Na manhã do dia cinco de junho de 1820 o botânico e naturalista francês Auguste de Saint-Hilaire cruzou o rio Mampituba (“o pai do frio”) e entrou na capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul. Viajando numa carroça pelo litoral atravessou a fronteira e chegou a Montevidéu, de onde retornou completando um ano de viagem durante o qual escreveu o melhor relato sobre a situação do Rio Grande do Sul naquele período. Sob forma de diário, mas sem o tom intimista que caracteriza o gênero, Saint-Hilaire recolheu material que ultrapassava sua expertise como botânico. Escreveu sobre usos e costumes, gentes, clima, acidentes geográficos, situação política e econômica, num momento em que a ocupação do território era incipiente, a população não ia além de 80 mil habitantes, dispersa em pequenos povoados. Também teve um olhar crítico sobre a administração da capitania sob o império portugues.