Dilma foi presa no dia 16 de janeiro de 1970, aos 22 anos de idade, em um bar na Rua Augusta, região central de São Paulo. O local era utilizado para encontro clandestino entre militantes.
Diferentemente do que muita gente imagina, Dilma Rousseff não participou do maior roubo praticado por organizações de esquerda para financiar a luta armada contra a ditadura no Brasil, no dia 18 de julho de 1969.
Sua atuação se deu na partilha e na troca dos US$ 2,5 milhões, levados do cofre da amante do ex-governador paulista Adhemar de Barros, um político populista definido como uma mistura de Paulo Maluf e Silvio Berlusconi, que recebeu de seus inimigos a expressão "rouba, mas faz", da qual teria até certo orgulho.
As revelações estão no livro "O Cofre do Dr. Rui", recém lançado pela editora Civilização Brasileira, escrito por Tom Cardoso. O jornalista Daniel Favero, um dos primeiros a "devorar" o livro, publicou um interessante resumo no site Terra.
Por meio do depoimento do ex-marido de Dilma, o advogado gaúcho Carlos Araújo - que era um dos chefes da organização Vanguarda Armada Revolucionária Palmares, responsável pela ação - a participação da atual presidenta da República é esclarecida.
O cofre roubado era alimentado com dinheiro desviado por Adhemar de Barros. "Na época, não havia desvio de dinheiro como hoje para paraísos fiscais, então o dinheiro era guardado em diversos cofres espalhados pelo Brasil", afirma Tom Cardoso.
Após a morte do político, o cofre ficou com sua amante, a socialite viúva Ana Capriglione, a quem ele chamava de ´Doutor Rui´, nome de seu dentista, "para não levantar suspeitas da família e dos jornalistas, apesar de todo mundo saber do que se tratava".
Ana ou ´Doutor Rui´ guardou o dinheiro em uma mansão no bairro de Santa Teresa, no Rio de Janeiro, onde viviam seu irmão e outra família. Na mesma casa, morava o estudante secundarista esquerdista Gustavo Schiller que passou a informação para a VAR-Palmares.
"A organização acaba conseguindo roubar esse cofre, mas descobre que há muito mais dinheiro do que todos imaginavam, cerca de US$ 2,5 milhões, que hoje equivalem a cerca de R$ 25 milhões", conta Tom Cardoso. "Em depoimento à polícia, Ana disse que não havia nada dentro do cofre, já que o dinheiro era fruto de corrupção. Tudo mundo sabia que não, mas a versão oficial é de que estava vazio" - complementa o escritor.
O valor era tão alto que os guerrilheiros tiveram dificuldade para administrar a fortuna. Cerca de US$ 1 milhão foi enviado para a Argélia, onde a organização tinha contatos, parte foi apreendida pela repressão nas invasões aos esconderijos, parte foi torrada por aproveitadores, parte foi enterrada e nunca encontrada em algum lugar do ABC paulista e cerca de US$ 300 mil foram trocados por cruzeiros novos, com participação direta de Dilma.
O envolvimento dela - segundo o autor - acabou sendo maior do que o esperado na troca do dinheiro. Ela se disfarçou de gringa para trocar US$ 1 mil (em termos de moeda brasileira da época, cada dólar valia dez vezes mais) em uma casa de câmbio localizada no Hotel Copacabana Palace. Ela também participou da troca de outros US$ 300 mil negociados com o Bradesco.
O funcionário do banco propôs trocar todo o dinheiro, mas os guerrilheiros ficaram desconfiados e resolveram trocar uma parte que hoje equivaleria a mais de R$ 1 milhão.
Quando foi presa em São Paulo, Dilma estava com parte do dinheiro que seria distribuído para a organização naquele Estado. "Existe muita lenda. Quando dizem que ela ficou rica com o dinheiro do cofre, é muita bobagem", afirma o autor do livro.
Roubo do cofre c/ 2,5 milhões na casa da amante de Adhemar de Barros