Nós e o GovernoAo Diário de Sorocaba Prometemos ao nosso estimável colega Diário de Sorocaba uma breve resposta a propósito da nossa atitude com relação ao ministério 10 de março [1].
O nosso entusiasmo não provém da lei de 13 de maio [2], que incotestavelmente foi um ato que por si só recomenda o gabinete, que teve a coragem de consorciar-se com a opinião para fazer tão profunda e radical reforma social.
~Temos outros motivos para prestar o nosso modesto apoio á política do gabinete 10 de março. O largo plano de melhoramentos materiais, constitui uma políica econômica das mais sãs para colocar um governo em posição simpática perante o país.
Os trabalhos já iniciados, as combinações financeirar do atual ministro da fazenda, cujo resultado se reflete no cambio, que ultimamente tem atingido acima do par.
A comissão de que foi encarregado o general Deodoro [3], cujas vantagens muito breve se refletirão nos interesss economicos do país e respecialmente das províncias de Mato Grosso e Goiás.
Tudo isto são outros tantos motivos para exaltar o nosso entusiasmo pelo governo. E tanto mais se justifica a nossa posição, quando vemos que o ilustre e benemerito estadista que preside o gabinete, nada mais tem feito do que por em prática, com mais largueza de vistas, o plano da política do ministério 7 de março [4] que foi o mais fertil e benefico que teve o país neste longo período do segundo reinado, sendo certo que o atual gabinete é legítimio continuador daquele, não só na sua política, como também no seu homem, que foi a alma e a vida do 7 de março e é o impulsor enérgico, como presidente do conselho do 10 de março.
O Sr. conselheiro João Alfredo assuimiu e tomou a responsabilidade do governo, justamente no momento em que o país passava por uma agitação perigosa e ameaçadora; mas, antes de medir o perigo, o benemerito estadista já tinha medido o seu patriotismo e energia: ele não via mais do que uma agitação patriótica, que seria sufocada pelo próprio patriotismo em ação.
No Relatório da presidência do Pará em 1869, já o Dr. João Alfredo mostrava a sua alta orientação política. Naquele importante documento oficial vamos encontrar muita coisa dita, que só agora se está fazendo.
Não citaremos trecho algum do Relatório do presidente João Alfredo, para não alongar este artigo, que já vai passando das proporções de uma breve resposta; porém, prometemos ao estimável colega de Sorocaba apresentar no próximo número dados mais positivos que venham a demonstrar e autenticar tudo quanto dizemos a respeito do ministério 19 de março, da sua política e do notável estadista, que é o impulsor de toda essa atividade que notamos no país.
Não declaramos e, acostumados á aridez dos assuntos econômicos e da estatística, não nos é facil "turibular" ídolos, mas certamente é nosos dever aplaudir os que se impõem pelo seu passado, e pelos seus serviços, dando sempre em todos os atos de sua vida exemplos de abnegação, de civismo e de alta orientação e critéiona direção das causas do país.
Foi assim que nos acostumamos a ver no Sr. conselheiro João Alfredo um estadista de elevado talento e capaz de fazer o que já tem feito, e mais ainda fará, se a política de campanario e de corrilhos não vier por-lhe embaraços com as suas exigências tacanhas e obstrucionistas;
Já vê o Diário de Sorocaba, a quem só devemos cortezsia e atenções, que não nos deixamos dominar por uma influência passageira; e, além do que fica exposto, não temos outra razão particular, pois não recemos do Estado auxílio, nem favor algum, se acreditamos que de todas as publicações cientifícas o Jornal dos Economistas é a única revista que não tem uma só assinatura para pelo governo.
Damos com prazer todas estas explicações e no próximo número informaremos o Diário de Sorocaba quais as revistas e periódicos que recebem subvenção e assinaturas do Estado.Tudo isto que fazemos, pelo muito quen os merece o estimável colega, a quem nos dirigimos com a cordialidade de que é digno e merecedor.