Diogo Martins Cão, que tinha por alcunha "O Matante Negro" adentra as terras baianas
1576
04/04/2024 22:41:59
Primeiro Congresso de História Nacional: Explorações Geográficas, Arqueológicas e Etnográficas
Data: 01/01/1915
página 440
Anteriormente a Holanda, Francisco Borges de Barros (1918), no seu trabalhoPenetração em terras Baianas, relata uma série de entradas a partir da capitania como a deFrancisco Bruzza de Espinosa subindo o rio Buranhém (1553), Sebastião Fernandes Tourinho(1572 – 1573), Antônio Dias Adorno (1574) e Diogo Martins Cão, que tinha por alcunha OMatante Negro (1576)176. Diferentemente de Holanda, Borges de Barros não considera aquestão dos apresamentos e ainda atribui heroísmo aos feitos dos bandeirantes. Concordandocom Holanda, certamente, os dois motivos moveram as entradas como bem intitulou o capítuloda sua obra que trata do assunto: “peças e pedras”.
Diogo Martins Cão, que tinha por alcunha "O Matante Negro" adentra as terras baianas
*Retrato régio mais antigo da monarquia portuguesa *Retrato régio mais antigo da monarquia portuguesa
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“Os nossos tupinambás muito se admiram dos franceses e outros estrangeiros se darem ao trabalho de ir buscar o seu arabutan [pau-brasil]. Uma vez um velho perguntou-me: Por que vindes vós outros, maírs e perôs (franceses e portugueses) buscar lenha de tão longe para vos aquecer? Não tendes madeira em vossa terra ? Respondi que tínhamos muita mas não daquela qualidade, e que não a queimávamos, como ele o supunha, mas dela extraíamos tinta para tingir, tal qual o faziam eles com os seus cordões de algodão e suas plumas.
Retrucou o velho imediatamente: e porventura precisais de muito? Sim, respondi-lhe, pois no nosso país existem negociantes que possuem mais panos, facas, tesouras, espelhos e outras mercadorias do que podeis imaginar e um só deles compra todo o pau-brasil com que muitos navios voltam carregados. — Ah! retrucou o selvagem, tu me contas maravilhas, acrescentando depois de bem compreender o que eu lhe dissera: mas esse homem tão rico de que me falas não morre? — Sim, disse eu, morre como os outros. Mas os selvagens são grandes discursadores e costumam ir em qualquer assunto até o fim, por isso perguntou-me de novo: e quando morrem para quem fica o que deixam? — Para seus filhos se os têm, respondi; na falta destes para os irmãos ou parentes mais próximos. — Na verdade, continuou o velho, que, como vereis, não era nenhum tolo, agora vejo que vós outros maírs sois grandes loucos, pois atravessais o mar e sofreis grandes incômodos, como dizeis quando aqui chegais, e trabalhais tanto para amontoar riquezas para vossos filhos ou para aqueles que vos sobrevivem! Não será a terra que vos nutriu suficiente para alimentá-los também ? Temos pais, mães e filhos a quem amamos; mas estamos certos de que depois da nossa morte a terra que nos nutriu também os nutrirá, por isso descansamos sem maiores cuidados.Jean de Léry (1534-1611) 8 registros