício ao trabalho na feitoria, ou que nos indique quando chegou pela primeiravez à chamada Costa dos Escravos.Em 1788 – repito –, dizem os Souzas de Ajudá. Ou 1789, conforme umdocumento em poder da família, que desse ano data a sua chegada a Anecho ouPopó Pequeno (no atual Togo)23. Insistem em que saiu do Brasil para servir noForte português. Não, seguramente, como diretor ou comandante, pois este sechamou, entre 1782 e 189524, Francisco Antônio Fonseca e Aragão e teve porsucessores, até 1803, a Manoel de Bastos Varela Pinto Pacheco e a dois interinos,José Ferreira de Araújo e José Joaquim Marques da Graça.Se seu primeiro destino na África foi a Fortaleza de S. João Batista, afir-mam as tradições que Francisco Félix de Souza dela pronto se afastaria e tam-bém da cidade de Ajudá, chamando, para substitui-lo, um irmão, Inácio, de cujapresença na Costa não há registro. Sabe-se, contudo, que Jacinto José de Souza,de quem Francisco, ao que se alega, seria irmão25, foi nomeado diretor da feitoriaem fevereiro de 1804, morrendo menos de um ano depois26. Francisco – diz-seem Ajudá –, ofuscado pelos grandes lucros do comércio de escravos, teria desis-tido, em pouco tempo, do emprego na Fortaleza e se encaminhado para Badagre(Badagri, Badagry, Agbadagre, Agbadarigi ou Agbethegre), onde instalou umentreposto negreiro.(22) Ob. cit., p. 77.(23) SOUZA, Simone de, ob. cit., p. 16.(24) E não 1793, como está em I. A. Akinjogbin, ob. cit., p. 217. Cf. Pierre Verger, ob. cit., p.234, 265, 266, 268, 285 e 286, com documentos que mostram que Francisco AntônioFonseca e Aragão ainda era responsável diante da Coroa portuguesa pelo estabelecimentode S. João Batista de Ajudá, quando da embaixada que Agonglo, rei do Daomé, enviou àBahia e a Lisboa em 1795.(25) Como assevera SARMENTO, Augusto. Portugal no Daomé. Lisboa: Tavares Cardoso & Irmão,1891, p. 59.(26) Arquivo do Estado da Bahia, 141, f. 200; e 159, f. 156v, conforme Pierre Verg[p. 15]pois a este, como já se argumentou50, não escaparia a presença de um conterrâneo,ainda que funcionário menor, no estabelecimento português. É bem verdade quebaiano era o que não faltava em Ajudá e em outros pontos da Costa dos Escravos.Mas quando Ferreira Pires, que deixou por escrito um interessantíssimo relatode sua embaixada51, andou por Ajudá, Francisco Félix talvez ainda se achasse aimaginar o seu futuro, na Salvador a que regressara ou de onde sairia pela pri-meira vez para os litorais africanos.Acredito – quer tenha havido ou não o interregno brasileiro na longaestada africana de Francisco Félix de Souza – que o matrimônio com Jijibu setenha dado por volta de 1806. E imagino um enredo que começaria assim:chegado à África, pela primeira ou segunda vez, na passagem do século, obaiano instalou-se em Badagre, com o fito de dedicar-se ao comércio de escra-vos. A empresa não lhe foi bem, e ele viu-se obrigado a aceitar uma colocaçãomodesta no Forte de S. João Batista de Ajudá. Algum tempo depois, quem tal-vez fosse um irmão seu, Jacinto José de Sousa, assumiria a governança da for-taleza, para falecer pouco depois.A área era particularmente insalubre e a maioria dos recém-chegados morriaem poucos meses. Segundo os assentamentos de 1695 a 1722 da Royal AfricanCompany, de cada dez homens que desembarcavam na África Ocidental, seismorriam durante o primeiro ano, e dois, entre o segundo e o sétimo52. É isto oque também nos dizem as inscrições nos túmulos do Forte de São Batista deAjudá, do campo-santo dos administradores alemães em Duala e de outros cemi-térios europeus que visitei na África. Francisco Félix era mais resistente ou tevemais sorte do que o seu suposto irmão. Talvez já viesse do Brasil imunizadocontra a febre amarela. Mas não o venceram tampouco as disenterias e a malária(a Plasmodium falciparum, freqüentemente fatal), nem o atacaram a doença dosono, o verme-da-Guiné, a cegueira dos rios ou a xistossomose.Sobre o período que se seguiu à morte de Jacinto José de Sousa não seencontraram vozes nos arquivos. Deve ter sido de descaso e desprezo pelo esta-belecimento por parte das autoridades portuguesas. O abandono só não foi com-pleto, porque cuidaram do forte Francisco Félix de Souza e o tambor da antiga [p. 21]
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