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Era real a Sabarabuçú?
16 de maio de 202303/04/2024 22:20:43
Sagrada Montanha DO Araçoiaba
Data: 01/01/2019
Créditos: Jane Monteiro

Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937), Plínio Marques da Silva Ayrosa (1895-1961), João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes (1860-1934) Paulo Setúbal (1893-1937), Jaime Cortesão (1884-1960), Luís Castanho de Almeida (1904-1981)... A História de Sorocaba não é para “qualquer um” [ADOLFO FRIOLI].

“Montanha que resplende”! Se você soubesse como é perigosa a tarefa de dissecar termos e frases tupis; si você soubesse como são ferozes os tupimaniacos; se você soubesse como são escorregadias as bases da etimologia selvagem, positivamente você não me pediria que arriscasse uma flechada na celebre “Sabarabussú”... [Plínio Ayrosa]

"Diz" Luís Castanho de Almeida (1904-1981):

D. Francisco, tomara posse de Governador em 1592 auxiliou Gabriel Soares a reconstituir a expedição na qual seu irmão morreu, e na qual Soares também morreu. Todos iam morrendo no sonho da Sabarabuçú, como repete em ritornello Paulo Setúbal.

D. Francisco enviou Martim de Sá em 1597 no rastro de Diogo Soares, sonhando em atingir Sabarabuçú como pela retaguarda, e avantajando em demasia a pequena mineração dos Sardinha, crendo fazer da capitania de São Vicente um novo Perú, embarcou para o sul, com uma comitiva de soldados portugueses e nativos mansos para o transporte de pessoas e cargas e os primeiros trabalhos, não sem enviar antes, como administrador das minas, Diogo Gonçalves Laço, que chegou à vila de São Paulo em 13 de maio daquele ano.
[9049]

O pirata inglês

Fazia parte dessa expedição o pirata inglês Anthony Knivet (1560-1649), "escravo" de Martim de Sá, que "desgarrou-se" dos demais. Knivet e alguns companheiros pretendiam fazer o mesmo que os japoneses do navio de Cavendish: atravessar o continente até atingir as lendárias riquezas do Peru, no mar do Sul. No primeiro momento escreve

(...) esses nativos não trabalham nas minas de ouro, como fazem os espanhóis, mas só pegam os pedaços que encontram quando a chuva leva a terra: pois onde estão as minas de ouro não há árvores, mas são montanhas secas de terra preta, que os índios chamam de Taiuquara; e a montanha onde os molopaques encontram esse grande depósito de ouro chama-se Etepararange (..) [23864]

Em seguinda Knivet escreveu que ultrapassou os limites de Tordesilhas. Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937) indica que possivelmente ele ainda estava em território português pelo relato de um volumoso rio que, pelo relato, Sampaio identifica como sendo o rio Tietê.

Ainda, Knivet descrevia uma “montanha de todos os metais”, a qual Teodoro Fernandes Sampaio (1855-1937) identificava como o morro de Araçoiaba, em São Paulo, no qual sertanistas mineiros haviam encontrado ouro e prata, aceitando que sua hipótese sobre o rio Tietê estivesse correta. [29360]

Importantes e "modernas fontes" concordam com Sampaio e deveriam importar à História de Sorocaba! Eis algumas...

1° - História do Brasil (1901), uma obra didática do jornalista, crítico literário, filólogo, historiador, pintor, tradutor e membro da Academia Brasileira de Letras, João Batista Ribeiro de Andrade Fernandes (1860-1934). Publicada originalmente destinada ao "curso superior":

Chegaram a uma região campestre arborizada de pinheiros. Viajando um mês, sofrendo muito de fome e moléstias, chegaram a uns montes, entre os quais havia um chamado Itapuca – serra das pedras compridas, – com pedras pretas, de mais de um metro de comprimento, e arredondadas como se fossem pedaços de madeira. Houve muita dificuldade em atravessar essa serra mateada de jequitibás e palmitos.

Seguiram-se vinte dias de viagem por uma região de campos pretos e secos, quase sem erva, que terminou junto a uma serra chamada Itawobo, “Serra de pedras verdes”. Com mais dois dias chegaram às margens do Rio Iawary; que, dizem, nasce nas montanhas de Potosi, no Peru.

Aí ficaram dois meses por terem achado roças plantadas pelos índios, porém abandonadas. Depois continuaram para adiante até outras roças, onde demoraram seis meses. Deste ponto o grosso da expedição voltou ao Rio de Janeiro, correndo o risco de ser atacada pelos Pories, Lepos, Tomenos e outras tribos. [26888]

2° - Primeiro Congresso de História Nacional: Explorações Geográficas, Arqueológicas e Etnográficas (1915)

Depois de atravessarem essa região, chegaram os retirantes a um rio que corria do Tucuman para o Chile, expressão esta que, como vimos antes, equivale a dizer: --- correndo de leste para oeste, rio, que é o mesmo Tietê, no trecho a jusante do Salto de Itú, onde se detiveram quatro dias, “fazendo canôas para o atravessarem , pois havia tantos jacarés, que ninguém se atrevia a passa-lo a nado”.

Passado o Tietê, Knivet e seu séquito encaminharam - se para a montanha de todos os metaes, que, como vimos, é o muito conhecido morro de Araçoyaba, já a esse tempo explorado, e onde, conforme o próprio narrador, havia “diversas qualidades de metais, cobre, ferro, algum ouro e grande porção de mercúrio.

Nessa montanha, descrita então como muito alta e toda despida de arvores, é que Knivet encontrou a cruz ali assentada por Pedro Sarmento, com uma inscripção assignalando a posse do rei de Espanha e uma pequena capela com duas imagens, uma de Nossa Senhora e outra de Christo Crucificado,facto que muito aterrou os tamoyos, os quaes julgaram ver nestes sinais, a vizinhança de alguma povoação portuguesa, e, portanto, o perigo iminente de caírem em poder dos seus inimigos tradicionais.

Efectivamente, os portugueses já a esse tempo tinham começado uma povoação na localidade. Em 1591, Affonso Sardinha tinha ai mandado construir dois pequenos fornos para fundição de ferro. Em 1599 ou começos de 1600, d. Francisco de Sousa, governador das minas, tinha mandado fazer alli as primeiras edificações, começando uma povoação que se chamou Itapebuçú. Knivet e seu sequito de tamoyos te riam chegado a essa montanha de todos os metais, a julgar-se pelas notações do narrador, ai pelos meados de 1599.

A capelinha e a santa cruz que, no local, encontraram, datariam decerto de alguns anos antes, talvez da época de Affonso Sardinha. Acalmados os tamoyos e persuadidos por Knivet a prosseguirem na jornada para o mar, tomaram os retirantes o rumo proximamente do sul, procurando as terras auríferas do vale do Sarapohy e vizinhanças da atual Pilar. [24356]

3° Jaime Zuzarte Cortesão (1884-1960)

Não espanta assim que os mitos geográficos e geográfico-humanos pululassem e tivessem resistido até ao século XVIII na pena dos cronistas mais conspícuos, como o Padre Lozano. Já nos referimos ao mito essencial da Ilha Brasil, ao qual veio agregar-se o da Lagoa Dourada, mito secundário. Ao lado desses, outros mitos, como o da Serra resplandecente, das Amazonas, o dos gigantes e pigmeus, esmaltaram a geografia e a cartografia dos primeiros séculos.

Servindo-se de todos esses dados míticos, um explorador, a cuja pena devem vários relatos verídicos e reais, não hesitou em misturar à narrativa das suas aventuras aquilo a que podemos chamar uma bandeira mítica. Esse relato, a que vamos referir-nos com alguma demora, posto que puramente fantasioso, não deixa de ter interesse. Faz-nos entrar no ambiente psicológico da época. Dá-nos a medida da importância dos mitos e de sua eficácia como possível incentivo da ação. Mostra-nos igualmente quanto as fraudes cartográficas acabavam por influir na mentalidade dos contemporâneos.

É o caso de Anthony Knivet quando, em 1597, resolve abandonar a bandeira de Martim de Sá, por alturas do Sapucaí ou do Rio Verde, isto é, no extremo ocidental da bacia do Paraná, para se internar para oeste. O aventureiro inglês e seus doze companheiros lusos de aventura resolvem, no dizer do primeiro, seguir para o Mar do Sul, quer dizer, para o Pacífico e o Peru. Passada uma semana, os aventureiros encontraram, além de pedras verdes, objetos de ouro em mãos dos nativos. "Ao deparar com tais pedações de ouro, e aquelas pedras, escreve Knivet, rendemo-nos conta de que estávamos muito perto de Potesí". Mais adiante e quando narra a mesma aventura, acrescenta: "Sabíamos que não estávamos distantes do Peru e Cusco".

O aventureiro inglês limitava-se a reproduzir as opiniões correntes entre portugueses, às quais mistura as lendas, colhidas da boca dos nativos.

"Arribamos á seguir a uma vasta região divisando à nossa frente imensa e resplandescente montanha, dez dias antes de poder atingi-la, pois quando chegamos à região plana, fora das serras, com o sol em seu auge, não era suportável avançar na direção deste monte, em razão de seu brilho, que nos ofuscava os olhos".

O bom inglês dava como real o mito da Serra Resplandescente, que já Filipe Guilhem, nos meados do século, recolhera da boca dos nativos em Porto Seguro. [26490]
Era real a Sabarabuçú?


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