Baltazar nasceu em Santos por volta de 1544, conforme depoimento dele no processo informativo sobre o Padre Anchieta em 1622 e em 1627, filho de Domingos Gonçalves e Antonia Rodrigues. Aparentemente ainda morava em Santos em 1572 quando, “estante” em São Paulo em casa de Fernando Marques passou escritura ao cunhado Rodrigo Alvares.ASBRAP 3 processos Anchietanos, por Helio Abranches Viotti, S.J., 23, 8: Baltazar Gonçalves (ouvido a 5 abril 1622), agricultor, natural de Santos com c. de 78 anos, filho de Domingos Gonçalves e de Antonia Rodrigues. Era sogro de Clemente Alvares.Idem 32, 15, (ouvido a 9 dezembro 1627) com cerca de 87 anos. Seu cunhado Antonio Gonçalves. [1]
15-Baltazar Gonçalves (ouvido a 9 de dezembro de 1627), natural da vila de Santos, com cerca de 87 anos de idade, filho de Domingos Gonçalves e de Antônia Rodrigues. Por espaço de mais ou menos 16 anos tratou com o Padre José, assim como nesta vila de São Paulo, como na de Santos, até ele partir para a capitania do Espírito Santo. Tem uma carta do dito padre e aestima como coisa de santo. Ouviu a Estevão Ribeiro, que Deus tem, que foi companheiro de Anchieta por muito tempo, que o vira levitar em tempo de oração e que o mesmo gentio que o acompanhava pelos caminhos davam fé disso. Estando um Amador Brás no sertão por espaço de 7 anos e cuidando sua mulher, que seu marido era morto, se queria casar. E sabendo isto oPadre José, mandou chamar a dita mulher e lhe disse que se não casasse porque seu marido era vivo, e que em breves dias o veria. Querendo Baltazar Gonçalves embarcar para a Bahia, Anchieta lhe faz mudar o propósito, recomendando que fosse para São Paulo e ele foi se confessar com o dito padre.
O cunhado dele testemunha, Antonio Gonçalves, é salvo da forca, porordem do capitão Jerônimo Leitão. O Padre José, antes mesmo de receberum recado que lhe tinham dado para salvar o infeliz, já estava a caminho davila de Santos e lá chegando, aquietou tudo com o dito capitão. Outro casonarrado: “Estando ele, testemunha, na Capitania de São Vicente, no ano deoitenta e seis para oitenta e sete, sucedera na dita capitania, estando ele,testemunha, presente, que um morador na dita capitania, por alcunha o Pancas, se saíra de sua casa, com tenção danada, para o efeito de matar aocapitão da dita Capitania Jerônimo Leitão, entrando em sua casa para esseefeito. E acudindo muita gente, o prenderam. E sabendo o alcaide da Fortaleza da Barra Grande, por nome Tomás Garro, se viera da dita fortaleza àilha, e sabendo o caso sucedido, determinara de enforcar o delinqüente, semque ninguém o soubesse, à meia noite. E naquele mesmo tempo acudira odito padre, que então servia de provincial, e se veio ter com o dito capitãomor Jerônimo Leitão, e lhe pediu que não consentisse que o dito delinqüentefosse enforcado, pondo muita instância nisso e pedindo-lhe de joelhos e comlágrimas. E o dito capitão mor dissera que de tal coisa não sabia e, por o ditopadre o certificar assim, saíram ambos em busca do dito alcaide, pela meianoite. E se foram ter com ele e lhe pediram não quisesse dar execução àsua determinação e não enforcasse aquele homem. Do que o dito alcaideficou muito espantado, porquanto a nenhuma pessoa tinha dito que havia defazer aquilo. E somente na vontade propusera de dar a execução e enforcaraquele homem, como de efeito o ia para fazer. Pelos quais rogos deixou defazer a dita determinação, o que logo se divulgou por toda a terra, atribuindoo ao espírito de profecia que o dito padre tinha, e conhecimento dos pensamentos e interiores humanos. E afirmou, ele testemunha, ser assim por estarda maneira que tem dito, por se achar a tudo presente. [Depoimento de Balthazar Gonçalves, 09.12.1627. Qualificação e Depoimento das Testemunhas dos Processos Anchietanos mais Antigos. Página 32]