O inderrubável Cabeça de PorcoA região portuária abrigou o maior cortiço da história do Rio. Se hoje costumamos nos referir a “cabeça de porco” como sinônimo de sobrados multifamiliares insalubres, o nascimento deste termo remete a 1880.
Próximo à estação ferroviária Central do Brasil, o Cabeça de Porco original constituía-se como um verdadeiro bairro, com sobrados subdivididos em diversos quartos.
O nome era uma referência ao adorno do portal de entrada: a escultura da cabeça de um suíno. Era voz corrente entre a população que o dono do Cabeça de Porto atendia pelo nome de Luís Filipe Maria Fernando Gastão de Orléans, o conde d’Eu, marido da princesa Isabel.
Entretanto, a documentação disponível faz referência a diversos proprietários, desde a primeira metade do século XIX.
O Cabeça de Porco ganhou fama pela persistência. Durante o Império, não foram poucas as tentativas de desativá-lo.
Em 1891, por exemplo, um contrato da municipalidade com o engenheiro Carlos Sampaio previa a construção de um túnel e a desapropriação de imóveis.
Mas no meio do caminho lá estava ele: Cabeça de Porco impediu o bota-abaixo. Dois anos depois, entretanto, o prefeito Barata Ribeiro determinou a sua eliminação. As obras do túnel João Ricardo puderam então começar - mas levariam longos 30 anos.
Durante mais de uma década, o cortiço suscitou lendas urbanas: embora não haja registros definitivos sobre o assunto, diziam que nele chegaram a morar, ao mesmo tempo, 4 mil pessoas.