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Publicação sobre o estouro do reservatório na Vila Barão
22 de junho de 1986



"A velha Fazenda do Barão de Mogi- Mirim (hoje vila Barão) era cortada por um leito abandonado da Estrada da Sorocabana, em quase toda a sua extensão e que foi substituído por um novo traçado que permanece até hoje.

Abaixo da sede da fazenda, existia um açude cuja água era bombeada por um motor elétrico para as caixas destinadas não só ao abastecimento da sede, como também para encher os também destinados aos bebedouros do gado.

Este pequeno açude tinha por barragem o velho leito da Estrada de Ferro, sendo que os boeiros de escoamentos haviam sido fechados com paus de eucalipto, cuja duração dentro da água é permanente.

Resolvi mudar o sistema de elevação da água, trocando o sistema elétrico por um "ariete" (burrinho que funciona coma própria força da queda da água, sem gastos de qualquer espécie e automaticamente) que dá conta do recado, além do baixo custo de instalação. Não requer instalações especiais podendo trabalhar até no relento.

Para alterar o sistema, eu precisava secar o açude e se assim resolvi, assim o fiz, e dei mãos à obra de "secar" o velho açude. Para isso determinei ao pessoal que fizesse uma profunda vala do lado do açude, no aterro que servia de barragem, para se conseguir a retirada dos paus que tapavam a saída do boeiro.

Quando a vala estava já com mais de 3 metros de profundidade ela rachou de ruir (desbarrancar) enterrando o Roque, meu fiel amigo e sevridor (filho do velho Eliseu, nosso capataz) que ficou totalmente enterrado em lama e água suja.

Para tirá- lo vivo, não foi tarefa fácil, mas consegui salvar o Roque, que estava mais sugo que um tatu, com lama até pelos olhos, desacordado, mas vivo. Um pouco de repouso e dois dias depois lá estavamos de novo tentando secar o malfadado açude.

O método empregado agora era outro, mais "botocudo", na força e na raça, e com longa vara, iniciamos a perfuração na direção do boeiro, e lá para o fim da tarde a água começou a fluir pelo buraco improvisado, só que não esperava é que ela levasse tudo de roldão, rebentando o velho aterro da ferrovia (abandonado) deixando um enorme buraco de mais de 30 metros de extensão, e o aterro foi simplesmente levado na direçãoi da várzea do Trujillo, terminando por fazer um aterro hidráulico acabando com as taboas (fornecedoras de excelente paina para travesseiros melhor que os atuais de espuma de látex) Este serviço foi gratuito, nada custando aos donos da várzea.

Para compensar, resolvi construir outro açude, este de muito maiores proporções, aproveitando um bom córrego e um aterro maior da estrada de ferro, também abandonado.

Pelo projeto do loteamento eu havia previsto uma grande área destinada ao lazer, onde, além de um lago de boas proporções, se construíssem brinquedos para as crianças e se plantassem árvores de várias espécies, principalmente as nativas da região, considerando na planta como "área reservada".

Foi providenciado o fechamento dos boeiros que davam escoamento às águas do córrego existente e começou ele a ficar cheio, tornando- se um belo lado. Só que, não se providenciou um escoamento no case de grande enchente ou enxurrada, e no fraco leito da estrada (aterro) não teria capacidade de resistir a um impacto destes.

Isto segundo me consta aconteceu de fato, levando tudo de roldão, inclusive barrados de posseiros, favelados, que não sei que fim tiveram os coitados inocentes, que confiavam na segurança (precária) do aterro.

Não posso imaginar qual será o estado atual do velho açude, tão bonito, mas que teve um triste fim, o que não era do meu intuito quando o criei. Quanto ao bosque e brinquedos para as crianças, nada disso lá existe, a ser o abandono e desolação, tendo por um marco uma grande crátera, talvez com mais de 100 metros de extensão.

Só que o aterro deste lado não veio para a várzea do Trujillo, foi para o outro lado e não me consta que tenha beneficiado alguém. Refazer o lago não será tarefa impossível com os recursos hoje disponíveis se a minha esperança é que um dia isso venha acontecer.

Qualquer dia desses eu pretendo visitas esses locais que me trazem gratas recordações de um passado de 50 anos atrás, mas se encontra vivo em minha memória. "Publicado pelo Jornal Cruzeiro do Sul em 22/06/1986
Publicação sobre o estouro do reservatório na Vila Barão
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SENHA


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