Artur da Costa e Silva é 8º brasileiro a ser capa da Revista Time Magazine
21 de abril de 1967, sexta-feira. Há 57 anos
A revista "Time" tem feito um amplo trabalho de memória ao longo do ano, recuperando a cada semana a edição da revista que foi publicada 5 décadas antes e esmiuçando o mundo descrito naquela época.
E uma das edições de abril de 1967 trazia uma discussão sobre o lugar do Brasil no mundo na capa, e um tom que em muitos momentos soa bem atual.
A revista enfocava a conferência de líderes das Américas realizada em Punta del Este e dizia que caberia ao Brasil do "presidente" Costa e Silva, "líder de uma nação que forma metade da área, da riqueza e da população da América do Sul", levar adiante as decisões do encontro.
Uma imagem de Costa e Silva, por sinal, estampava a capa da publicação, que se referia a ele como "líder" e "presidente", mas não como ditador, segundo a memória publicada agora no site da publicação.
Após ser um dos homens poderosos envolvidos no golpe de 1964, dizia, "Costa e Silva prometeu humanizar a revolução lançada pelo seu antecessor austero e sem humor –mas também deixou claro que pretendia levar adiante muitas das reformas básicas iniciadas por Castello", dizia a revista, sem questionar o fato de o Brasil ser uma ditadura na época.
O mais interessante de perceber na publicação de parte do texto histórico é ver a linguagem usada pela "Time" em 1967.
Alguns dos termos usados na época ficaram marcados como alguns dos mais comuns durante o recente período de ascensão econômica do país, na década passada.
"Otimismo do tipo que no passado cegou o Brasil precisa aguardar que, tendo chegado ao ponto de decolar, o gigante do Sul vá finalmente decolar", dizia.
A expressão "take off" usada duas vezes na mesma frase faz a famosa capa da "The Economist" de 2009, com o Cristo Redentor como se fosse um foguete soar como um eco distante.
E o tipo de avaliação reforça a ideia já percebida por analistas de que a imagem do Brasil no resto do mundo alterna esses momentos de euforia e depressão, com impressão de que o "gigante" vai decolar sempre que vive um bom momento.