Tremor de terra em Sorocaba foi sentido em Itu e Sarapuí
30 de outubro de 1874
10/04/2024 05:43:23
Página 10 do “The New York Herald”
Data: 30/10/1875
Encontramos em 3 jornais diferentes a notícia de um violento tremor de terra ocorrido em Sorocaba em 1874. Segue o conteúdo de duas delas:
Houve um tremor de terra em Sorocaba. Amanheceu o dia um tanto nubloso e ás 9:30 da manhça sentiu-se um surdo, fragor subterrâneo quase como um trovão, e durante ele a terra tremeu violentamente por um espaço talvez de um minuto e meio.
Blançou os trastes, quadros e espelhos nas paredes, vidros, garrafas, etc., nas prateleiras, fazendo cair alguns objetos delas e telhas de algumas casas, trincando algumas paredes.
Escureceu mais a atmosfera durante o fragor e tremor e clareou quando ele findou-se. Algumas senhoras tiveramsincopes, soprava nessa hora o vendo S. E. Ao escurecer fez frio que durou toda a noite."
Tem chovido bastante nestes ultimos dias. Nenhum fato ou desastre chegou ainda ao meu conhecimento. O tremor e fragor foram sentidos em toda a cidade e ao seu redor.
Sei que foram eles também sentidos para o lado de Itu, no arraial de Piragibú e duas légras distante desta cidade e para o lado de Sarapuí.¹
Pela manhã o céu ficou nublado. Ás 9 horas ocorreu um violento tremor de terra, que durou talvez um minuto e meio. Nas casas os objetos se deslocaram. Passado o fenômeno, o dia clareou.
A noite fez frio e choveu. Toda a cidade sentiu o choque, assim como as árvores. O fenômeno estendeu-se até o arrail de Piragebú, termo de Itu.²
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.
“
Pedir desculpas é a parte mais fácil. Presidente de portugal