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Fábrica de Ipanema: Antonio Manjolo, Manoel Teixeira e José Garcia
18 de junho de 183504/04/2024 19:50:55

Correspondência de João Bloem a Francisco Antônio de Souza Queiroz:

Segundo consta um escravo apreendido daqueles que fugiram do tronco; foram os outros pelo caminho de São Paulo para Santa Cruz; faz-se muito preciso vigilância sobre um escravo Antonio Manjolo que fugiu na mesma ocasião, de boa estatura, com os sinais de Nação Monjolo na cara, e tem mais umas contusões de brigas na testa e rasgada a boca por um lado.

O escravo é carpinteiro antigo na Fábrica, e em máquinas; é provável que ele fosse para Santa Cruz, visto que Joanna do Espírito Santo que fugira em outra hora era a escrava para casar com o referido Antonio Manjolo; este fala alguma coisa embaraçado por ter encalhado com os queixos numa máquina; e também José Garcia, de boa estatura escravo de Santa Cruz, carpinteiro, estes escravos fazem falta nos concertos das máquinas.

Manoel Teixeira fugiu a terceira vez, crioulo, muito baixinho, de 40 anos mais ou menos; e João Mariano, segunda fugida já foi preso em outra ocasião nesta cidade.

Junto remeto a Vossa Excelência dois requerimentos dos escravos que fugiram para Vsa. Exa. mandar o que for devido, será de absoluta necessidade.[*10]

Este último documento relata parcialmente a história do escravo João, de nação Monjolo, um cativo no qual as autoridades de Ipanema estavam sempre “de olho”, pois já havia fugido outras vezes; era um dos funcionários mais antigos do empreendimento. Além disso, podemos perceber como as escapadas individuais ou em pequenos grupos prejudicavam o bom andamento da produção, assim como era motivo de preocupação da direção da Fábrica, da polícia e das autoridades da Província de São Paulo.

Outro ponto a ser destacado acima é a referência ao casamento entre escravos, fato demasiadamente importante quando se analisa o cotidiano dos cativos no plantel fabril. Eles pediam autorização aos diretores de Ipanema para se casarem entre si, e quando isso ocorria faziam questão de salientar o fato de terem sido ótimos trabalhadores, pacíficos e de não terem fugido.

Para os escravos, tal medida era um passo muito importante em suas vidas, porque era uma forma de sobrevivência cultural, afetiva, psicológica e emocional. Já para os senhores, num primeiro momento a iniciativa tornava os cativos mais dependentes, mas a longo prazo isso se transformaria em arma simbólica a fim de sobreviverem ao ambiente escravista
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