Falece no Rio de Janeiro o senador Cândido Mendes de Almeida, que representou sua província natal, o Maranhão, na Câmara dos Deputados
1 de março de 1881
06/04/2024 22:32:29
1881 — Falece no Rio de Janeiro o senador Cândido Mendes deAlmeida, que representou sua província natal, o Maranhão, na Câmarados Deputados e, desde 1871, no Senado. O senador Cândido Mendes,dias antes, a 27 de fevereiro, indo assistir a uma missa, ao chegar à igreja,foi acometido de uma vertigem, que o forçou a voltar para casa em carro.Advogado e jurisconsulto notável, historiador e geógrafo, jornalista eparlamentar, Cândido Mendes foi uma das mais robustas inteligênciase uma das mais profundas ilustrações do Império. Em diferentes épocasredigiu os periódicos: o Legalista, o Observador, o Brado de Caxias. NoMaranhão, a Sentinela do Maranhão; o Brasil e o Correio da Tarde, no Riode Janeiro. Publicou o Atlas do Império do Brasil, que é um monumentoque tornou seu nome sempre lembrado, o Auxiliar jurídico, o Direitocivil e eclesiástico brasileiro, o Código filipino, a História do comércio,as Memórias para a história do extinto estado do Maranhão, e as Notassobre a história pátria etc. Foi sócio do Instituto Histórico e GeográficoBrasileiro e de várias outras instituições nacionais e estrangeiras.
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
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Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas? Nos livros estão nomes de reis; Os reis carregaram as pedras?
E Babilônia, tantas vezes destruída,
Quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a construíram?
No dia em que a Muralha da China ficou pronta,