Homem e duas mulheres foram levados para delegacia após moradora se incomodar com os pelados em frente à sua casa, segundo Polícia Civil. Uma das jovens, que não teria bebido chá, fala em "Lei Cósmica".Por Patrícia Teixeira e Pedro Spadoni*, G1 Campinas e Região16/07/2018 18h36 Atualizado há um anoTrês pessoas foram detidas peladas em via pública e ficaram nuas dentro da delegacia, em Campinas. — Foto: Reprodução/Redes SociaisTrês pessoas foram detidas peladas em via pública e ficaram nuas dentro da delegacia, em Campinas. — Foto: Reprodução/Redes SociaisTrês pessoas foram detidas peladas em via pública e ficaram nuas dentro da delegacia, em Campinas. — Foto: Reprodução/Redes SociaisUm homem e duas mulheres foram detidos por ato obsceno e resistência após serem flagrados nus pela Polícia Militar em via pública de Campinas (SP). Encaminhado ao 1º Distrito Policial, o trio sentou no chão, sem roupa, e iniciou a prática de meditação enquanto aguardava o desfecho da ocorrência, no fim de semana. A cena chamou a atenção e fotos viralizaram nas redes sociais.O caso foi registrado como Termo Circunstanciado (para crimes de menor gravidade) e eles foram liberados após prestarem depoimento. Dois dos jovens disseram à polícia ser usuários do chá do Santo Daime (ayahuasca), que possui efeitos alucinógenos e é empregado em rituais religiosos.No boletim, segundo a polícia, uma das mulheres, que não teria tomado a bebida, citou "leis cósmicas", ao ser ouvida."[Disse] que está aqui enquanto seres cósmicos, motivo único da harmonia das leis cósmicas com as leis planetárias", diz o histórico do registro.O G1 tentou contato com os três envolvidos, mas até as 18h desta segunda-feira (16) não teve retorno. Questionado sobre a liberdade religiosa, o delegado do caso disse que a prática não pode se sobrepor ao direito de outras pessoas.O homem tem 28 anos e é autônomo. As duas mulheres, ambas de 24 anos, são professora e engenheira mecânica, informou a Polícia Civil.Trio detido nu assinou um Termo Circunstanciado no 1º Distrito Policial de Campinas. — Foto: Reprodução/Redes SociaisTrio detido nu assinou um Termo Circunstanciado no 1º Distrito Policial de Campinas. — Foto: Reprodução/Redes SociaisTrio detido nu assinou um Termo Circunstanciado no 1º Distrito Policial de Campinas. — Foto: Reprodução/Redes SociaisReunião com cháSegundo o boletim policial, a proprietária da residência relatou que o chá do Santo Daime foi servido durante uma reunião, que dois dos jovens detidos estavam no local e, quando o encontro terminou, se recusaram a deixar a casa. Ela chegou a acionar a Polícia Militar nesse momento, na madrugada de sábado (14).Ainda segundo o registro da Polícia Civil, eles se concentraram em frente à residência. A moradora disse em depoimento que ficou impedida de sair e viu que as duas jovens estavam nuas. Chamou a PM novamente, que foi recebida com certa truculência pelo trio, diz o registro policial.O G1 fez contato com a proprietária nesta segunda-feira (16). Ela se limitou a dizer que não conhecia os jovens e que eles não chegaram a entrar na sua residência.Policiais que atenderam à ocorrência disseram que, ao avistarem o trio nu no bairro Jardim Monte Belo 2, solicitaram que eles se vestissem, mas o trio se recusou. O jovem que estava entre eles chegou a ser algemado, segundo a PM, por estar descontrolado.O rapaz detido disse, em depoimento, que chegou na delegacia vestido e que, espontaneamente, retirou a sua roupa e assim permaneceu até o término do registro do ocorrido. Uma das jovens também afirmou à Polícia Civil que estava com o corpo coberto.Liberdade religiosaO caso foi encaminhado para o 4º Distrito Policial. O delegado responsável pelo caso, Alexandre Melfi, disse ao G1 nesta segunda (16) que não se trata de liberdade religiosa ter uma pessoa nessas condições em frente a uma residência."Existe a religiosidade deles, mas isso tudo é feito em lugar fechado. A liberdade existe. O seu direito termina onde começa o direito do outro. Qualquer manifestação teria a mesma conduta", explica o delegado.O Termo Circunstanciado será encaminhado para o Juizado de Pequenas Causas.* Sob a supervisão de Patrícia TeixeiraVeja mais notícias da região no G1 CampinasCAMPINAS