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Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas / Pirapora/MG
13 de dezembro de 187907/04/2024 10:15:04

Os trabalhos da Comissão Hidráulica se iniciaram no dia 31 de julho de 1879, quando seusmembros partiram da cidade do Rio de Janeiro rumo a Maceió. Daí, depois de ultimar todosos preparativos, começaram a subir o rio São Francisco a 12 de agosto, alcançando a cidadede Pirapora (MG) a 13 de dezembro, após percorrer cerca de 2.100 quilômetros desde a fozdo rio. Por ordem de William Milnor Roberts, Teodoro Sampaio fez o caminho de volta,descendo o rio até a cidade de Carinhanha (BA), de onde seguiu para cruzar a região daChapada Diamantina a fim de estudar sua geografia física e humana e sua capacidadeprodutiva. No desempenho desses trabalhos, demorou-se de 25 de dezembro de 1879 a 30de janeiro de 1880, quando rumou para Salvador, onde chegou a 3 de fevereiro e seencontrou com os outros membros da comissão. [0]Daí seguiram alcançando a barra do rio das Velhas a 13 de dezembro de 1879. Foram todos até Pirapora e na volta, estiveram de novo na povoação Manga, na confluência do rio das Velhas com o S. Francisco, da qual fizeram um esboço.

Aí a Comissão se desmembrou, estabelecendo-se o plano para ultimar as explorações. O Sr. Orville Derby remontaria o vale do rio das Velhas, transporia a serra do Espinhaço e voltaria por estrada de ferro para o Rio de Janeiro. O restante da Comissão voltaria pelo S. Francisco, rio abaixo (Th. Sampaio, O Rio S. Francisco. Págs. 5, 20, 91).

Assim foi feito. Orville Derby, pois, conheceu pessoalmente no norte como técnico competente, em 1879, a região atingida em 1603, pela expedição de que fez parte W. Glymmer. Teve, pois, elementos para identificar essa região, que mais tarde estudou toda minuciosamente até muito mais ao Sul, baseado em documentos paulistas e em estudos sobre o terreno.

Orville Derby foi, e por muitos anos, como muitas pessoas ainda se lembrarão, e então adquiriu conhecimento do terreno ao suldo S. Francisco, chefe da então Comissão Geográfica e Geológica criada em S. Paulo pelo Conselheiro João Alfredo, no tempo doImpério.

Dirigindo a Comissão Geológica e Geográfica do Estado, ele estudou e fez levantar plantas, mapas da maior parte do território de S.Paulo, principalmente nas fronteiras do Estado de Minas Gerais, numa época em que se desejava bem conhecer a região para decidir e fixar as divisas entre esses dois estados. A respeito dessas divisas o Arquivo Público do Estado de S. Paulo publicou grossos volumes de documentos.

Orville Derby não se limitou ao estudo atento desses documentos, leu também todos os nossos cronistas e os cronistas estrangeiros, que se ocuparam do Brasil colonial e de sua expansão. Teve ele ocasião de conhecer, na História Natural de Piso e Marcgraff, o escrito de Glymmer sobre o roteiro de uma das primeiras bandeiras paulistas partidas de S. Paulo para o sertão, no tempo em que D. Francisco de Sousa, viera da Bahia para a vila de S. Paulo, a fim de procurar minas de metais preciosos, nas nascenças do rio S. Francisco.

Podia, pois, concluir, com pouco risco de errar, que o rio Guaibií era o Guaicuí ou rio das Velhas, um dos afluentes da margem direita do S. Francisco (R.I.H.G.S. Paulo, vol. IV e vol. 8, pág. 400). Atendendo à sugestão de Capistrano de Abreu fez traduzir o roteiro de Glymmer, pôs em contribuição os trabalhos e os estudos próprios que lhe advieram do conhecimento da zona, como membro de uma comissão exploradora do rio S. Francisco e como chefe da Comissão Geográfica e Geológica do Estado, e identificou todos nos pontos nele mencionados com a conformação e acidentes do terreno, pelos seus rios, cursos e cachoeiras, pelos seus vales, montes, planícies, campos e matos desde S. Paulo até as cabeceiras do rio S. Francisco no centro do Brasil.



Consultou também as fontes históricas locais, então existentes – Pedro Taques, num manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, que fala na entrada de André de Leão, e Azevedo Marques nos Apontamentos Cronológicos, que narra que em 1602 partiu numerosa bandeira para o sertão sob o comando de Nicolau Barreto e formulou a hipótese de que as duas informações se referiam a uma só entrada, e que a expedição fora uma única, cabendo a Nicolau Barreto a organização civil e a André de Leão, a parte militar. Foi a expedição, em que tomou parte Glymmer, que O. Derby identificou no terreno.

Na época em que Orville Derhy divulgou o seu estudo não tinham ainda sido publicados pelo Arquivo do Estado de S. Paulo osInventários e Testamentos; e escassas eram as notícias sobre essas entradas; mas desde que teve conhecimento dos inventários, feitos por morte de Brás Gonçalves, o moço, e de Manuel de Chaves, e verificou que a hipótese sugerida de uma expedição única não tinha cabimento, apressou-se ele mesmo em bani-la como se pode ver em um estudo aditivo na R.I.H.G. de S. Paulo, v. 8º, pág. 400.

Aliás a hipótese da unidade da expedição só poderia interessar ao renome dos seus comandantes, nenhum valor tendo para identificação do roteiro de W. Glymmer, que era o objetivo essencial para fixar pontos do devassamento e ocupação do sertão, identificação que continua, pois, com o seu mérito próprio. O vale do Paraíba já estava domado pelos portugueses nas lutas que sustentaram com os Tamoios e pelo abandono do Rio de Janeiropelos franceses. Relativamente fácil foi à expedição de André de Leão o caminhar por esse rio, vales e montes. Vai transcrita a identificação feita,por Orville Derby, no terreno e nos rios tornando por base a descrição de W. Glymmer.

“Partindo de S. Miguel1, nas margens do Tietê, perto de S. Paulo, a bandeira passou para um afluente do Parayba, ganhou esterio, navegou por ele abaixo, até a sua secção encachoeirada, galgou a Serra, da Mantiqueira, passou diversos rios atribuídos correctamente ao sistema platino e penetrou até próximo ao alto S. Francisco. Até entrar na bacia do S. Francisco, este caminho deve corresponder muito proxima, se não exactamente, com o da Bandeira de Fernão Dias Pais Leme, ‘uns setenta anos mais tarde, e com o que depois da descoberta de ouro se tornou célebre como o caminho para as Minas Gerais.

Sobre a derrota de Fernão Dias, não temos detalhes, senão do Rio Grande para o norte, onde diverge da do atual roteiro; mas para a dos mineiros existe o precioso roteiro dado por Antonil, na sua obra, intitulada Opulência e cultura do Brasil publicada em Lisboa, em 1711. Pela comparação desses dois roteiros e levando em consideração a probabilidade de que a derrota de ambas fosse determinada por caminhos já existentes dos Índios, sendo, portanto, provavelmente idênticos, é possível reconstruir grande parte do caminho da Bandeira de 1601.

Os dois rios que deram acesso ao Parayba eram indubitavelmente o Paratehy e o Jaguary. A serra de Guarimunis, ou Marumiminis, é a atualmente conhecida pelo nome de Itapety, perto de Mogy das Cruzes, sendo possível que estes nomes antigos ainda sejam conservados no uso local.

A referência a minas de ouro nesta serra talvez seja um acréscimo na ocasião de redigir o roteiro; mas é certo que em 1601, havia, desde uns dez ou doze anos, mineração nas vizinhanças de S. Paulo, e que antes de 1633, quando foi publicada a edição latina da obra de João de Láet, em que vem a enumeração das minas paulistas, a houve na localidade aqui mencionada.

A referência aoscampos, ao longo do primeiro destes rios, é, talvez, um caso de confusão com os do rio Parayba, visto que, conforme informações dos ajudantes da Comissão Geográphica e Geologica, que ultimamente levantaram a planta do vale do Pararehy, ali não existem campos notáveis. O rio então conhecido pelo nome de rio de Sorobis, bem que asua identidade com o Parahyba do litoral já era suspeitada, foi alcançado na foz do Jaguary, em frente da actual cidade de São Josédos Campos. Nota-se que, já nessa época, era conhecido o curso excêntrico do alto Parahyba. Depois de 15 ou 16 dias de viagem o rio foi abandonado no começo da secção encachoeirada, perto da actual cidade da Cachoeira, e a bandeira galgou a Serra da Mantiqueira, seguindo um pequena rio que, muito provavetmente, era o Passa Vinte, que desce da garganta que depois serviu para a passagem da estrada dos mineiros e hoje para a da estrada de ferro Minas e Rio.

Passando o alto da Serra, a bandeira entrou na região dos pinheiros, que os naturalistas holandeses (que evidentemnente não conheceram a Araucária, desconhecida no Norte do Brasil) julgaram, pela descrição de Glimmer, que eram Sapucaias.Deste ponto em diante, o roteiro torna-se um tanto obscuro, dando a suspeitar o ter havido alguma confusão na redeção... Os dados topográficos são; o rumo de noroeste e as passagens de três rios, dos quais dois maiores, navegáveis e vindos do norte, com a distância de 4 ou 5 léguas entre um e outro. Os únicos rios em caminho das cachoeiras do Parahyba para a região do alto S. Francisco, que corresponder a esta descrição destes dois rios, são o Rio Grande e Rio das Mortes, pertoda sua confluencia.

Ahi o Rio Grande cujo curso geral é para o oeste corre, por alguns kilômetros, do norte, num grande saco que sempre tem sido um ponto de passagem, e, a quatro ou cinco léguas adiante, oNa Capitania de São Vicente 297Rio das Mortes tambem vem um pequeno trecho do Norte2 .

Este trecho é junto à estação de Aureliano Mourão, na estrada de ferro Oeste de Minas e poucos kilômetros abaixo da povoação de Ibituruna, onde Fernão Dias estabeleceu um dos seus postos, talvez por encontrar perto a grande aldeia de índios amigos, rica em mantimentos, de que fala o nosso Glymmer. Se porem, este for o ponto de passagem do Rio das Mortes, não se encontra, a três dias de viagem, dos Pinheiros e a quatorze do Rio Grande, rio algum que pareça digno de menção numa narrativa em que não vem mencionado o Angahy. Este, pelo roteiro de Antonil, está a 22 ou 24 dias de viagem dos Pinheiros e a 4 a 5 do Rio Grande.

Para pôr os dons roteiros de acordo, identificando o primeiro rio de Glymmer com o Angahy, seria necessário inverter os termos dos três e dos quatorze dias de viagem, supondo um outro caso de confusão na redação, como o já apontado com os campos do Paratehy e Parahyba.

Da passagem do Angahy o caminho dos mineiros dado por Antonil tomou mais para a direita, procurando São João d’El-Rei, viaCarrancas. É para notar que as marchas diárias do roteiro de Antonil são pequenas, sendo geralmente “até o jantar”, o que explica, talvez, a discordância, do número de dias (de 14 a 22 ou 24) que se ‘nota na hypothese de ser o Angahy o primeiro rio do presente roteiro.

Partindo da aldeia sobre o terceiro rio, a Bandeira caminhou durante um mes em rumo de noroeste, sem passar rio algum, até achar-se perto da confluência de dous rios de diversas grandezas, que romperam para o norte, entre montanhas que foram identificados com a desejada Serra de Sabarábussú.

Aqui, foi encontrada uma estrada larga e trilhada, que nesta época não podia ser senão dos Índios e cuja existência confirma a hipótese já lançada da que a derrota, desta e de subseqüentes bandeiras era por estes caminhos fá existentes. A estrada seguida da aldeia por diante era pelo alto de um espigão, e, admitindo que o ponto de partida era nas vizinhanças de Ibituruna, temos três hipóteses a considerar:

1º O espigão entre o Rio Grande e as cabeceiras dos rios Pará e S. Francisco.
2º O entre os rios Pará e S. Francisco.
3º O entre os rios Pará e Paraopeba.

O caminho pelo primeiro destes espigões, passando por Oliveira, Tamanduá e Formiga, até o alto S. Francisco, corresponde regularmente com o rumo dado, tendendo, porém, mais para o oeste do que para o noroeste, e cruzando o rio Jacaré que, conquanto não seja grande, parece de bastante importância para ser mencionado. Por este espigão, porém, é difícil identificar os dois rios do fim da jornada e a serra cortada por eles, porque as serras de Piumhy ou a de Canastra mal correspondem à descrição do roteiro. O segundo espigão daria para cair na forquilha entre o Pará e o Itapecerica, ou entre o Pará e o Lambary, ou finalmente, entre o Pará e o S. Francisco.

As duas primeiras parecem demasiado perto para a jornada de um mez, e na do Pará e São Francisco os dois rios devem figurar como tendo proximamente a mesma grandeza. O terceiro espigão daria, na hipótese de accompanhar de perto a margem direita do Pará, para cahir na forquilha entre este rio e seu afluente o rio de S. João, na passagem das serras na vizinhança da atual cidade de Pitanguy; e, sem poder pronunciar-me positivamente a respeito, sou inclinado a considerar esta como a hipótese mais provável.

Até aqui o estudo do O. Derby (R.I.H.G. de S. Paulo, vol. 4º, pág. 338), sobre a identificação do Roteiro de Glymmer no terreno.Fácil também é agora identificar o cabo da expedição mandada por D. Francisco de Sousa, e na qual tomou parte GuilhermeGlymmer. Essa identificação está baseada nos documentos do Arquivo Público do Estado de S. Paulo e do Arquivo da Câmara da vila de S. Paulo, apoiada em alheios estudos precedentes.

As entradas de Antônio de Macedo e de Domingos Luís Grou foram começadas antes de 1583, as de Jerônimo Leitão até 1590, foram todas anteriores à nomeação de D. Francisco de Sousa para Governador-Geral do Brasil. A de Jorge Correia em 1595, a de Manuel Soeiro (?), em 1596 e a de João Pereira de Sousa em 1597 se realizaram Na Capitania de São Vicente 299 depois que D. Francisco de Sousa já era Governador-Geral do Brasil, mas se conservava ainda na Bahia, sede de seu Governo, sem ter vindo à Capitania de S. Vicente.

Já se achando ele na Capitania de S. Vicente, desde antes de Julho de 1601, a expedição de André de Leão em 1602 foi promovida, organizada, sob influência e ordem de D. Francisco de Sousa, que só com esse fim veio ao sul, o que é confirmado pela descrição do roteiro, inserido na obra de Piso e Maregrave. Nele Guilherme Glymmer declara que vivia na capitania de S. Vicente, quando a “essa paragem, vindo da Bahia, D. Francisco de Sousa, Governador-Geral do Brasil, mandara ao sertão”, a descobrir minas, uma expedição, composta de 70 a 80 homens, na qual ele Glymmer tomara parte, expedição que voltara ao povoado sem descobrir minas de ouro ou prata, por terem escasseados os víveres e por medo dos selvagens que povoavam os lugares atingidos e, portanto, sem aprisionar índios”.

Glymmer só poderia ter tomado parte na expedição de André de Leão, que se compôs de 70 a 80 homens, mandada por D. Francisco de Sousa, época em que este Governador se achava em S. Paulo, conforme o regimento que deu a Diogo Gouçalves Lasso a 19 de Julho de1601.

Os pontos expressamente mencionados no roteiro de Glymmer – S. Paulo, S. Miguel nas margens do Anhembi, travessia do rio Anhembi, serra dos Guauminis (Itapeti hoje) rio Sorobi (hoje Paraíba) – mostram que a expedição seguiu para leste e depois para o norte buscando o rio S. Francisco.

A não ser que haja, nesse tempo, outra bandeira, da qual, entretanto, não dão notícias os documentos paulistas nem os cronistasvicentinos, parece que se pode concluir “sem risco de errar”, que foi na bandeira de André de Leão, em 1601, que Glymmer tomou parte e descreveu o roteiro que foi inserido na obra de Piso e Marcgraff, e cuja identificação no terreno foi magistralmente estudada por Orville Derby no volume 4º, pág. 329 da Revista do Instituto Histórico e Geográfico de S. Paulo.

***André de Leão é nome que não se encontra entre os da governança de S. Paulo, nas atas publicadas. Achei menção de um André de Leão no inventário de Martim de Prado, feito em 1616, publicado pelo Arquivo do Estado de S. Paulo (Vol. 4º, pág. 406), onde figura “quitação que deu André de Leão ao dito defunto de seis mil réis, da qual quantia perdeu o conhecimento que havia”.

Num estudo, que fez sobre o Hospital Velho da Santa Casa do Rio de Janeiro (R.I.H.G.B. vol. 89, pág. 204) o Sr. Vieira Fazenda refere-se a um documento de doação de chãos aos religiosos capuchos, em 28 de Fevereiro de 1592, no qual assinam Salvador Correia de Sá, Governador do Rio de Janeiro, o administrador eclesiástico, e em terceiro lugar, logo em seguida, André de Leão, e depois mais dezesseis pessoas. Se, é o mesmo da entrada de 1601, André de Leão estava no Rio de Janeiro, antes dessa entrada.

Também na “Relação das Sesmarias da Capitania do Rio de Janeiro”, extraída dos livros de Sesmarias e Registro do Cartório do Tabelião Antônio Teixeira de Carvalho – de 1565 a 1796 – feita por Monsenhor José Pizarro de Sousa Azevedo e Araujo, consta a sesmaria concedida a “André de Leão”, de 300 braços na lagoa, em 19 de Janeiro de 1593 (R.I.H.G.B., vol. 63, 1ª parte, pág. 108), também antes da entrada. A não ser o caso de homonomia, freqüente nos tempos coloniais, André de Leão teria vivido no Rio de Janeiro.
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