Assinatura do testamento de Bernardo Bicudo, vila de Santa Ana da Parnaíba, nesta fazenda do defunto Bernardo Bicudo, paragem chamada Pirapitingui
24 de março de 1649
05/04/2024 08:40:45
Estrada existente
Data: 01/01/1650
Créditos: Anais do Museu Paulista - Tomo XXIII - Dados para a história dos índios
Página 112
E pedi ao Capitão Francisco de Paiva este fizesse e assinasse comigo como testemunha hoje 24-3-1649 Francisco de Paiva - Bernardo Bicudo - Lazaro Dias Diniz - Domingos Dias Diniz - Christovão Diniz - Manuel Collaço de Oliveira - Domingos Nunes Bicudo - Domingos Paes da Silva.SAESP vol. 15, fls. 171 a 189Data Test.: 1649Inventário 14-8-1650Local: vila de Santa Ana da Parnaíba, nesta fazenda do defunto Bernardo Bicudo, paragem chamada PirapitinguiJuiz Ordinário e dos Órfãos: João Mendes GeraldoEscrivão dos Órfãos: Vicente Rodrigues BicudoAvaliadores: Pero de Sousa e Manuel Paes FarinhaDeclarante: a viuva Izabel da Costa.[1]
Sobre a via, rumo noroeste, já se encontram alusões em 1606e referência expressa num papel oficial, ou seja, na avaliação do inventário do sertanista Bernardo Bicudo de 14 de agosto de 1650: "Maisse botou neste inventário meia legua de terras de mattos naninhos emCapibari na estrada velha do sertão que vae para o sertão dos jBilreiros" . Bernardo Bicudo redigiu seu testamento em março de 1649,antes de partir na bandeira de Francisco de Paiva, diante dos perigos aenfrentar no sertão. Lá de fato veio a falecer".[2]
“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.