1789 – Avisado de que fôra descoberta a conspiração mineira e de que estava sendo perseguido pela polícia o Alferes Joaquim José da Silva Xavier- o Tiradentes- homisia-se na casa de Domingos Fernandes, paulista de Moji das Cruzes, residente no Rio de Janeiro, à Rua dos Latoeiros, hoje Rua Gonçalves Dias. O Mojiano —, solteiro, tinha ali uma oficina de ourives e morava nos fundos do estabelecimento. Três dias depois, entretanto, delatado ainda uma vez por Silvério dos Reis, Tiradentes é preso naquele endereço e, mais tarde, condenado à forca.[1]
Tiradentes foi para o Rio de Janeiro e sabendo que o governo já tinha conhecimento da revolta tentou se esconder. O padre Inácio Nogueira levou Tiradentes para a casa do artesão Domingos Fernandes da Cruz, 64 anos, solteiro, paulista de Mogi das Cruzes que morava sozinho com mais dois escravos na rua dos Latoeiros, hoje rua Gonçalves Dias.
Domingos Fernandes Cruz aceitou esconder em sua casa/oficina um oficial fugitivo que nunca tinha visto antes atendendo a um pedido de sua comadre Inácia (Gertrudes de Almeida) – a viúva explicou ao artesão que aquele homem havia curado sua filha, portanto tinha a obrigação de ajudá-lo.[2]
Sentindo o cerco apertar, agoniado por perceberque estava sendo forçado a permanecer no Rio e que dealguma forma o Vice-rei estava sendo informado de tudoque se passava com ele, Tiradentes resolve fugir paraS.Paulo, e de lá seguir para Minas. Na noite de 7 de maio,após despistar os espiões do Vice-rei, conseguiu chegar acasa da viuva D.Inácia, sua amiga e pedir-lhe abrigo. Nãopodendo, na condição de viuva, receber um homem em suacasa, D.Inácia arranjou-lhe o sotão da casa do torneiroDomingos Fernandes da Cruz como esconderijo, aí passouTiradentes seus últimos dias de liberdade. Não aguentandomais ficar sem notícias, Joaquim José mandou o amigoPadre Inácio Nogueira à procura de Joaquim Silvério, esteque estava sendo atemorizado pelo Vice-rei pelodesaparecimento do perseguido, recebeu o padre como umCXXpresente dos céus, mas tanto insistiu em saber o paradeirode Tiradentes que Inácio Nogueira desconfiou,desconversou e ficou de voltar em outra ocasião deixando,por descuido, o seu proprio endereço. No dia seguinte opadre foi preso, e violentamente torturado entregou oparadeiro do amigo. O esconderijo foi invadido na noite de10 de maio de 1789 por um destacamento de elite da tropaportuguesa comandado pelo Alferes do RegimentoEntremoz, Francisco Pereira Vidigal. A porta arrombada,Tiradentes armado de um bacamarte viu apenas genteconhecida, colegas de farda, baixou a arma, ouviu a ordemde prisão e disciplinadamente marchou para a presença doVice-rei D. Luis de Vasconcelos, que reconhecendo-odeterminou o seu encarceramento em prisão estreita eincomunicável, nos escuros porões da fortaleza da Ilha dasCobras[3]