Iperu-Guarçu que foi cacique dos carijós recebeu festivamente os pádres João Fernandes Gato e João Alfredo, urinando debochadamente na presença dos jesuítas
1617
05/04/2024 05:52:29
Iperu-Guarçu que foi cacique dos carijós. Este gozava de largo prestígio e era respeitado por todos, inclusive os arachãs que lhe rendiam homenagem. Manteve estreito relacionamento com os portugueses, notadamente o padre de Jerônimo Rodrigues, entre 1605 e 1607. Era bastante irreverente. Em 1617 recebeu festivamente os ádres João Fernandes Gato e João Alfredo, urinando debochadamente na presença dos jesuítas. Perguntado se determinado menino era seu filho, respondeu: Sim, para vós outros o açoitardes”. Enviou uma embaixada de seis índios ao Rio de Janeiro, chefiada por Araraibé, com a finalidade de conseguir do Padre Simão de Vasconcelos a permanência dos seus jesuítas no seu meio. O pedido foi atendido. Já em 1605 o padre Jerônimo dizia que nunca vira no Brasil índio tão soberbo. Vendia os próprios parentes aos brancos, que por isso o achava bom. Seu nome está ligado ao Rio Tubarão em Santa Catarina. [osbrasisesuasmemorias.com .br/iperu-guacu]
6.5 - Ovelhas no meio dos lobos
Em 1617 os jesuítas resolveram retornar à terra dos carijós, nutrindo ainda o desejo de estabelecer residência estável entre ele. Vieram os Padres João Fernandes Gato e João de Almeida. Ao chegarem, perceberam alguma coisa no ar: os portugueses, por mensagens secretas, preveniram os nativos conta os padres, aconselhando-os a se acautelarem com aqueles dois homens, que eram mais e que, se chegassem a ouvir-lhes a voz, ficariam sem remédio seus escravos!Os moradores de São Vicente, Santos e São Paulo fizeram os maiores esforços para que a expedição fracassasse, pois temiam muito perder os postos de resgate, que lhes possibilitavam altos negócios.
Os nativos não lhes deram crédito e receberam os padres com festa e regozijo na Ilha de Santa Catarina. De toda a redondeza acorreram para saudá-los. Puderam os missionários pregar com muito fruto, passando-de logo para a Laguna e depois para Araranguá e Boipetiba, último posto de resgate usado pelos paulistas.
Além da pregação, curaram doentes, alguns com postemas perigosas, sangraram outros e instruíram os que estavam em perigo de morte, principalmente crianças, batizando-os em seguida.
Em Boipetiba (Mampituba), encontraram-se com o Caraibebê (Grande Anjo), um dos principais chefes do sertão do Rio Grande, temível feiticeiro, do qual diziam que não nascera de mulher e que dava aos filhos mais do que pediam para assim o temerem e obedecerem a qualquer recadinho. Igualmente puderam falar com os Arachãs.
O caminho da Laguna a Boipetiba foi feito a pé e adoeceram os dois padres, o Padre João Fernandes estando quase à morte. Ainda assim, da cama, "que eram quatro paus fendidos sobre quatro forquilhas, com uma pouca de erva em cima", atendia aos nativos, que também adoeceram. O principal da aldeia de Boipetiba, vendo que o padre não melhorava e temendo que morresse em sua casa, o que era considerado de mau agouro, pediu que o botassem foram. Mas, escreve o Padre João de Almeida, "livrou-o Deus desse trabalho com a saúde que lhe deu."
Esta missão teve os melhores frutos, vindo milhares de nativos ao encontro dos sacerdotes. Certamente eles representavam para os carijós o único caminho de liberdade, pois "queriam ter perpétua amizade com os portugueses, mas viver sob o patrocínio dos padres."[A Evangelização em Santa Catarina. Parte I: Vida e Morte no Mundo dos Carijós (1500-1650), 1996. Padre José Artulino Besen, professor de História da Igreja. Páginas 69 e 70, 11 e 12 do pdf]
*Iperu-Guarçu que foi cacique dos carijós recebeu festivamente os pádres João Fernandes Gato e João Alfredo, urinando debochadamente na presença dos jesuítas
Em 1538... aconteceu pela Divina Providência, pois aqui achamos três cristãos, intérpretes da gente bárbara que falam bem esta língua pelo longo tempo de sua estada. Estes nos referiram que quatro anos antes um nativo, chamado Esiguara (grafado também Etiguara, Origuara, Otiguara), agitado como um profeta por grande espírito, andava por mais de 200 léguas predizendo que em breve haveriam de vir os verdadeiros cristãos irmãos dos discípulos ao apóstolo São Tomé, e haveriam de batizar a todos. Por isto, mandou que os recebessem com amizade e que a ninguém fosse lícito ofendê-los.