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O brasileiro “misterioso” que falou com Thomas Jefferson sobre Independência e escravidão na França
abril de 178709/04/2024 08:15:35

Declaração da Independência dos EUA
Data: 04/07/1776
Créditos: John Trumbull (1819)

Em 1787, um jovem brasileiro, Maia, estudante de Montpelier, disfarçando-se com o pseudônimo de Wandek e rodeando-se de mil mistérios, aproximou-se de Jefferson, então embaixador dos Estados Unidos em Versalhes.

Aproveitando-se de uma viagem de Jefferson pelo sul da França, encontrou-se com ele em Nimes, e aí falou-lhe da independência do Brasil, com que sonhava, e pediu-lhe o auxílio dos Estados Unidos. Jefferson desanimou-o, como se evidencia das cartas que o embaixador escreveu a Jay, Secretário de Estado, dando-lhe conta da entrevista que tivera com ojovem brasileiro.

Quem seria aquele Maia?

José Joaquim da Maia nascera no Rio de Janeiro, no bairro da Lapa, filho de modestíssima família. Recebeu no Seminário da Lapa as primeiras lições de literatura. Depois, saiu, naturalmente, para seguir humilde profissão. Mas logo viu que isso seria impossível para o seu temperamento, como também para a sua débil saúde. Moço culto, cheio de sonhos, não se conformou com a vida que, naquele tempo, lhe poderia oferecer a terra natal. Desejou estudar leis.

A princípio, o pai não viu a fantasia com bons olhos. Filho de pedreiro só poderia ser pedreiro. Mas o rapaz, voltando do Seminário, continuava a estudar. Altas horas da noite, o velho via luz no seu quarto. Era o filho que devorava livros e mais livros.

Ao mesmo tempo, passara a falar de assuntos pouco recomendáveis. Para tudo, ele encontrava remédio na independência do Brasil. Citava a cada passo a independência da América Inglesa. Estava ao par dos grandes problemas da nacionalidade e — o que era pior — conhecia os meios de resolvê-los. Dentro de pouco, profetizava o pai, os alguazis lhe botariam a mão. E, com ele, a família inteira.

Para agravar-lhe ainda mais a conduta, começou a ausentar-se de casa. Passava dias inteiros não se sabia onde. E, muitas vezes, tarde da noite, recebia a visita de uns homens que, a julgar pela poeira e fadiga, deveriam ter chegado de longe. Mais dia menos dia, a vizinhança começaria a temê-lo, e apontá-lo com o dedo. E o velho se amofinava. Estava-se num tempo em que estimar os livros era atestado de má conduta. O rapaz definhava, enlanguescia. Começou a manifestar sintomas que o velho pedreiro denominou de consunção. Até que uma noite, penalizado, chamou o filho de parte e disse-lhe:

— José, vou te dar uma grande notícia. Acabo de reunir os haveres e pretendo despachar-te pela primeira nau para Portugal. Já que nasceste para os livros e não há mão que te arrede do ingrato caminho, seja feita a vontade de Nosso Senhor... Assegurar-te-ei uma anuidade de 120$000, que poderás receber no Porto, em casa do Faria Neto. Que dizes a isso?

O moço quase enlouqueceu de alegria. Não por ir estudar em Coimbra, mas por conhecer a parte da Europa que mais lhe importava. E, pressuroso, correu a determinados lugares, dando a alvissareira nova. Ao que parece, foi-lhe confiada a missão de interessar governos e povos num projetado movimento revolucionário cujo fim seria a independência do Brasil.

Na semana seguinte, entre lágrimas e adeuses, partiu ele para Lisboa. Demorou-se algum tempo em Coimbra e, quando menos se esperava, ei-lo que se dirige à fronteira e, gastando de uma só vez quase todo o dinheiro que deveria bastar-lhe por um ano, chegou à França.

Dia 2 de outubro de 1786, de Montpellier, usando o codinome "Wendeck" ele escreveu á Thomas Jefferson em Paris:

"Digníssimo Embaixador da República da América do Norte — Paris. Monsenhor. Eu tenho uma coisa de muita importância a comunicar-vos, mas como o estado de minha saúde não me permite poder ter a honra de vos encontrar em Paris, rogo-vos ter a bondade de me dizer se posso com segurança comunicá-la por carta, pois que eu sou estrangeiro e por conseguinte pouco entendo dos usos do país. Peço-vos perdão da liber­dade que tomo e rogo-vos endereçar a resposta a mr. Vigarons, conselheiro do rei e professor de Medicina da Universidade de Montpellier..."

Em 21 de outubro, por meio do professor Vigarons, veio uma carta resposta:

— O sr. embaixador (Jefferson) escreveu-me, pedindo referências a seu respeito. Dei todas as que julguei úteis. Pedi-lhe, no entanto, que não utilizasse o seu nome, porque a diplomacia portuguesa está vigilante e um deslize poderá trazer grandes penas lá longe, na colônia. Junto com a minha carta, veio esta outra, que lhe é destinada.

Do bolso da casaca, tirou um livro de Voltaire. Dentro desse livro, havia uma carta. Entregou-a ao estudante. José Joaquim da Maia recebeu-a de mãos trêmulas. Depois de agradecer ao professor, correu ao quarto, sentou-se à mesa e escreveu longa resposta que começava assim:

"Acabo de receber a honra de vossa carta e estou triste de não a ter recebido antes. Mas fui obrigado a ficar no campo até ao presente, devido à minha saúde; e como vejo que as minhas informações chegarão seguramente, vou ter a honra de vo-las comunicar. Sou brasileiro e vós sabeis que a minha infeliz pátria geme numa escravidão que se torna cada dia mais insuportável, desde a época da vossa gloriosa independência etc."E terminava com estas palavras:

"Eis aí, monsenhor, de modo mais ou menos preciso, o resumo das minhas intenções. E foi para realizar essa comissão que eu vim à Europa, pois que na América teria sido impossível mover um passo e não despertar desconfiança. A vós pertence, agora, decidir se pode executar-se a empresa. Se quereis consultar a vossa nação, estou pronto a oferecer-vos todos os esclarecimentos precisos".

Mandou a carta e ficou à espera do resultado. Foram dias de inquietação e ansiedade. Todas as manhãs, quando o sino da faculdade tocava a aula, subia pela escada conventual e se dirigia à biblioteca. Algumas vezes encontrava o professor Vigarons, que o cumprimentava com um modo indiferente como fazia com os demais estudantes que lá entravam. E o brasileiro todo se amofinava. Ter-se-ia desinteressado da questão? Acharia prudente afastar-se daquele caminho?

A verdade era que naqueles dias a situação da França já impunha comedimento, e Vigarons era conselheiro do rei. Uma força misteriosa imiscuía-se por toda parte. Em nome da segurança pública revistava-se tudo. Auscultava-se o pensamento dos homens. Além disso, era preciso contar com a atividade da diplomacia portuguesa. Seus agentes espalhavam-se pela Europa, talvez policiando os brasileiros, que por ali andavam. Principalmente os estudantes.

Numa das visitas à faculdade, pensando nessas coisas, já disposto a urdir novo meio de comunicações com o embaixador americano, encontrou o professor Vigarons. Ele seguia pelo corredor umbroso. Mostrava-se discreto. Nada na sua figura traía entusiasmo ou decepção. Mas, ao ver o estudante, chamou-o com um dedo:

— Achei o livro. Venha cá.

Entraram na biblioteca. Vendo que estavam sós, tirou do bolso um exemplar do Emílio de J. J. Rousseau, e de dentro de suas páginas sacou um papel timbrado.

— Cá está mais uma carta do embaixador.

Quando o rapaz quis agradecer-lhe, já o velho havia desaparecido; estava numa roda de rapazes que lhe contavam qualquer coisa de engraçado. Maia não quis importuná-lo com agradecimentos e despencou pela escada. Na rua, sentado num frade-de-pedra, leu:

"Paris, 27 de dezembro de 1786. — Senhor. — Eu espero a cada instante fazer uma viagem às províncias meridionais da França. Tardei a responder à vossa carta de 21 de outubro esperando já poder comunicar-vos o dia da minha partida, e o dia e o lugar em que poderia ter a honra de vos encontrar. Mas até este momento não foi decidido. Teria seguramente a honra de vo-lo comunicar um encontro em Montpellier ou suas vizinhanças".

Essa carta, vinda de Paris em qualquer diligência, só chegou às mãos de José Joaquim da Maia a 4 de janeiro. No dia seguinte, ele escreveu a resposta:

"Excelentíssimo. A notícia que acabo de receber da vossa viagem nesta parte da França deu-me um grande prazer, e dela me felicito, pois que era para mim indispensável ter a honra de falar-vos, e o estado de minha saúde não me permite fazer uma viagem a Paris. Se eu pudesse saber o dia da vossa chegada a Nimes e vosso endereço, não deixaria de ter a honra de ir ao vosso encontro. Estou pronto a fazê-lo em qualquer outro lugar de vosso agrado. Apenas, aguardo para tanto as vossas ordens".

O encontro ocorreu em Nimes. Jefferson, viajando de Paris para as águas termais de Aix, a cinco léguas de Marselha, ao chegar a Avinhão, pretextara desejo de conhecer as ruínas romanas, e se desviara para Nimes. Fora feliz nessa resolução. O tempo mostrava-se favorável. O ar seco e tépido. O céu azul e limpo. A primavera engalanava a terra, o plenilúnio alumiava a noite.

O préstito dirigiu-se à parte oposta às ruínas e estacou. Dos veículos menores desembarcaram seis ou sete homens de capa estreita com abas à altura dos ombros, e chapéu alto, espalhando-se pelas vizinhanças. Alguns se dirigiram às ruínas e penetraram nas suas sombras. Um instante após, abriu-se a portinhola da carruagem grande e um homem apeou. Era alto, aprumado, decidido. Caminhou na direção do Coliseu. O estudante pensou:

— Lá vem Sua Excelência!

Quando o embaixador se aproximou, o rapaz tirou o chapéu e estendeu-lhe a mão:

— Wendeck.

— Tomas Jefferson.

Devia contar quarenta e três para quarenta e quatro anos. Ainda estava em pleno viço por ocasião da Independência do seu país, tinha apenas 33 anos. Era, então, um homem de rara beleza masculina.

Naquela noite, abril de 1787, diante do universitário brasileiro que desejava uma audiência, ainda conservava a beleza e a elegância da mocidade. Vestia casaca de pano encorpado e escuro, calções de seda clara, botas curtas, chapéu alto, meio afunilado e com abas reviradas. O vento agitava-lhe os bofes de renda.

Tirando o chapéu, para refrescar a fronte alta e pálida, o estudante viu que o embaixador americano trazia os cabelos arrepanhados para trás e amarrados, na altura da nuca, por um laço de fita. Não estavam empoados. Ao luar, tinham o lustro de uma placa de ouro.

Tendo-se apresentado em poucas palavras, os dois homens caminharam lado a lado, entraram no Coliseu e foram sentar-se no anfiteatro. Ali, como velhos conhecidos, iniciaram a conversa. Uns vultos de capa e bastão rondavam pelas vizinhanças, demorando-se ora aqui, ora ali, como a contemplar as ruínas. O estudante notou-os:

— Aqueles homens...

Jefferson explicou:

— São amigos.

De quando em quando, um pássaro noturno assustava-se, batia pesadamente as asas e, soltando pios, ia empoleirar-se nos arcos de pedra... Depois, ficava o silêncio, um silêncio carinhoso de primavera ao luar.

O diplomata foi direito ao assunto:

— Vejo que o senhor é muito jovem, mas isso me agrada. Quero, porém, adiantar-lhe, por ser verdade, que não estou autorizado pelo meu governo a assumir compromissos nem a encorajar movimentos em parte alguma. Desejo que o senhor seja um bom orador: quanto a mim, limitar-me-ei a ser um bom ouvinte. O que me for dito, eu, chegando a Marselha, comunicarei ao meu governo. É o que de melhor poderei fazer em proveito de sua pátria.

José Joaquim da Maia aconchegou-se na capa e falou:

— Sinto-me indicado para falar-vos de minha pátria, pois visitei as principais cidades, percorri as terras auríferas e diamantinas e conheço, por tê-los estudado, os nossos principais problemas. Antes do mais, devo dizer-vos que o Brasil conta o mesmo número de habitantes que Portugal. São portugueses, brancos naturais do país, negros e pardos cativos, e índios selvagens ou civilizados.

Os portugueses, poucos em número, quase todos casados no Brasil, tendo perdido a lembrança do solo pátrio e o desejo de voltar a ele, estão por isso dispostos a abraçar a independência. Os brancos naturais do país formam o corpo da nação. Os escravos são iguais em número aos homens livres. Os índios domesticados são destituídos de energia, e os selvagens nenhum partido tomarão nesse assunto. Há vinte mil homens de tropas regulares.

A princípio, eram todos portugueses, mas, à proporção que morriam, foram sendo substituídos por naturais do país, de modo que os brasileiros compõem hoje a maior força das tropas, e podemos contar com eles. Os oficiais são em parte portugueses, em parte brasileiros. Seu valor é indubitável; conhecem as manobras, mas desconhecem a ciência da guerra e nenhuma predileção têm a favor de Portugal, nem manifestam algum sentimento forte por outro qualquer objeto.

Os clérigos são igualmente em parte portugueses, em parte brasileiros, e não parece que tomem grande interesse na contenda. A nobreza é apenas conhecida como tal. Os chamados fidalgos não fazem questão de distinguir-se do povo. Os homens de letras são os que mais desejam a revolução. O povo não é muito influenciado pelos padres. Numerosos indivíduos sabem ler e escrever: possuem armas e costumam servir-se delas para caçar. Os escravos têm de seguir a causa dos senhores.

— Há no Brasil um forte espírito de separação?

— Pelo que respeita à revolução, não há mais do que um sentimento em todo o país — mas não aparece uma pessoa capaz de dirigi-la, ou que se arrisque, pondo-se-lhe à frente, sem o auxílio de uma nação poderosa...

— Continue.

— Os brasileiros consideram a revolução da América do Norte como precursora da que eles desejam: é dos Estados Unidos que esperam todo o socorro. As melhores simpatias desenvolvem-se entre nós para convosco. O Rio de Janeiro, atualmente capital da colônia, conta cinquenta mil habitantes. Conheço a antiga capital, São Salvador.

Visitei, igualmente, as minas de ouro situadas no interior do país. Todos esses lugares propendem para a revolução e, como constituem o corpo da Nação, poderão arrastar os outros consigo. O quinto que o rei cobra do produto das minas anda por treze milhões de cruzados. Apenas o rei tem o direito de explorar as minas de diamantes e de outras pedras preciosas, que lhe rendem quase metade dessa quantia.

Somente o rendimento dessas duas fontes de riqueza deve montar a dez milhões de dólares, por ano; mas o remanescente do produto das minas, que sobe a vinte e seis milhões de dólares anuais, pode ser aplicado nas despesas da revolução. Afora as armas que andam pelas mãos do povo, há depósitos delas.

Há muitos cavalos, mas só uma parte do Brasil permite o serviço de cavalaria. Precisaremos de artilharia, munições, navios, marinheiros, soldados e oficiais; e para tudo isso estamos deliberados a recorrer à vossa Nação, entendendo-se sempre que os fornecimentos e serviços serão necessariamente pagos.

— E Portugal?

— Portugal não dispõe de esquadra nem de exército; portanto, não poderá invadir o Brasil, antes de um ano. Tal invasão seria para a metrópole mais para temer porque, a falhar a primeira, não seria possível intentar segunda, pois, cortada a principal fonte de sua riqueza, apenas conseguiria um pequeno esforço; ao mesmo tempo, se a Espanha invadisse o país pela parte do Sul, ficaria sempre tão distante do corpo dos estabelecimentos que não chegaria até eles e, portanto, a intromissão da Espanha nesse negócio não será para recear-se. As minas de ouro estão entre montanhas inacessíveis aos exércitos e o Rio de Janeiro é o porto mais seguro do mundo, depois de Gibraltar.

No caso de termos de sustentar grandes forças, estamos providos de muito gado. Em algumas regiões, abatem-se reses unicamente para aproveitar-se o couro. A pesca da baleia é exclusivamente feita pelos naturais, mas em embarcações pequenas, de modo que não sabem manobrar as de grandes dimensões.

O Brasil importa de Portugal farinha de trigo e peixe salgado; passaria, depois da independência, a comprá-los nos Estados Unidos, que também lhe venderiam os navios necessários à guerra e ao comércio.

A farinha de trigo, na colônia, é vendida ao preço de vinte libras cada cem arráteis. E, para terminar, quero dizer-vos que a parte mais ilustrada da colônia tem por infalível a independência. Sobre essa revolução não há mais do que um pensamento em todo o país, e, no caso de ela ser bem sucedida, será organizado um governo republicano, o qual se generalizará por todas as províncias.

— Como lhe antecipei, não tenho autorização do meu país para aceitar propostas, nem tampouco fazê-las. No entanto, como simples cidadão, vou comunicar as suas palavras ao meu governo. Não acredito, porém, que estejamos em condições de comprometer a nação em uma guerra com Portugal, cuja amizade desejamos cultivar, tanto assim que, ainda há pouco, celebramos vantajoso acordo comercial entre os dois países.

Nosso apoio, no entanto, poderá ser de outra forma. A esperança de consideráveis vantagens chamará ao Brasil numerosos indivíduos em seu auxílio e, por motivos mais nobres, serão atraídos os nossos oficiais, em cujo número há muitos excelentes. Nossos concidadãos, podendo sair da pátria quando querem, sem licença do governo, podem da mesma sorte dirigir-se a qualquer país.

Por entre as pedras altas, passou um vulto. Tomas Jefferson fez-lhe sinal. O vulto aproximou-se.

— Chame o carro.

Dali a momentos, a carruagem deslizou pela noite, ao trote das duas parelhas, e veio estacar diante da porta magna do Coliseu. O embaixador e o estudante caminharam lentamente para ela, trocando palavras sem importância. Quando Jefferson pôs o pé no estribo, ainda lhe estendeu a mão enluvada, que o rapaz apertou comovidamente.

Outro sinal do embaixador e os cavaleiros do rei partiram à frente, depois a carruagem; no coice os dois carros que a escoltavam, conduzindo auxiliares. E José Joaquim da Maia ficou de pé, sob um arco do Coliseu, por onde entrava o luar, um luar pálido e remoto que mais falava da eternidade que das pequeninas questões dos homens.

Voltou à estalagem à l´enseigne da Lebre de Ouro. Na manhã seguinte, tomou a diligência para Montpellier. Mas não voltou à Universidade.

Assim que pôde, abandonou os estudos e regressou a Portugal. Lá chegando, imiscuiu-se entre os estudantes brasileiros, fazendo propaganda da independência da pátria. Suas palavras não caíram em chão ingrato. Dentro de pouco, o ambiente era de tal maneira favorável aos patriotas brasileiros que despertou temor em muita gente. Chegou a transpor as muralhas medievais do claustro de Santa Clara, em Coimbra.

A madre Joana de Menezes Valadares mostrou temor pela sorte de seus parentes que se encontravam na colônia. Em 18 de julho de 1787, escrevia ela ao primo Joaquim Pedro de Sousa Câmara, moço fidalgo da Casa Real e sargento-mor dos auxiliares da comarca do Rio das Mortes, pedindo-lhe que se retirasse, quanto antes, para o Reino.

"Vossa senhoria que aí está bem, aqui ficará melhor; e suponhamos que se introduz o espírito de vertigem nos ânimos desses naturais, e que tumultuam; nesse caso, parece que mais arriscado seria o partido da honra, que vossa senhoria infalivelmente havia de seguir; e o melhor é evitar estes apertos e vir com eles à presença da soberana e livrar-se de um governo subalterno, que às vezes degenera em despotismo".

Essa carta veio a figurar na devassa. O sargento-mor viu-se em dificuldade para explicar aos questores o sentido das palavras da prima de Coimbra...

José Joaquim da Maia, anos depois, sentindo-se morrer, quis voltar ao Rio de Janeiro, sua terra natal. Doíam-lhe saudades do pai, o velho pedreiro da Lapa, do casebre em que nascera, das paisagens familiares da infância. Mas a enfermidade, que já ia muito avançada, reteve-o no leito. Em parte, para seu bem.

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