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50
Comissão Exploradora do Planalto Central do Brasil
9 de junho de 1892



Em 9 de junho de 1892, partiu do Rio de Janeiro a comissão composta por 22 técnicos, entre eles, astrônomos, médicos, farmacêutico, geólogo, botânico, mecânico, auxiliares e militares com destino a Uberaba pela linha férrea da Companhia Mogyana. A partir daí, a comissão viajaria em lombos de cavalos, burros e mulas para o Planalto Central, servindo- se de podômetro, bússula e aneróide para determinação e orientação dos trajetos. Em 29 de junho, a comissão deixa a cidade de Uberaba com destino a Pirenópolis. Em 11 de julho chegaram as margens do Rio Paranaíba, entrando em território goiano. Aos 14 de julho, chegam em Catalão. Daí rumam para Piracanjuba, chegando somente em 29 de julho e aos 1 de agosto de 1892, chegam em Pirenópolis. Em Pirenópolis, devido a uma grande discordância entre os geógrafos sobre a altitude exata dos Picos dos Pireneus, a comissão decide verificar sua altura e conta- nos em seu relatório um pouco da história da geografia das grandes altitudes brasileiras: A opinião generalizada na época era que o Pico dos Pireneus estava a cerca de 3. 000 metros de altitude. Referência publicada pelo Padre H. R. Des Genettes, erudito e morador de Pirenópolis, que em 1873, descreve este monte estando a 2. 932 metros do nível do mar, desbancando, até então, os picos do Itacolomi, Itambé e o Itatiaia. Sendo então considerado o ponto mais alto do Brasil. Ledo engano. A comissão, já como primeiro importante cálculo para a geografia brasileira, corrige a cota e verifica, através de barômetros e aneróides, a cota de 1. 385 metros, ainda usada atualmente.

Os Pireneus de Goiás

Em 7 de agosto de 1892, a comissão inicia a subida da serra em direção aos Picos dos Pireneus. Destaca, em seu relatório, as Minas do Abade, já em ruínas, e afere sua altitude: 998 metros. A partir daí, a subida acindentada os leva a um ponto distante 5 km do pico e cuja visão é de 4 picos, em um terreno que fica quase ao nível da base dos picos. Por essa descrição, podemos crer que a turma subiu pelo vão do Rio das Almas em direção ao antigo curral do Inácio Lobo e nascente do córrego Barriguda, avistando o pico na altura da vila dos becos, próximo ao portal do parque. Pois é o único local que dista de 5 km quando, ao tombar a serra, se avista os 4 picos. Os outros pontos estão mais próximos e o quarto pico não é avistado.

Pernoitaram num acampamento mais próximo do pico, de onde só era possível avistar 3 picos e cuja altitude era de 1. 123 metros. Pela descrição e altitude, eles só poderiam ter acampado próximo ao córrego Arruda, pois é a única área abaixo dos 1. 200 metros de onde se pode avistar os picos e há água abundante. No dia seguinte, dia 08 de agosto de 1892, empreeitaram a subida do pico e aferiram por fim sua altitude: 1385 metros. Concluindo, tiraram as seguintes deduções: Pirenópolis: 740 mMinas do Abade: 998 mAcampamento: 1. 123 mBase do Pico: 1. 318 mPireneus cume) 1. 385 mNo alto do pico eles deixaram encerrado numa caixa de metal um documento com os seguintes dizeres: "Ascensão ao Pico dos Pyreneus Alto do pico mais elevado, em 8 de Agosto de 1892 As 12 horas da manhã do dia 8 de Agosto de 1892, 4º da República dos Estados Unidos do Brazil, chegou- se ao alto deste pico, o mais elevado dentre os dos Pyreneus, a Comissão Exploradora do Planalto Central do Brazil e aqui fez observação para determinar com a maior precisão as coordenadas desta posição. E, para attestar em qualquer época a sua presença, lavrou este documento que é por todos assignados e que depois de convenientemente lacrado, fica depositado no alto do próprio pico. Assignaram: L. Cruls. Antonio Pimentel. H. Morize. Tasso Fragoso. Pedro Gouvêa. A. Abrantes. Alipio Gama. Hastimphilo de Moura. P. Cuyabá. Henrique Silva. Paulo de Mello. "Caixa esta que, infelizmente, não existe mais. Se existe, está guardada em algum lugar inacessível ao público por um cidadão avarento.

A demarcação do Quadrilátero Cruls

Ao retornar para Pirenópolis, no dia 9 de agosto, a comissão se prepara para partir em busca do almejado quadrilátero de 14. 400 km2. Luis Cruls determina a formação de 2 turmas: uma, chefiada pelo próprio Cruls, que seguirá à cidade de Formosa via Serra do Urbano Urbano do Couto Menezes) ou das Divisões saída ao norte pelos divisores de águas) e outra, chefiada por H. Morize, que rumará à cidade de Formosa via Corumbá, Santa Luzia e Mestre D`armas saída a leste) De Formosa, a comissão se divide em 4 turmas, uma para cada vértice do quadrilátero. É notável a intenção de Cruls em formar o quadrilátero inserindo neste a região dos Pireneus. Segundo Cruls, o quadrilátero deveria conter as cabeceiras dos rios que vertem para as bacias do Tocantins, São Francisco e Paraná. Também se destaca no texto do relatório a dificuldade técnica em determinar com precisão as longitudes. Foram determinadas às turmas que estas retornariam e se encontrariam, com todos os dados do trajeto e as coordenadas dos vértices, em Pirenópolis no mais tardar até o dia 10 de novembro de 1892. A turma do vétice NW, chega em Pirenópolis no dia 16 de novembro de 1892. A turma do vértice SW, chefiada por Cruls, chegou em Pirenópolis no dia 17 de novembro. A turma do vértice SE chegou em Pirenópolis no dia 5 de dezembro. E a turma do vértice NE, que não fez a demarcação simultaneamente com as outras, voltou a Pirenópolis e somente no dia 18 de dezembro é que esta rumou para o vértice e de lá para Uberaba e Rio de Janeiro. O quadrilátero de 14. 400 km2 era cerca de 3 vezes maior que os atuais limites do distrito federal e, apesar das grandes discussões posteriores a demarcação deste quadrilátero, houve um período de esquecimento, várias tentativas de instalação da capital no Triângulo Mineiro e até na Bahia, o trabalho da Comissão Cruls foi bastante decisivo tal a sua complexidade técnica e seriedade. De fato, o local escolhido detinha grandes méritos e a cidade de Pirenópolis foi peça chave na decisão. Pois, além de sediar a comissão, foi da vista dos picos a oeste pelo grande planalto, que foi descortinado o local escolhido para a área que iria sediar a futura capital. Local com grande salubridade, abundância de água boa e clima aprazível. Tivesse hoje o Distrito Federal as confrontações deste quadrilátero teríamos os picos dos Pireneus e a cidade de Cocalzinho dentro do Distrito Federal. Sorte ou azar, os Montes Pireneus ainda são Goiás. Algumas considerações interessantesSegundo Luis Cruls, pôde- se notar temperaturas muito frias nos meses de julho, chegando a 0º e a 2, 5ºC, com vários registros de geada. Calculou- se também a temperatura média anual em torno de 19, 5ºC. Coisa que hoje não se registra mais. A temperatura hoje subiu consideravelmente. Em relação às águas, Cruls cita a superioridade da qualidade das águas da região oeste do quadrilátero, como dos afluentes do Corumbá, sendo superiores às do Leste, como as do São Bartolomeu, e mais ainda àquelas dos rios do norte. A quantidade das águas são ainda comparadas às de outras cidades populosas, como Paris, na ordem de 300 para 1. 000 litros por habitante. Quanto a topografia, Cruls embasa a localização com forte argumentação de que na região demarcada "se encontram planícies, entrecortadas de depressões pouco consideráveis com declividades suaves, se presta admiravelmente para a edificação de uma grande cidade". Outra coisa interessante notada no relatório foi a desmistificação e ratificação de histórias contadas no sul das características e situações que existiam em Goiás. Era idéia comum que o Planalto Central não serviria para a nova capital por se tratar de uma região quente, insalubre, cheia de doenças e perigos como indígenas antropófagos e animais ferozes. No entanto, todos os relatórios dos técnicos, entre eles médicos, geólogos, sanitaristas, farmacêuticos e botânicos, dedicaram vários parágrafos desfazendo boatos e desmistificando fatos. Impressionaram- se estes com o oposto do que esperavam, encontraram uma terra salubre, sem perigos, com clima agradável e ótima condição de vida. Em suma, corroboraram ótimas condições e seus estudos foram determinantes para a localização do novo Distrito Federal. Vale ainda ressaltar o valioso estudo que esta comissão fez sobre aspectos da fauna, flora, geologia, hidrologia e características sócio- econômicas da região ao final do século XIX, que resultou num extenso livro de 380 páginas. Fontes e referênciasRelatório da Comissão Exploradora do Planalto Central Organizado por Luis Cruls Rio de Janeiro, 1894 Edição: Senado Federal, Brasília, 2003A Mudança da Capital José Adirson de Vasconcelos 2ª Edição Gráfica e Editora Independência Ltda 1978 BrasíliaOperação Dom Bosco Jarbas Silva MarquesCruls, A Missão que Marcou a Capital série documental em 6 episódios feito pela Rede Globo do Distrito Federal por ocasião do 55º aniversário de Brasília em 21 de abril de 2015 Episódio 1 | Episódio 2 | Episódio 3 Pirenópolis) | Episódio 4 | Episódio 5 | Episódio 6.
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