2. Houvepolêmica pela imprensa: a diretoria da empresa declarou que nada tinha com esse contrato,pois a “Companhia Sorocabana é uma empresa puramente mercantil e deveria somentecuidar de seus interesses diretos e não dos de outrem e menos dos trabalhadores”103.Articulistas e acionistas protestaram veementemente na imprensa:“(…) Não! Mil vezes não; aqui não se trata de interesses de terceiros, mas de interessesvitais da companhia, seu crédito futuro; o êxito de transações próximas; são pois interessesprimários.”104.A denúncia da existência da prática de monopólio dentro de uma grande empresa detransportes que se construía, levou a burguesia local a uma forte reação contrária. Afinal,ela que se considerava moderna e avançada, como poderia tolerar uma prática mercantilista,tão contrária aos modernos desígnios da livre iniciativa? E mais: se esse tipo de atitude nãofosse repreendida e corrigida, o que os outros homens de negócios que poderiam ser-lheinteressantes pensariam ou fariam? Ou melhor, quantos contratos deixariam de assinar?..Talvez alguns jornalistas – que também eram militantes políticos – realmente tivessemalgumas preocupações com a sorte dos trabalhadores, mas o mais provável era que talsituação, contrariasse seus princípios e os colocassem em oposição a Maylasky. Após várias semanas de acaloradas discussões na imprensa, o engenheiro Firmo deMello, um dos implicados nas denúncias, foi exonerado. Parece que os ânimos seacalmaram, mas permaneceu a desconfiança sobre Maylasky, mantida especialmente pelojornal O Ypanema.