| 25 de outubro de 1923, quinta-feira. Há 101 anos |
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| | | A história teve desfecho na noite de 25 de outubro de 1923. Nenê chamara um carro de praça para buscá-la em casa quando Moacyr, que rondava a residência, surgiu de repente. Insistiu em juntar-se a ela para ter uma conversa séria. Os dois se sentaram no banco de trás do automóvel e, sem destino certo, foram percorrendo as ruas da cidade. Atravessaram a avenida São João, subiram a avenida Angélica e alcançaram a esquina da rua Sergipe, nas proximidades da Praça Buenos Aires. Nessa altura, três estampidos secos estalaram na noite. Moacyr havia sacado um revólver e disparado três tiros contra a ex-amante. Logo em seguida, disparou um tiro contra o próprio peito. Nenê morreu na hora, não sem antes soltar um gemido e uma palavra: “Ai, Moacyr.” Como este ainda vivia, o motorista conduziu, atarantado, o carro pelas ruas da cidade até chegar à Central de Polícia, situada no Pátio do Colégio, junto à Praça da Sé. Mas pouco antes da chegada Moacyr não resistiu ao ferimento e também acabou exalando o último suspiro, como se dizia nas crônicas da época.Na esfera dos crimes passionais, o assassinato seguido de suicídio envolvendo pessoas bem conhecidas, ainda que por motivos bem diferentes, produziu um impacto que até então a cidade não conhecera. De sua parte, expressando e, ao mesmo tempo, modelando a opinião pública, a imprensa traçou a personalidade dos dois protagonistas da trágica história. De um lado, figurava a femme fatale, a jovem sedutora, ruína de muitos rapazes, que preferiam pôr fim à vida a perder o objeto de seu amor; de outro, o jovem de excelente família, dotado de muitas qualidades intelectuais, vítima de um encanto destruidor. Ninguém se lembrou de dizer que havia uma vítima real, transformada em vilã da história.Se o cemitério em que se encontram os restos mortais de Moacyr Piza é conhecido, onde teria sido enterrada Romilda Machiaverni, que em vida se transformara em Nenê Romano? Quase sempre, escritores ou jornalistas que narraram essa história, ou parte dela, apontam o Cemitério do Araçá, localizado a apenas poucos quilômetros do Cemitério da Consolação. O sociólogo José de Souza Martins é uma voz solitária, ao afirmar que Romilda foi enterrada no Cemitério da Quarta Parada, também conhecido como Cemitério do Brás. Sem tratar de esclarecer a divergência dos dados, prefiro aceitar a última hipótese porque ela sugere que a menina vinda do bairro italiano, que se transformara em Nenê Romano, regressou ao bairro em que crescera, de onde nunca mais sairia.Ir para o topo | |
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