Júlio Prestes é 2º brasileiro a ser capa da Revista Time Magazine
23 de junho de 1930, segunda-feira. Há 94 anos
Júlio Prestes foi um dos presidentes eleitos do Brasil pelo voto popular no período da República Velha (1889-1930), após o governo de Washington Luís.
Entretanto, foi impedido de exercer o cargo, devido ao golpe de 1930, liderado pelo político Getúlio Vargas. Destacou-se também na literatura e nas leis, exercendo a profissão de advogado.
Biografia de Júlio Prestes
Júlio Prestes de Albuquerque nasceu dia 15 de março de 1882, em Itapetininga, interior de São Paulo.
Filho do coronel Fernando Prestes de Albuquerque, eleito presidente de São Paulo (1898-1900), cargo que atualmente é denominado “governador”, e de Dona Olímpia de Sant’Anna Prestes, Júlio seguiu os passos do pai e teve importante carreira política.
Sendo assim, cursou os estudos primários em sua cidade natal e os secundários no Ginásio do Estado, na cidade de São Paulo. Em 1906, formou-se pela Faculdade de Direito de São Paulo, exercendo a profissão de advogado e, mais tarde, destacou-se na política.
Casou com Alice Viana Prestes, com quem teve 3 filhos. Faleceu em São Paulo, dia 9 de fevereiro de 1946, com 63 anos.
Governo de Júlio Prestes
Júlio Prestes iniciou sua carreira política em 1909, sendo Deputado Estadual em São Paulo até 1923, pelo Partido Republicano Paulista (PRP).
Durante três anos, ou seja, de 1924 a 1927, foi eleito Deputado Federal. Além disso, foi governador do Estado de São Paulo, de 1927 a 1930, e permaneceu de 17 de julho de 1927 a 21 de maio de 1930.
Em 1930, Júlio Prestes concorreu à Presidência do País, sendo eleito Presidente do Brasil. Foi o único presidente da história do País impedido de assumir o cargo.
Naquela época, o Brasil era marcado por um sistema de alternância de poder que ficou conhecido como “Política do café com leite”, (café, simbologia para indicar os paulistas, e o leite, para indicar os mineiros), em que os paulistas e mineiros revezavam a presidência do país por meio das oligarquias de Minas Gerais e São Paulo, as quais, apoiada pelos coronéis, ascendiam ao poder.
A situação mudou quando, com o golpe de 1930, Prestes foi impedido de assumir a presidência, ascendendo ao poder o gaúcho Getúlio Vargas (1882-1954).
Após o ato, Júlio Prestes permaneceu exilado na Europa até 1934, e quando retornou ao Brasil, decide se afastar da política definitivamente.
Quase uma década depois, em 1945, com a deposição de Getúlio, fundou e foi diretor da UDN (União Democrática Nacional), morrendo no ano seguinte.
Revolução de 1930
A despeito de ter sido eleito o presidente do país, em 1° de março 1930, contra o gaúcho liberal Getúlio Vargas, Júlio Prestes foi impedido de tomar a posse da Presidência da República do Brasil, pela Revolução de 1930, iniciada em 3 de outubro, encabeçada e articulada por Vargas, a qual pôs fim ao sistema político “café com leite”.
Assim, o carioca, que se considerava paulista, Washington Luís (1869-1957), que na época governava o país, foi deposto em 24 de outubro de 1930 pelo golpe militar liderado por Getúlio, pondo fim à República Velha.
Em 1929, Washington Luís indicou o político Júlio Prestes para assumir o cargo de presidência do país, no entanto, isso desagradou os mineiros, que previam uma indicação do estado, uma vez que a política do café com leite alternava os paulistas e mineiros no poder.
Não obstante, Júlio Prestes, que atingiu a maioria de votos, sobretudo do estado de São Paulo, quase 90 % (totalizando 1.091.709 votos, contra 742.794 de Getúlio Vargas), foi impedindo de governar pela Aliança Nacional Libertadora (ANL), composta pelos estados de Minas Gerais, Paraíba e Rio Grande do Sul, que alegava fraude eleitoral (na contagem dos votos).
Além do descontentamento popular que se espalhava pelo país, em função da crise econômica de 1929 (quebra da Bolsa de Valores de Nova York) o assassinato do paraibano João Pessoa, vice-presidente da Aliança Libertadora Liberal, assassinado pelo jornalista e advogado brasileiro João Dantas, foi o estopim para afastar Júlio Prestes do poder.
Revolução de 1932
Como resposta ao golpe dado por Getúlio, os paulistas insatisfeitos com a deposição do presidente, organizaram um movimento que ficou conhecido como Revolução de 1932, Revolução Constitucionalista de 1932 ou Guerra Paulista.
Obras de Júlio Prestes
No exílio, Júlio Prestes dedicou-se a literatura, que ele dizia ser uma paixão de infância. Escreveu poesias das quais se destacam: “Brutus” e “Prece”.
Segue abaixo, o poema “prece” (1932), escrito em Portugal durante o exílio:
Na Igreja Da Graça Em Beja, Existe Uma Nossa Senhora da Saudade A sua alegria é uma alegria triste Mas agora a tristeza é uma fonte de bondade Uma lágrima vence o seu sorriso E há no se esplendor da sua mocidade O clarão de um crepúsculo indeciso A iluminar uma saudade. É esta a Santa dos Expatriados Que floresce e viceja Nos corações dos exilados Que rezam nessa Igreja Nossa Senhora da Saudade, Padroeira de Portugal Senhora dos que sofrem, dos que penam Longe dos seus e do país natal. [TodaMatéria]