Por outro lado, a documentação sobre a provisão da armada mostra que ela traziaconsigo muito pouco dinheiro, prevendo para seu abastecimento a venda de produtos e acompra de mantimentos. Além disso, havia a ressalva do rei de que a armada semprecomprasse tudo pelo preço da terra. Assim, um dos temores apontados pelo Duque deMedina Sidonia se confirmou: as vilas das capitanias do sul, por serem recentes e poucopovoadas, não tinham, portanto, condições suficientes de atenderem uma armada comoaquela. Embora, em 1582, a requisição de gado tivesse sido atendida, em 1583, as reaiscondições de voltar a fazê-lo foram colocadas em dúvida. Além disso, esta solicitaçãoocorreu em agosto, ou seja, depois da divisão da armada, quando apenas uma parte delase mantinha nas bandas do sul, aguardando o momento de descer ao Estreito. Nestemomento crítico, vários daqueles homens, desamparados de fome e vestimentas,aproveitaram a ocasião para se dispersarem pelas áreas brasileiras, como o Rio deJaneiro e São Vicente, chegando muitos a São Paulo Este terceiro impacto - o da presença de castelhanos na vila - é o que mais nosinteressa efetivamente. Segundo as atas da Câmara de 09 de outubro, “para o bem dopovo e de alguns espanhóis que andam nesta vila e termo dela fugidos”, recomendavase que Antonio Proença e mais alguns homens fossem buscar “os espanhóis conteúdosno mandato do senhor capitão e governador Jerônimo Leitão.”300 Isso reforça, portanto,a ideia de que homens da armada, estacionados em São Vicente, se deslocavamfrequentemente entre o litoral e o planalto. Alguns deles foram considerados desertores.Segundo Francisco de Assis Carvalho Franco, da armada de Valdés teriam fugido emSão Vicente “mais de 80 homens”301. Tais números foram encampados por RoseliSantaella, que afirmou que “tanto eles quanto seus descendentes se integraramcompletamente na capitania e se converteram em elementos influentes da vida local”.302