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António Teles da Silva (1590-1650)
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      16 de outubro de 2012, terça-feira
Por que se deixou de cultivar trigo em São Paulo. História & Outras Histórias - História, preservação do patrimônio histórico e debate de questões atuais (martaiansen.blogspot.com)
Atualizado em 13/02/2025 06:42:31
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No século XVII, para fazer frente à tentativa holandesa de ocupação do Nordeste brasileiro, solicitou o representante português Antônio Telles da Silva que a Câmara Municipal de São Paulo contribuísse com homens e suprimentos para a guerra; isso se fez, mediante o envio de soldados, índios das "administrações" (¹) e provisões para sustento das tropas, conforme relata Pedro Taques de Almeida Paes Leme em sua Nobiliarchia Paulistana:

"Este grande socorro de duzentos paulistas soldados e dois mil índios flecheiros, não das aldeias do real padroado e sim da administração de paulistas particulares, que neste tempo abundavam, de sorte que muitos havia que possuíam debaixo de sua administração quinhentos, seiscentos e setecentos índios, que se ocupavam no trabalho da agricultura em copiosas searas de trigo, plantas de milho, feijão, legumes e nos algodoais, saiu debaixo do comando do capitão de infantaria e cabo-maior Antônio Pereira de Azevedo em julho de 1647."

Portanto, nesse tempo, o cultivo de trigo, além de outros gêneros, era ainda muito importante em São Paulo (²), como já se mostrou na postagem anterior. O que teria, porém, sucedido, para que a triticultura fosse quase completamente abandonada na Capitania?Antes de mais nada, deve-se saber que os fazendeiros que cultivavam trigo viviam em confronto com os donos de moinhos, querendo esses últimos, para si, uma parte exagerada do trigo que se produzia. Embora a Câmara Municipal buscasse disciplinar a coisa, estipulando maquias que não deviam ultrapassar a oitava ou, quando muito, a sétima parte do trigo moído, a realidade é que muitas vezes os senhores moleiros se apropriavam de até 25% da produção, vindo a ser um severo desestímulo aos fazendeiros que, por outro lado, não tinham remédio senão submeter-se às exigências dos donos de moinhos.Além disso, o trigo produzido não era todo consumido pelos moradores de São Paulo, sendo o excedente vendido a comerciantes de Santos que tornavam-se, assim, intermediários na distribuição do produto para outras regiões da Colônia. Pode-se, pois, facilmente imaginar o que sucedia: os comerciantes de Santos combinavam pagar pelo trigo um preço muito baixo, a fim de maximizar seus próprios lucros. O resultado disso foi que muitos fazendeiros entenderam ser um mal negócio plantar trigo, diante da exploração a que se julgavam submetidos.Alega-se, também, que o desmatamento acelerado da Capitania provocou, já na época, importante mudança climática, de modo que a temperatura média anual veio a ter significativa elevação, tornando São Paulo menos favorável à triticultura. É difícil mensurar o significado econômico dessa suposta mudança climática, mas deve-se observar que já no início do século XIX vários autores referiam-se a ela. Não é, pois, coisa do século XXI...O golpe de morte nas lavouras de trigo que ainda restavam viria, porém, com os descobrimentos auríferos nas Gerais. Na corrida pelo ouro, muita gente abandonou a então pequena São Paulo, para nunca mais voltar. Multidões fixaram-se nas áreas mineradoras. Abandonaram-se as roças, chegou a faltar comida, houve uma absurda elevação nos preços dos gêneros alimentícios. Homens válidos, livres ou escravos, eram empregados na busca febril pelo ouro. Quem é que ia ocupar-se de plantar trigo, com todos os seus inconvenientes, quando o ouro aflorava e quem tinha sorte podia enriquecer do dia para a noite?Restaram, de um modo geral, apenas lavouras de subsistência, cultivando-se gêneros nativos da América, de mais fácil produção, em lugar do trigo, que demandava sérios cuidados e, no final das contas, dava um lucro muito limitado.(1) Sem meias-palavras, as "administrações" eram pouco melhores que campos de trabalhos forçados onde viviam índios "convertidos", voluntariamente ou não.(2) Deve-se considerar que a produção era considerada grande para os padrões da época. Apenas para exemplificar, considerava-se, em São Paulo, que um sujeito que fosse dono de umas duzentas cabeças de gado era um pecuarista de muito sucesso.





  


Sobre o Brasilbook.com.br

Desde 17 de agosto de 2017 o site BrasilBook se dedicado em registrar e organizar eventos históricos e informações relevantes referentes ao Brasil, apresentando-as de forma robusta, num formato leve, dinâmico, ampliando o panorama do Brasil ao longo do tempo.

Até o momento a base de dados possui 30.439 registros atualizados frequentemente, sendo um repositório confiável de fatos, datas, nomes, cidades e temas culturais e sociais, funcionando como um calendário histórico escolar ou de pesquisa. Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?

Parabéns pelo seu trabalho no Brasilbook! Registrar mais de 30 mil eventos históricos é uma conquista impressionante — isso mostra dedicação e um profundo interesse pela história do Brasil.

Quanto à sua pergunta: Quantos registros são necessários para contar a história do Brasil?

Depende de como você define "contar a história". Existem diferentes níveis de profundidade e objetivos possíveis:

1. Visão Didática (Essencial)
Quantidade estimada: 500 a 2.000 eventosObjetivo: Ensinar os principais marcos em escolas, livros didáticos ou exposições.Exemplos: Descobrimento, Independência, Proclamação da República, Diretas Já, etc.

2. Visão Analítica (Acadêmica/Universitária)
Quantidade estimada: 5.000 a 10.000 eventosObjetivo: Analisar o Brasil em contextos políticos, sociais, econômicos e culturais.Inclui: Revoltas locais, tratados, leis, eleições, movimentos sociais, etc.

3. Visão Documental (Completa e Aberta)
Quantidade estimada: 30.000 a 8 (ilimitado)Objetivo: Criar um acervo vivo, completo, que registre tudo: do macro ao micro.Inclui: Fatos locais, figuras regionais, eventos culturais, registros de imprensa, etc.Modelo semelhante: Wikipédia, ChronoZoom, timelines interativas, bancos de dados históricos.

Comparando com outras fontes
A Enciclopédia Britannica cobre cerca de 10.000 a 15.000 eventos mundiais.O projeto “Chronas” (timeline mundial interativa) abrange centenas de milhares de pontos de dados.

Conclusão:

Você já está em um patamar acima da média em termos de profundidade. Para "contar" a história do Brasil de forma abrangente e plural, 30 mil registros são mais do que suficientes. Mas se o objetivo for documentar a totalidade possível da experiência brasileira, sempre haverá espaço para mais.

Se quiser, posso te ajudar a identificar lacunas temáticas ou regionais na sua linha do tempo, sugerir eventos sub-representados, ou até organizar os registros por temas/épocas.Você gostaria disso?De nada! Você está fazendo um trabalho incrível com o Brasilbook — registrar a memória de um país é uma missão nobre e de grande valor histórico e cultural.Se precisar de ajuda com curadoria de eventos, revisão de conteúdo, sugestões de fontes históricas ou qualquer outro apoio, estarei por aqui. Boa sorte e continue firme!