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Reunião de “potências maçônicas” no Palácio Maçônico de São Paulo
17 de setembro de 2018, segunda-feira. Há 6 anos
Ver São Paulo/SP em 2018
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O coronel Antônio Carlos Mendes, 77 anos, "48 de maçonaria", estava animado com as perspectivas para 7 de outubro, dia de ir às urnas.

Até porque lá dentro todo mundo sabe: irmão vota em irmão. "Tenho visto bastante apoio ao nosso irmão Mourão", afirma após uma reunião de "potências maçônicas" no dia 17 de setembro, no Palácio Maçônico de São Paulo, onde os integrantes tratam seus líderes, os grão-mestres, pelo título de Sereníssimo.

Maçom há 20 anos, o general Antonio Hamilton Mourão, 65, incluiu em sua campanha visitas a templos desta fraternidade de homens que, com pretensões filantrópicas e filosóficas somadas a um histórico de acertos políticos, existe sob ares de sociedade secreta. Apresenta-se como fiador do capitão reformado Jair Bolsonaro (PSL), de quem é vice na corrida presidencial.

O general se mostrou à vontade entre os irmãos, como os membros se chamam, no dia 10 de setembro. Num palácio no Rio, foi aplaudido e recebido pela maior autoridade maçônica no Brasil, Ricardo Maciel Monteiro de Carvalho, o Grão-Mestre Geral --cargo que lhe promove de Sereníssimo para Soberano.

Chegou embalado pelo Hino do Exército ("A paz queremos com fervor/ A guerra só nos causa dor/ Porém, se a Pátria amada/ For um dia ultrajada/ Lutaremos sem temor").

Discorreu sobre o tema "Desafios de uma Nação". Outro discurso para irmãos, em Brasília há um ano, rendeu o maior solavanco da trajetória pontilhada por polêmicas.

Na ocasião, o militar disse que seus "companheiros do Alto Comando do Exército" poderiam abraçar uma"intervenção militar" se o Judiciário "não solucionar o problema político" –a corrupção.

Até onde se sabe, Mourão é o único maçom numa chapa presidencial neste pleito.

E isso, o general sabe bem, pode conspirar a seu favor. "O Bolsonaro tem uma campanha que defende Deus, pátria e família, e isso está muito ligado aos ideais maçônicos", afirmou o vice à Folha.

No grupo de WhatsApp Maçonaria Operativa, todo dia apita uma nova mensagem a favor do candidato do PSL.

Um membro se dizia "de saco cheio de análises destes ditos liberais que dizem ter medo do Bolsonaro porque ele é radical".

E por que seria? "Por que assume que é cristão e coloca Deus acima de todos?" Muito melhor do que "uma Marina eterna petista, que só aparece como um fantasma de 4 em 4 anos", ou um "Alckmin, falso opositor do PT", e nem me venha com aquele "Ciro, um coronel desequilibrado".

Também não poupou Alvaro Dias, "esquerdista light", e "um tal de [João] Amôedo", que "só usa palavras esquerdistas como empoderamento".

Os encontros se restringem a um grupo de homens, na maioria brancos e de faixa etária mais elevada. Mas o alcance da maçonaria vai além. "É um corte vertical na sociedade que atinge todos os estratos sociais", diz Mourão, iniciado em 1998 e filiado à loja gaúcha República do França.

A ala gaúcha da maior corrente do país, o Grande Oriente, divulgou em dezembro uma nota em desagravo a ele, afastado da Secretaria de Economia do Exército após dizer que "nosso atual presidente vai aos trancos e barrancos".

"É lamentável que, em pleno 2017, a liberdade de expressão, especialmente de um militar, seja atacada", dizia a nota assinada pelo grão-mestre Tadeu Pedro Drago. "Somos 10 mil irmãos engajados na defesa do general Mourão."

Um engajamento que não é de se jogar fora, afirma Daniel Bortholossi, professor de influências do gnosticismo na maçonaria num curso de pós-gradução de maçonologia. "Como a maçonaria é seletiva e entre seus membros estão muitos formadores de opinião, o envolvimento com causas políticas é inevitável".

Apesar de muitos maçons preferirem o adjetivo "discreto", e não "secreto", ainda há zelo ao apontar quem é quem e quais são os ritos para entrar no clube. Entre maçons ilustres estão presidentes americanos (pelo menos 15 deles, como George Washington), pensadores (Voltaire), músicos (Beethoven), imperadores (dom Pedro 1º) e militares (Duque de Caxias). Em São Paulo, o governador Márcio França e o prefeito Bruno Covas são da Grande Oriente.

Falar numa unidade por candidato A ou B é difícil, mas o antipetismo é um brado retumbante nas reuniões. 

O general Mendes, chefe de gabinete de um Seneríssimo, brinca se horrorizar ao ver a mulher de um irmão de terno vermelho (a moça disse que nada tinha a ver com o PT).


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