João Maria de Agostinho, um monge peregrino de origem italiana esteve em Sorocaba
24 de dezembro de 1844, terça-feira. Há 180 anos
Observando a declaração feita ao escrivão, percebe-se que o monge, antes deefetuar o registro, havia se estabelecido nas matas do morro adjacente à Fábrica de Ferro.Coincidentemente, o nome adotado pelo monge compõe o da fábricaEm Sorocaba, no dia 24 de dezembro, o escrivão serventuário Procópio Luís LeitãoFreire registrou a apresentação de um indivíduo nomeado “Fr. João Maria d’Agostinho”3,oriundo do Rio de Janeiro, onde desembarcou proveniente do Pará. No fecho do documento, o“Frade” João Maria assinou “Giovani Mã. Deagostini”4. O italiano Giovanni, que em Sorocaba passou a adotar o nome aportuguesado João Maria, declarou ter 43 anos de idade,ser solteiro e exercer a “profissão de Solitário Eremita”5. No documento de registro, o escriturário anotou as características físicas do recém chegado: estatura baixa, cor clara,cabelos grisalhos, olhos pardos, nariz regular, boca dita (regular), barba cerrada, rosto comprido e, como sinal particular, ser aleijado de três dedos da mão esquerda.
Em Sorocaba o peregrino assinou “Giovani”, e no Campestre optou por grafar“Joannes”. Mas, fora essa questão de redação do prenome, no restante da assinatura foipossível reconhecer semelhanças de grafia e estilo, conforme observado por Cabral. Graças àintenção de João Maria em normatizar, por escrito, o culto à S. Antão, permitiu-se confrontardois documentos que indicam que o Monge do Ipanema e o do Campestre eram a mesmapessoa. Assim, confirmou-se que o andarilho percorreu, de Sorocaba até Santa Maria, compassagem por território argentino, centenas de quilômetros em pouco mais de quatro anos. [1]O propósito da viagem até Sorocaba, conforme apontado pelo frade, era exercer o seu ministério. As matas da cidade foram o local de residência declarado, com destaque para o morro situado no distrito de Ipanema, razão pela qual João Maria ficou conhecido como “Monge do Ipanema” [2]