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O que houve com a “Casa de Balthazar Fernandes”?
23 de julho de 195309/04/2024 03:04:17

Primeira "construção" de Sorocaba
Data: 01/01/1947
Créditos: Herman Hugo Graeser / Arquivo Fotográfico – Iphan/SP

Em julho de 1953 a lei apresentada pelo deputado Salgado Sobrinho foi aprovada pela Assembléia Legislativa do Estado, criando a "Casa de Balthazar Fernandes" em Sorocaba, sob às despesas do governo estadual, a qual seria dirigida e supervisionada pela direção do Museu Estadual (imagem 3).

O deputado Salgado Sobrinho foi parabenizado pela magnífica vitória alcançada e a qual, por certo, iria atender a esfera cultural de nossa cidade, a exemplo do que ocorria no Museu de Itu.

O governador do estado, Adhemar de Barros, sancionou a lei e em 23 de outubro houve doação do imóvel pelo sr. Jorge Caracante e sua exma. esposa d. Ignez Marques Caracante (imagem 7).

Os sorocabanos apresentaram durante os festejos do III Centenário de fundação de Sorocaba, uma das suas mais concretas e magníficas realizações com a solene instalação da "Casa de Balthazar Fernandes", onde funcionaria o Museu Sorocabano.

A notícia teve muita repercussão em todos os meios sociais, com o envio á Câmara Municipal, pelo sr. Emerenciano Prestes de Barros, prefeito municipal, do projeto de lei, aprovando e ratificando por doação simples para a instalação daquela brilhante realização.

A restauração do imóvel seria executada pela Diretoria de Obras de Municipalidade local, de acordo com a orientação do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, do Ministério da Educação, contando com a valorizissíma cooperação do notável historiador Aluísio de Almeida, quem desde o lançamento da idéia tornou-se num dos mais ardorosos defensores da idéia, oferecendo inúmeros e inestimáveis subsidios para a planificação do trabalho que seria desenvolvido, no sentido de tornar concreta, palpável e palpitante tão louvável iniciativa.

Terminada a obra de restauração do imóvel, o mesmo seria entregue ao Museu Estadual do Ipiranga, na pessoa do seu dinâmico e realizador diretor Sérgio Buarque de Holanda, que no momento está empreendo viagem de estuydos na Europa.

Era salientado também o papel preponderante que bem ocupando nesse trabalho, os srs. Rodrigo de Mello Franco e Luiz Saya, respectivamente diretor do Serviço do Patrimônio Histórico e Artistíco Nacional e representante daquele serviço em São Paulo, os quais orientariam a restauração do edifício onde residiu o fundador da então chamada "Manchester" paulista, o maior centro industrial do interior brasileiro.

O QUE HOUVE?

O fundador de Sorocaba é um personagem controverso. Sua estátua, doada pela colônia espanhola em 1954, colocado diante do Mosteiro de São Bento, já foi alvo de vandalismo diversas vezes. Porém, passa quase despercebido a todos o imenso casarão que ele construiu em Sorocaba em 1654.

Balthazar Fernandes se estabeleceu em Sorocaba em 1654, aos 74 anos de idade. Chegou com a família e cerca de 380 escravizados, o que explica a grandeza do edíficio construído próximo ao córrego do Lajeado, atual Jardim Sandra.

Quando faleceu Fernandes doou as terras que lhe couberam por causa da morte de sua esposa, Isabel de Proença. Essas terras compreendiam uma área que ia desde o Rio Sorocaba até as divisas com Curitiba.

Juntamente com as terras e a igreja, foram doados 12 vacas, um touro, 12 índios para trabalhar na terra, uma índia para cozinhar para os padres e mais um índio para trabalhar na sacristia.

A condição para essa doação consistia na obrigação de os padres rezarem 12 missas ao longo de todo ano e mais uma celebrada no dia de Nossa Senhora da Ponte, em novembro.

A SANTA CRUZ DA COMPOSIÇÃO

Logo surgiu um conflito entre a Igreja, a Câmara Municipal e descendentes de Balthazar Fernandes, que queriam anular o testamento. Teve de vir à cidade o Padre Provincial, que era o Frei Francisco da Visitação, pertencente à congregação portuguesa. Para tentar apaziguar os ânimos sobre quem era "dono de Sorocaba", o Frei Francisco fez uma nova escritura com a Câmara.

Nessa nova escritura, foram estabelecidos os novos limites das terras do Mosteiro. A Câmara Municipal fez algumas exigências, entre elas, a permanência dos monges em Sorocaba. Se, por acaso, a Ordem Beneditina removesse os monges da cidade, deveria devolver ou doar à Câmara todo o patrimônio do Mosteiro.

O Frei Francisco da Visitação pediu para que as esmolas não entrassem nesse acordo, porque era impossível devolver o dinheiro, mas se prontificou em manter sempre dois ou três monges no Mosteiro, com a obrigação de ensinar a Língua Portuguesa, o Latim e Canto.Em 2 de julho de 1728 foi assinado o Termo da Santa Cruz da Composição entre os vereadores da época e os monges beneditinos, colocando um ponto final a impasse criado por um dos filhos de Balthazar, Manoel Fernandes de Abreu, que reivindicava a posse das terras doadas pelo pai à Ordem de São Bento.

Os padres ameaçavam, inclusive, deixar Sorocaba. Quem vindo dos lados da Estação Rodoviária, rumo ao Centro, subindo pelas ruas Santa Clara ou Dr. Nogueira Martins, logo depara-se com uma grande Cruz de pedra, afixada no alto da praça existente na bifurcação entre as duas ruas, local justamente conhecido como largo da Santa Cruz.

Os dizeres colocados junto ao monumento quando da afixação da Cruz ali em 3 de maio de 1954, então festa religiosa da Santa Cruz e dentro das celebrações do Ano do III Centenário de Fundação de Sorocaba: “Aqui Balthazar Fernandes erigiu a 1ª Santa Cruz do Senhor Jesus Cristo...”

Porém dia 16 do mesmo mês o Governador da Província de São Paulo, Antonio da Silva Caldeira Pimentel, escreve ao rei D. João relatando a disputa que se passava em Sorocaba.

D. JOÃO ANULA AS DOAÇÕES FEITAS POR BALTHAZAR

Dia 24 de Janeiro de 1729, uma segunda-feira, é uma data importante: por meio de Carta Régia, o rei de D. João, conhecido como "O Magnânimo" declarou nula as doações de terras feitas á ordens religiosas porque os títulos das terras eram as cartas de sesmaria e nestas era estipulada a condição de não irem as terras parar em mãos de religiosos, e que não "se constava, Balthazar, como senhor das terras".

Não adiantou! Em agosto de 1774 José de Almeida Leme, capitão-mor de Sorocaba, solicitou ao Governador a expulsão de invasores das terras do Mosteiro São Bento, doadas por Balthazar.

O CASARÃO

Sempre me intrigou a falta e os registros existentes do centenário casarão. O francês Jean-Baptist Debret registrou a Real Fábrica de Ferro em Ipanema em 1821, um panorâma da cidade e a Cachoeira da Chave em 1827.

Francisco Luís de Abreu Medeiros fez gravuras da cidade em 1864; o polonês Julio Wiecszerski Durski, que chegou em Sorocaba aos 24 anos em 1875, é considerado o primeiro fotógrafo da cidade.

Pedro Neves dos Santos (1923-1924), Luiz Almeida Marins e Nicolau Alonso Filho (1930) também não registraram o casarão.

Em 1938 a equipe da revista "A Cidade" foi convidada para "uma tarde alegre na pitoresca e elegante vivenda", à convite do proprietário e família, registrou outro belo casarão, porém não o casarão. (imagem 4).

No final da década de 40, Herman Hugo Graeser, fotógrafo do IPHAN/SP, fez registros fotográficos em Sorocaba e registrou o casarão (imagem 1), porém não Gal Moreira Dini II, filho do ex-prefeito Gualberto Moreira, registrou muitas das obras que estavam sendo realizados em Sorocaba durante as gestões de seu pai.

O Jardim Sandra e o Parque da Biquinha foram construídos na década de 70.
O que houve com a “Casa de Balthazar Fernandes”?
Estátua de Balthazar Fernandes
Data: 01/07/2021
Créditos: Reprodução / G1
((emm)
Projeto "A Casa de Balthazar Fernandes
Data: 23/07/1953
Créditos: Jornal Cruzeiro do Sul
Jardim Sandra (ccc)
Chácara Caracante. Atual Jardim Sandra
Data: 01/01/1938
Créditos: Celso Marvadão Ribeiro / Revista a Cidade
A equipe da revista foi convidada para "uma tarde alegre na pitoresca e elegante vivenda", à convite do proprietário e família ( Foto colorida digitalmente (ccc) (va-1930)
Casarão construído por Baltasar Fernandes*
Data: 01/01/1947
Créditos: Antônio Carlos Sartorelli / Lembranças Sorocabanas
Atual Jardim Sandra (colorida digitalmente) (ccc)
Casarão de Balthazar Fernandes
Data: 01/01/1952
Créditos: Museu Histórico Sorocabano
Ficava próximo ao Parque da Biquinha. Jardim Sandra. Foto colorida digitalmente (ccc)
Projeto "A Casa de Balthazar Fernandes
Data: 23/10/1953
Créditos: Jornal Cruzeiro do Sul
Jardim Sandra (ccc)


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