Fonte: A Provincia do Espirito-Santo: Jornal consagrado aos interesses provinciaes, filiado à escola liberal
O ano de 1886, em Sorocaba, além da visita do Imperador D. Pedro II, foi marcado por tragédias. O município de Sorocaba possuía cerca 16.000 habitantes e a cidade 6.000.
Haviam sido terminadas as obras de calçamento da Rua São Bento e da Ponte, atual XV de Novembro. Não havia uma coleta sistemática de lixo e as águas servidas escorriam pelas ruas do centro urbano.
Em fevereiro de 1886 era realizada a cerimônia de inauguração da primeira tubulação para conduzir água, destinada ao abastecimento da população.
Essa rede iniciava-se em uma pequena barragem, construída pela então Estrada de Ferro Sorocabana, do manancial de vila Barão, próximo ao córrego Supiriri. Esse encanamento atingia a praça Coronel Fernando Prestes, passando pelo largo do Mercado Municipal e chegando ao largo do Rosário (praça Dr. Ferreira Braga).[4]
MORTE DE DUAS CRIANÇAS ABALOU SOROCABA 2 de Março de 1886 Fonte: Diário de Sorocaba
O Sr. Manoel João de Oliveira e sua senhora, residentes no bairro do Corrente, foram vitimas de um triste e lamentável acontecimento: perderam dois filhos repentinamente e inesperadamente de um modo por demais contristador.
Salvador, menino de 13 anos de idade, na manhã do dia 1, brincava em um banhado próximo à casa de seus pais, tentando represar com touças de capim as águas de uma pequena corrente.
Sizenando, seu irmão de 11 anos, chegou para ajuda-lo na infantil brincadeira. Na primeira moita que colocou as mãos, foi traiçoeiramente picado por uma enorme cobra Urutú, no braço esquerdo.
Voltou para casa aos gritos. Foi lhe administrado um remédio, porém, tudo em vão: ao entardecer exalou seu último suspiro, precedido da mais atroz agonia.
O irmão, Salvador, julgou-se o único responsável pelo infeliz acontecimento. Foi dominado por um forte remorso; sucumbindo á mais cruel aflição no dia 3, tendo "deitado pela boca sangue puro".[1]
BARRA DE OURO DE 69 ANOS Fonte: A Gazeta do Norte
Em 1886 o joalheiro da capital Mauricio Grumbach comprou de uma pessoa de Sorocaba por 2:400$000 uma barra de ouro de 15 1/2 centímetros de comprimento, 3 1/2 de largura e 1 1/7 de espessura.
Traz a data de 1817, o no. 991, o cunha da coroa portuguesa e outras marcas. O Diário Popular, onde está a notícia original publica este curioso calculo que fez um entendido:
O valor até hoje morto, se estivesse desde 1817 a prêmio (juros) de 9%, capitalizado de de 8 em 8 anos, seria hoje a respeitável fortuna de 626:996$000.Acompanha essa barra a história oficial de sua procedência das fundições da Vila Rica. [2]
CRIANÇAS CEGAS Fonte: A Provincia do Espirito-Santo
Existe nesta cidade uma senhora cujo nome não nos é dado declinar, que por tristissima coiscidência, de que só agora temos notícia, em seu nascimento, dá razão aos que acreditam na malefica influência dos dias aziagos.
No dia em que essa senhora, cega de nascença, veio ao mundo, nasceu outra criança, que se fez homem (filho de uma importante família do lugar), também cega, e em um dos nossos bairros nascia ainda outra cega.
Essa constritadora trindade do infortunio tem o mesmo tipo (louro), o m esmo porte e resume em si toda a simpatia, não só pessial, como a que deve excitar a sua desgraça.
Respeitamos as conveniências de não declinar os nomes, porque sendo o nosso fim principal da conhecimento aos leitores dessa tristissima coiscidência, não queremos ser os primeiros a apontar á turba curiosa esses três vultos venerados que em si trazem encarnados o maior de todos os infortunios.Garatimos, porém, sob nossa palavra ser real o fato.
IMPERADOR D. PEDRO II EM SOROCABA Novembro de 1886
Ele foi recebido na estação ferroviária pelos Srs. Francisco de Paula Mayrink, João José Pereira Junior e por George Oetterer.
Em 9 de novembro visitaram Ipanema. Almoçaram numa sala da estação. Depois tomaram um carro e seguidos de outros (havia muitos carros particulares) foram visitar a matriz, a câmara e cadeia, o Gabinete de Leitura, as 2 cadeiras masculinas e femininas, mercado municipal, hospital, a fábricas Adams e Fonseca.
Ele ainda visitou a Cachoeira de Votorantim..
COMERCIANTE VIROU HERÓI AO "SALVAR" O IMPERADOR 10 de Novembro de 1886 Fonte: Jornal O Ceará
Na visita do Imperador a Sorocaba, houve um principio de desastre: O imperador tropeçou numa calçado, ou os cavalos dos carros iam disparando.
O fato averiguado é que, um negociante da cidade conseguiu evitar o desastre segurando fortemente o Imperador, ou tomando resolutamente os cavalos pelos freios.
O caso é que todos aplaudiram a intervenção eficaz e pronta do negociante que foi cumprimentadíssimo.
O próprio Imperador, muito agradecido, externou-se: "Muito obrigado! Muito obrigado! O senhor salvou-me de bôas."
E, logo depois, para o camareiro: Sr. camareiro, tome nota do nome deste fiel súdito. O herói daquele dia não tinha placa na sua casa de comércio, mas, mandou fazer uma com a maior urgência.
E no dia seguinte, os sorocabanos puderem ler as letras garrafais, bem, bem no alto e centro da loja, os seguintes dizeres: "Ao salvador da Monarquia". E a freguesia cresceu tanto, que aquele negociante tornou um dos mais fortes da cidade.[5]
MORTO POR MOSQUITO AZUL 10 de Dezembro de 1886 Fonte: O Libertador/CE
Em dias do mês passado uma pobre mulher, residente em Sorocaba, foi mordida por um mosquito azulado, semelhante a uma cantharida. A mordidura foi tão venesosa que o infeliz poucas depois faleceu, no meio de dores horrorosas. [3]