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“Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”. Sérgio Coelho de Oliveira, jornalista e historiador
2014. Há 10 anos
Em outra ocasião, tão logo publiquei o livro "Os Espanhóis", recebi um bilhete de um descendente de espanhol que, indignado, solicitava a correção de uma informação por mim publicada. Observava ele: "página 45, onde se lê Balthazar Fernandes era filho de portugueses, leia-se: filho de espanhóis". Como prova da sua afirmação, apontava o monumento dedicado ao fundador Balthazar Fernandes, defronte ao Mosteiro de São Bento, uma doação da colônia espanhola de Sorocaba, em 1954, por ocasião do terceiro centenário da cidade.

(...) A nossa história, oficial e acadêmica, trabalha com probabilidades, quando se trata de Balthazar Fernandes. Aliás, nem se sabe ao certo a grafia do seu nome, se é Baltasar ou Baltesar, se é Balthazar ou Balthezar, tal é a diversidade das informações contidas nos documentos. Apesar do "fundador" de Sorocaba ter sido um cidadão ilustre, na sua época, nem se sabe quando ele nasceu, nem o dia nem o ano, como também não se sabe quando ele morreu - entre 1662 e 1667.

Não se sabe, com certeza, quando ele se casou, nem a primeira e nem a segunda vez. Sempre as datas são acompanhadas do clássico "por volta de". Também, não se sabe se a sua primeira filha, única do primeiro casamento, Maria de Torales, era sua filha biológica ou adotiva.

E, para finalizar, os historiadores divergem quanto à data da chegada de Balthazar Fernandes a Sorocaba, se em 1646 ou se em 1654. Existem documentos historiando esses dois momentos. Existem documentos historiando, além desses dois momentos, uma fundação em 1670 E tem mais: a tal casa do Balthazar... será que era mesmo? [Página 12]

O que me surpreende é a falta de informações documentadas sobre o local e a data de nascimento e morte de Baltazar Fernandes, sendo ele um personagem de importância social, política e, economicamente ativo, da história de São Paulo. Contudo, as informações divergem de autor para autor e são sempre imprecisas. Baltazar Fernandes nasceu por volta de 1580, em São Paulo, nas proximidades do atual Ibirapuera, onde seu pai tinha fazenda. Ou pode ter nascido em Santa Ana de Parnaíba, onde viveu a família dos Fernandes por muitos anos. Morreu antes de 1667; mas, seguramente, depois do ano de 1662, após ter conseguido o documento de elevação de Sorocaba a Vila. Outra suposição: era setuagenário, cerca de 74 anos, quando se transferiu para a paragem de Sorocaba, em 1654.

Até o nome do ilustre sertanista é discutível. Tão diversas são as formas que aparecem nos documentos do século XVII: Balthazar, Balthezar, Baltasar e Baltazar. [Página 19]

Quanto ao local de nascimento é São Paulo, aí residiam os Fernandes, antes de se mudarem para as suas terras à margem do rio Tietê, onde André Fernandes e sua mãe, Suzana Dias, fundariam mais tarde (1625) a vila de Santa Ana de Parnaíba. Não tem sentido a hipótese apresentada por alguns historiadores; de que Baltazar teria nascido em 1580, em Santa Ana de Parnaíba e, mesmo se admitindo essa tese, Baltazar continua sendo paulistano, pois nessa época tudo era São Paulo.

O historiador Adolfo Frioli, em palestra proferida no Instituo Genealógico Brasileiro, em São Paulo, no ano de 1986, anotou que, "Baltazar Fernandes, nascido em 1580, no Ibirapuera, acompanhou sua mãe e os irmãos na mudança para o sertão. Deveria estar menino, pelo menos com 9 anos e, no contato com a vida agreste, formou a sua mentalidade sertanista, esperando seguir, um dia, para o oeste desconhecido, na trilha dos seus parentes mais velhos. Na mocidade, participou do chamado bandeirismo escravagista".

A família

Baltazar Fernandes era bisneto de Tibiriçá, cacique dos nativos guaianases e uma das mais importantes figuras da História de São Paulo de Piratininga. Foi tão importante que Anchieta o considerava o fundador de São Paulo. Catequizado pelos jesuítas, foi batizado com o nome de Martim Afonso, em homenagem ao português donatário da Capitania de São Vicente. Das filhas de Tibiriçá, duas ganharam destaque nos primeiros tempos da vida paulista: Bartira, que se casou com João Ramalho e Beatriz, que se casou com Lopo Dias, os avós do fundador de Sorocaba. [Página 21]

Vale a pena abrir um parênteses, nesta narrativa, a fim de registrar um episódio curioso na vida de Suzana, mãe de Balthazar, contado pelos historiadores Mons. Paulo Florêncio da Silveira Camargo (História de Santana de Parnaíba) e Padre Hélio Abranches Viotti (Anchieta, o Apóstolo do Brasil). E, este detalhe, que vou narrar, agora, ganhou grande notoriedade, neste ano de 2014, quando S. S. o Papa Francisco canonizou o Padre José de Anchieta.

Quando ainda menina, residindo com seus pais em São Vicente, Suzana Dias foi acometida de uma moléstia grave. Esgotados todos os recursos humanos para a sua cura, Suzana recorreu a Deus, prometendo consagrar-se à vida religiosa, caso ficasse livre da doença, que a atormentava.

Miraculosamente, livre do infortúnio, Suzana cumpria a sua promessa, vivendo uma vida de cristã exemplar, com plano de ingressar num convento. Certo dia, quando estava compenetrada em suas orações, acercou-se dela um irmão leigo jesuíta e sussurrou-lhe aos ouvidos: "Você está liberada da promessa que fez ao Senhor".

Suzana levou um susto e, ruborizada e confusa, dirigiu-se ao religioso: - Mas, que promessa, se eu nunca revelei a ninguém, nem a minha mãe, que fiz alguma promessa ou tinha alguma a cumprir?

O irmão leigo insistiu: - Sou apenas um mensageiro da ordem do Senhor. Você está liberada.

Suzana casou-se e teve 17 filhos.

Essa história da mãe de Balthazar Fernandes não é lenda. O irmão citado, na narração anterior é o venerável padre José de Anchieta e essas informações fazem parte do testemunho de Suzana Dias, no processo de santificação do Apóstolo do Brasil em 1621.

Outro livro: "A Causa da Beatificação do Venerável Padre José de Anchieta", de autoria do padre Viotti, traz mais detalhes sobre o depoimento de Suzana:

"Conhece muito bem o Padre Anchieta e o teve por diretor espiritual, abrindo-lhe toda a consciência".

Conhecia-o, deste antes do sacerdócio, e narra o seguinte fato, que deve referir-se ao ano de 1560, quando novamente se encontram, em Piratininga (São Paulo), os padres Luiz da Grã e Manuel da Nóbrega, superiores da Companhia de Jesus.

"Sendo eu menina de poucos anos e indo à igreja desta vila de São Paulo, ouvi muitas vezes das padres Luiz da Grã e Manuel da Nóbrega, outrora provinciais, que o irmão José era santo e, contando alguns sonhos do irmão, afirmavam que eram revelações e que ele os dissimulava, dizendo que eram sonhos".

E reforça mais ainda:

"Sendo eu de 12 anos e estando enferma, desejei morrer, consagrando a Deus a minha virgindade, mas o padre José, sendo que a ninguém eu dissesse, me falou nesse assunto, que só podia saber através de revelação. Não fiz voto!" [Páginas 23 e 24]

A página 23 do livro "Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?" narra um episódio curioso da vida de Suzana Dias, mãe de "Balthazar", fundador de Sorocaba, contado pelos historiadores Mons. Paulo Florêncio da Silveira Camargo e também pelo padre Hélio Abranches.Essa história ganhou grande notoriedade em 2014, quando o Papa Francisco canonizou o padre José de Anchieta. Sem dar muitos detalhes, a o jornalista Sérgio Coelho separa a história em dois momentos:Primeiro: "(em São Vicente) Quando menina Suzana foi acometida de uma moléstia grave. Esgotados todos os recursos, Suzana recorreu a Deus, prometendo dedicar-se à vida religiosa, caso ficasse livre da doença. Miraculosamente, livre do infortúnio, Suzana cumpria a sua promessa, vivendo uma vida cristã, com plano de ingressar num convento."Segundo: "Certo dia, quando estava compenetrada em suas orações, acercou-lhe dela um irmão leigo jesuíta e sussurrou-lhe aos ouvidos: Você está liberada da promessa que fez ao Senhor. Suzana levou um susto, pois não havia reveleado a promessa a ninguém. Suzana casou-se e teve 17 filhos."O autor do livro não dá maiores detalhes, sugerindo que o fato teria ocorrido em 1560 e que ela tinha então 12 anos de idade quando estava "enferma e desejou morrer". (Página 23)

O testamento de Izabel de Proença, esposa de Balthazar, fez quando ainda viva, em 28 de novembro de 1654, e os dois inventários dos bens da família que se seguem, após a sua morte, em abril de 1555 - o primeiro em Santa Ana de Parnaíba e o outro em Sorocaba - contém importantes revelações sobre a vida dos Fernandes.

São, portanto, três documentos já citados por Luis Castanho de Almeida, de onde extraímos alguns fatos interessantes. No primeiro documento, de novembro de 1654, Izabel de Proença revela que... "... estando eu, Izabel de Proença, em meu perfeito juízo e entendimento, Nosso Senhor Jesus Cristo me deixou doente de cama temendo a morte... e por não saber o que Deus Nosso Senhor quererá fazer de mim, e quando será servido me levar para si, ordenei fazer este meu testamento."

Esse documento segue com uma profissão de fé na Santíssima Trindade, obediência à Santa Madre Igreja e um pedido de proteção a Deus, Jesus Cristo, Nossa Senhora e a todos os santos e anjos da corte celestial, em especial à santa do seu nome. Seguindo costume da época, pede que seu corpo seja sepultado na igreja do lugar onde falecer. Em seguida, dirige-se a sua família e recomenda:

"E peço por serviço de Deus Nosso Senhor ao padre vigário meu sobrinho, Francisco Fernandes de Oliveira, faça a minha cédula de testamento e peço ao meu marido, Balthazar Fernandes e a meu irmão Paulo de Proença Abreu, sejam meus testamenteiros".

Declara-se casa com Balthazar Fernandes, com quem teve vários filhos e filhas, nomeando seus herdeiros. Nem todos...

"... quanto a, minha filha Benta, que se casou com Pedro Correa não dotamos e nem demos nada por se casar contra as nossas vontades, minha e de seu pai, no que nos tem dado muitos desgostos". [Páginas 28 e 29]

Como último detalhe, Izabel revela que, como a maioria das mulheres da época, não sabe escrever:

"... e peço ao dito sobrinho, o padre vigário, por mim assinasse, por eu não saber...". (Este documento foi assinado em 4 de abril de 1655, em Santa Ana de Parnaíba).

No segundo documento, elaborado em 12 de abril de 1655, em que Isabel de Proença é tratada como "defunta" e Balthazar Fernandes como viúvo, está o inventário e a avaliação dos bens da família, em Santa Ana de Parnaíba.

Revela, por exemplo, que em 1655, um ano após a data da fundação de Sorocaba, Balthazar ainda tinha a sua fazenda em Parnaíba. Após citar o dia ano do inventário, detalha:

"nesta vila de Santa Ana da Parnaíba... nas casas de morada do capitão Balthazar Fernandes...".

Outros detalhes que o inventário apresenta: uma casa de taipa de pilão, com corredor e quintal de taipa de pilão, com suas portas e fechaduras. Tem um moinho novo, a fazenda tinha uma roça de mandioca, uma moenda aparelhada, uma casa de palha e outra casa de palha de trigo e tudo isso relacionado e avaliado. Observem: ter uma porta com fechadura era um progresso digno de nota, naqueles tempos, em que as casas eram fechadas com trancas e tramelas.

Aparece o nome Sorocaba

Concluídos o levantamento e as avaliações dos bens da família, em Parnaíba, o juiz, o escrivão e os avaliadores se deslocaram até Sorocaba para registrar os bens e propriedades aqui existentes.

"Aos 22 de abril de 1655, neste sítio e paragem chamada Sorocava, termo e limite da vila de Santa Ana da Parnaíba, fazenda do capitão Balthazar Fernandes..."

Registro dos bens e propriedades de Isabel de Proença no sítio e para...
22 de abril de 1655, quinta-feira (Há 369 anos)
 Fontes (1)

Mais informações sobre os bens do casal Izabel e Balthazar: casas de taipa de mão de três lanços, cobertas de telhas com portas. Esta é, sem dúvida, a descrição da primeira casa construída em Sorocaba. Tem mais benfeitorias: uma tenda (oficina) de ferreiro, com foles e outros equipamentos relacionados: torno, bigorna, malho, tenazes, mó, etc.

Tinha 24 foices para roçar e 24 machados para lavrar. Segue o relatório do fazendeiro Balthazar: 40 porcos, muitos nativos escravizados e muitas escrituras de terras em Sorocaba. O inventário é extenso, aborda pertences pessoais e até dívidas; porém, o que nos parece fundamental é citar este trecho da partilha:

"... lhe deram ao viúvo, em Sorocaba, adonde tem o seu sítio e igreja, três mil braças...".

Essa pequena frase é de suma importância pelo tanto que ela informa: cita mais uma vez o nome Sorocaba e informa que já existia, em 1655, a igreja de Nossa Senhora da Ponte, a mesma que está, hoje, ao lado do Mosteiro de São Bento, como existia também a sede da fazenda. [Páginas 30 e 31]

(...) São centenas e centenas de inventários, testamentos e escrituras, guardados pelos cartórios, cúrias, paróquias e Câmaras, formando um fantástico acervo capaz de reconstruir e esclarecer importantes aspectos da história de São Paulo nos tempos coloniais. Pena que o inventário de Balthazar Fernandes, feito antes de morrer, tenha se extraviado. [Página 32]

Além de André e Domingos, Balthazar tinha outros irmãos - Pedro, falecido ainda solteiro; Custódia, Ângela, Benta, Izabel, Francisco, Catarina e Paula. No ano de 1600, já em plena atividade como sertanista, nos sertões de Guairá, conheceu Maria de Zunega, nascida na Vila Rica, com quem se casou e teve uma filha, Maria de Torales. Alguns genealogistas discordam, dizendo que Maria de Torales seria filha adotiva. Em 1603, Balthazar está em São Vicente, casando-se com a paulista Izabel de Proença. Desse casamento, teve 12 filhos: Benta, Maria, Izabel, Potência, Anna, Cecília, Custódia, Marina, Verônica, Manoel, Luiz e Antônio. [Página 43]

Político e ferreiro

Nas questões políticas, como representante de Santa Ana de Parnaíba e líder de sua comunidade, está sempre na vanguarda dos acontecimentos a qualquer preço. Por ter participado, em 1640, juntamente com outras lideranças paulistas, do episódio da expulsão dos jesuítas de São Paulo, foi castigado pela Igreja, sofrendo a pena de excomunhão. Os paulistas justificavam a decisão, diante do fato dos padres terem extrapolado as suas funções, indo além do poder espiritual, interferindo nas questões políticas do povoado. Pesou, principalmente, na decisão dos paulistas, a publicação da bula do Papa Urbano VIII, que proibiu a escravização dos nativos, uma causa defendida pelos jesuítas. Em 1647, esclarecidos os fatos, um alvará régio suspendeu a pena de excomunhão. Em 1652, Baltazar está em São Vicente, como representante de Parnaíba, participando do movimento pela volta dos jesuítas expulsos.

O nome de Baltazar Fernandes vai aparecer, novamente, em 6 de agosto de 1641, quando as lideranças de São Paulo se reúnem para escolher o nome de Raposo Tavares para representar São Paulo, nas solenidades de aclamação de D. João IV, o Restaurador, em Portugal. Festejava-se o fim do reinado dos Felipe da Espanha e a restauração da monarquia portuguesa.

Antes de ser o homem público ativo e dedicado, Baltazar Fernandes foi, além de lavrador, ferreiro. Essa revelação é feita por Jesuíno Felicíssimo Júnior, autor da "História da Siderurgia de São Paulo - seus personagens, seus feitos". Informa o autor que, em 1619, Baltazar Fernandes obteve sesmaria no Porto das Canoas e levantou, em Parnaíba, um forno para fundição de ferro, que funcionou até 1645, quando foi interditado e desmontado, em consequência de denúncia feita ao juiz ordinário, Paulo do Amaral. Pelas leis de Portugal para o Brasil, na época, as tendas de ferreiros eram proibias, a fim de evitar que as técnicas de preparação e aproveitamento do ferro fossem parar nas mãos dos índios, tornando suas flechas mais perigosas e mortais.Detalha ainda o mesmo autor que a sesmaria de Baltazar era vizinha da de André, no lugar chamado Ibitiruma. [Páginas 44 e 45]

Seguem as mesmas dificuldades - falta de documentos que atestem a presença de Baltazar Fernandes, nesta ou naquela expedição. De forma geral, os historiadores sustentam que Baltazar Fernandes integra a lista de sertanistas que se dedicaram ao sertanismo de apresamento de nativos de 1600 a 1640. As mesma fontes informam que Baltazar casara-se, em 1600, com Maria de Zunega, em Vila Rica, garantida que, a partir daí, ele já andasse pelos sertões paraguaios, caçando nativos, ao lado do irmão André Fernandes.

Aluísio de Almeida, o historiador sorocabano que mais entende da fundação e do fundador de Sorocaba, ao tratar do primeiro casamento de Baltazar, define:

"Cerca de 1600 casou-se Baltazar Fernandes com Maria de Zunega, nascida na Vila Rica de Guairá,filha de Bartolomeu de Torales e de Violante de Zunega".

Em seguida, o mesmo autor, fugindo aos seus padrões de austeridade, arrisca uns voos de imaginação:

"É um verdadeiro romance de aventuras este namoro a tantas léguas de um sertanista com uma, digamos,sul-americana. Baltazar ficou, certamente, em Vila Rica, os curtos anos e talvez meses do seu casamento".

A esposa faleceu pouco tempo depois após o casamento, ficando a filha aos cuidados da família. Essa filha de Baltazar, anos mais tarde, já casada com Gabriel Ponce de Leon, veio para Santa Ana de Parnaíba, por volta de 1630, trazendo consigo o filho, André de Zunega y Leon, portanto, neto de Baltazar, e que se tornaria, mais tarde, seu genro, ao se casar com a tia, Cecília de Abreu.

Em 1603, incansável sertanista já se encontrava em São Vicente, realizando o seu segundo casamento, com Izabel de Proença, filha de João de Abreu, almoxarife da Capitania, português da Ilha Terceira e de Izabel de Proença Varela. De 1613 a 1615, Baltazar Fernandes foi alferes numa expedição chefiada por seu irmão André, na região do rio Paraupava (trecho inferior do Rio Araguaia), em Goiás. Essa expedição, organizado por Diogo de Quadros, provedor das minas, embora oficialmente enviada com propósitos de mineração, acabou se transformando em expedição de apresamento de nativos.

De 1628 a 1632, Balthazar Fernandes, acompanhando o seu irmão André, participou da grande invasão das missões de Guairá, cativando os chamados "nativos missioneiros" e transferindo-os para Santa Ana de Parnaíba. [Páginas 47 e 48]

Os dicionários do século XIX definem o verbete paragem como "lugar acessível à navegação,ação de parar". [Página 51]

(...) surpreende é a falta de informações documentadas sobre os locais e datas de nascimento e morte do "fundador" de Sorocaba (...) as informações divergem de autor para autor e são sempre imprecisas. Teria nascido no Ibirapuera ou em Parnaíba (...). [3]

(...) sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu." [4]

Retornando do Rio Grande do Sul, em1639, já beirando os 60 anos, Balthazar decidiu "pendurar as chuteiras", como bandeirante. Era hora de se dedicar mais aos seus negócios, em Santa Ana do Parnaíba, onde exercia certa liderança política e tinha a sua fazenda. Era hora, também, de iniciar a sua missão de povoador, uma tradição de família. Era hora de pensar em Sorocaba.

Nas suas idas e vindas ao Paraguai, conheceu a Paragem de Sorocaba, onde os bandeirantes costumavam fazer um pouso, antes de chegarem em casa - Parnaíba ou São Paulo. E foi aí

"nessas datas de terras de sesmaria de uma légua de terra em quadra; outra légua de terra nessa mesma paragem de Sorocaba, da outra banda do rio correndo da ponte para cima até a cachoeira", parte doada por sua mãe e por seu irmão André, parte conquistada por ele mesmo, que decidiu se estabelecer com uma fazenda de criação de gado e plantação, o embrião da futura Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. [Página 65]

Essa ponte a que se refere o documento não foi construída por Balthazar, mas já existia desde o final do século XVI, mandada construir por D. Francisco de Souza, governador geral do Brasil, quando em visita às minas do Morro Araçoiaba. Era uma ponte pequena, estreita, porém no mesmo local da atual, na rua XV de novembro. [Página 66]

O rio que deu nome à cidade

A história de Sorocaba é cheia de encontros e desencontros, que chega a ser folclórico. O Morro do Ipanema, não é de Ipanema, e sim de Araçoiaba; A igreja de São Bento não é de São Bento, é de Santa Ana; a casa da Marquesa de Santos (Quinzinho de Barros) não é da Marquesa; Brigadeiro Tobias, marido traído, nunca foi traído; o animal do tropeiro era mula, mas no monumento está o cavalo; a casa do Balthazar parece que não é... e assim por diante. [Página 68]

A escolha do local

Ao transferir-se para Sorocaba, Balthazar Fernandes seguiu o ensinamento da história: escolheu para sede de sua fazenda, uma região plana à margem do rio Sorocaba, na confluência com o córrego do Lageado (antigo ribeirão do Moinho), à esquerda da estrada para quem vai de Sorocaba a Votorantim, próximo ao Jardim Sandra.

Já para a escolha do local do futuro povoado, a Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba, ele adotou outros critérios. Escolheu uma pequena colina livre de enchentes, mais saudável, arejada e ali, com a construção da capela dedicada a Nossa Senhora da Ponte e, mais tarde do mosteiro, iniciou a formação do novo povoado.

Nesse ponto, surge uma nova discussão: qual a origem desse título de nossa Senhora da Ponte? Veio de Portugal? Veio na bagagem dos castelhanos de Guairá ou foi criação do fundador?

Mais uma vez, ofereço uma posição pessoal, sem desrespeitar a opinião de outros pesquisadores. Faço uma leitura diferente e bastante simples dos fatos: uma imagem de Nossa Senhora, trazida na bagagem dos pioneiros, costume muito normal na época, venerada numa capela perto da ponte do rio. Eis aí os elementos suficientes para criar uma referência geográfica: a capela de Nossa Senhora da Ponte. Era um costume assim e continua sendo até hoje. Está aí a Sorocaba que não me deixa mentir. Os dois principais aglomerados urbanos da cidade são, por vontade do povo e não por decreto, Além Linha e Além Ponte. Já era assim no meu tempo de criança e continua sendo assim.

Afinal, uma ponte era uma marca única e fantástica, naquele tempo, naquele sertão. Não era qualquer rio que tinha ponte. Registra a história que esta foi a primeira ponte do interior do Estado de São Paulo e remonta ao final do século XVI, por ocasião da descoberta das Minas do Morro Araçoiaba. [“Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”, 2014. Sérgio Coelho de Oliveira. Páginas 70 e 71]

(...) Nativos pioneiros

Além desses primeiros moradores, procedentes de Santa Ana do Parnaíba, São Paulo e Paraguai, temos o grande contingente de nativos, cuja relação nominal estamos publicando, conforme o testamento de Izabel de Proença. É curioso observar que , quando se trata de bebês e crianças, são identificados como "crias" e não tem nomes, talvez porque ainda não tivessem sido batizados ou registrados. A seguir a lista dos nativos:

José e sua mulher Sabina e uma cria;
Gabriela solto, com um irmão rapazinho e duas raparigas;
Pedro solto e seu irmão Bastião;
Antonia rapariga e sua irmã;
Pedro e Izabel com um filhinho e sua filhinha;
Salvador rapaz solto;
Miguel, solto;
João e sua mulher Cecília, uma rapariga e três rapadinhos seus filhos;
Ipólita, solta com dois filhinhos;
Tomas solto;
Bras e sua mulher Maria com uma criança;
Bartholomeu e sua mulher, Andreaza com uma cria;
Alberto solto;
PEdro e sua mulher (?) com uma cria;
Grimaneza solta;
Baltezar solto;
Aleixo, solto;
Cecília solta com duas crias;
Marinho rapaz solto;
Felipe rapaz solto;
Domingos e sua mulher Custódia e sua mulher Mônica;
Joseph, sua mulher Christina, sua filha Barbosa e uma cria;
Felipa solta e seu filho André;
Paula solta;
América moça, sua filha e 4 filhos pequenos;
José e sua mulher Maria com três filhos pequenos;
Manoel solto;
Pedro e sua mulher Sabina com quatro filhos pequenos;
José e sua mulher Sabina com quatro filhos;
Antônia solta com dois filhos e uma filha pequena;
Pascoal e sua mulher Constança com duas filhas e um filho pequeno;
Miguel e sua mulher Clemência, com um filho e uma filha pequenos;
Roque e sua mulher Helena com duas filhas, Catarina e Asença e mais quatro filhos pequenos;
Gaspar e sua mulher Marqueza e mais quatro filhos pequenos;
Lourenço e sua mulher Lucrécia;
Ignocêncio e sua mulher Augustinha, com dois filhos pequenos;
Luiz solto;
João e sua mulher "Índia";
Gregório solto e seu filho João;
Antonio solto;
Gabriel e sua mulher Pelonia com quatro filhos pequenos;
Vicente solto e sua irmã moça por nome Maria e sua mãe também por nome Maria;
José solto;
Gabriel e sua filha Anastácia e três filhos pequenos;
Paulo e sua mulher Joana e seu filho João, moço, e dois filhos pequenos;
Alonço e sua mulher Paula Angela, seu marido velho com um filho moço por nome Fernando e uma filha pequena;
Henrique e sua mulher Mônica e uma filha moça por nome Leonor;
Joana solta com cinco filhos e filhas pequenos e um moço, também seu filho, por nome Francisco;
Izabel, solta;
Maria, solta com uma cria;
José e sua mulher Izabel;
Fernando e sua mulher (?) com seus filhos pequenos, Pedro e Sebastião;
Pedroe sua mulher Ana, João, seu filho moço e dois filhos pequenos;
Alexandre e sua mulher Inácia e uma filha pequena;
Domingos e sua mulher Cecília com cinco filhos pequenos;
Pedro e sua mulher;
Paula e sua filha moça por nome de Catarina e um filho pequeno;
Luzia e seu marido velho, com dois filhos pequenos;
Gabriel e sua mulher; Francisca e uma filha moça por nome Izabel e três filhos pequenos;
Bastião e sua mulher Marina;
Afonso e sua mulher Marqueza com um rapaz seu filho e outro filho moço por nome José e sua mulher Tiodora;
Marcos e sua mulher Ambrosia com duas filhas moças por nome Bastiana e Juliana e três filhos pequenos;
Salvador e sua mulher velha Inocencia;
Paulo e sua mulher Maria, seu filho moço por nome Miguel e quatro filhos pequenos;
Camila solta com duas filhas pequenas;
Domingos e sua mulher Cecília e dois filhos pequenos;
Henrique e sua mulher Apolonia com um filhinho;
Garcia e sua mulher Cristina e um filho moço por nome João;
Antonio e sua mulher Sabina;
Tomé e sua mulher velha Cecília;
Felipe solto com seu filho pequeno;
Felipa solta com filho;
Branca solta;
Angela solta;
Estacia solta;
Maria solta;
Constança, solta;
Antonio solto e sua irmã Serafina, as crias e três irmãos pequenos;
Andreza solta;
Ana, solta;
Merencia solta;
Cecília solta;
Marqueza solta;
Lourença solta;
Uma raparigona solta por nome de Domingas;
Tiodozia solta;
Matia e sua mulher velha;
Lourenço e sua mulher Andreza com duas crias;
Bastião e sua mulher Luzia com duas crias;
Barnabé, solto, rapagão;
Gonçalo e sua mulher Antonia com duas filhas pequenas;
Branca solta com seu filhos moço por nome de Amaro e sua filha pequena;
Asenço e sua mulher Maria e seu irmão por nome Tomé, moço solto e um irmão pequeno e seus pais velhos;
Potencia solta e um pequeno filho;
Clemencia solta; Catarina solta e uma irmã pequena e seu pai velho;
Fernando e sua mulher Izabel, Manoel e seu filho moço e Verônica moça também sua filha;
Roque solto;
Luiz e sua mulher Maria, com três filhos pequenos;
Alonço e sua mulher Mônica e três filhos e uma irmã por nome Paula, solta;
Luiz e sua mulher Sabina e um filho moço por nome Dionisio e três filhos pequenos;
Paulo e sua mulher Ignacia e um rapaz por nome Bartolomeu, seu filho e quatro crias;
Francisco e sua mulher Ursula e seu irmão Belchior;
Henrique solto;
Manoel solto e mudo;
Cristina solta com uma filha;
Domingas, solta;
Antonio e sua mulher Andreza;
Alonço e sua irmã Francisca;
Bárbara solta e sua irmã Maria e seu filho Custódio, moço solto com dois filhos e a mãe velha;
Guiomar solta;
Sabina solta;
Tomazia solta;
Bartolomeu e sua mulher Fabiana, seu filho moço por nome Bartolomeu e dois filhos pequenos;
Cecília solta;
Generoza solta;
Marina solta;
Sabina solta;
Francisco, rapagão solto;
Tomé e sua mulher Luzia com dois filhos pequenos e um moço solto, seu irmão por nome João;
João e sua mulher Ana com dois filhos pequenos.

A relação acima, de 377 nativos, leva-nos a sua conclusões interessantes. A primeira é que uma pessoa para ter essa quantidade de nativos, seja para serviços em suas terras, seja para comércio, teria de ser muito rica, muito abastada, como de fato o era Balthazar Fernandes. Na verdade, ele precisava de mão de obra para plantar e colher, para fazer vinho e farinha de trigo e, finalmente, transportar a sua produção no lombo dos nativos. E ele tinha duas fazendas. O historiador Sérgio Buarque de Holanda observa no seu livro História Geral da Civilização Brasileira:

"Possuir escravizados nativos constitutía índice de abastança e de poder que seriam proporcionais ao número das ´peças´ possuídas".

A segunda sugere que os nativos, que concorreram para a formação do povo sorocabano, não eram, obrigatoriamente, os tupis, que habitavam esta região paulista. A maioria fazia parte das levas de outras tribos de nativas, como os guaranis do Paraguai; os tapes e gês, do Rio Grande do Sul, apreendidos pelas expedições de apresamento.

Para encerrar este capítulo, é importante observar o que escreveu Luiz Castanho de Almeida, sobre este assunto, em sua "História de Sorocaba":

"Provavelmente, passava por estar imediações o habitat da grande tribo dos carijós, que se estendia desde o Itanhaen até o Guairá e Rio Grande do Sul. Pobres criaturas, foram os primeiros escravos e em povoação tão grande que, até o século XVIII, se chamavam carijós os escravizados da raça vermelha de um modo geral. Esses escravizados é que foram os fundadores humildes de Sorocaba, ficando nas fazendas e sesmarias da redondeza, socando as primeiras taipas, aumentando a população entre si e, aqui também, servindo a sensualidade de brancos e mamelucos." [Páginas 76, 77, 78 e 79]

[1]

Segundo Aluísio de Almeida, nmo livreto "História de Sorocaba", editado em 1951: Balthazar tanto podia ser um belo tipo português, loiro, como um valente mameluco, de feições indiáticas, repetindo na quarta geração o tipo indígena.

O historiador Affonso de E. Taunay, no seu livro “História Antiga da Abadia de Sâo Paulo”, deixou registrado:

“Desde casal (Manuel Fernandes Ramos, português, e de Suzanna Dias, mameluca filha de João Ramalho) nasceram três tipos de singular robustes e excepcional energia: André, Domingos e Balthazar, os fundadores de Parnaíba, Itu e Sorocaba”. [2]

O pai de Baltazar, Manoel Fernandes, faleceu em 1589 e, em 1608, a mãe Suzana Dias, casada pela segunda vez com Belchior da Costa, já havia deixado São Paulo, residindo então na sua fazenda, às margens do rio Tietê, em Santa Ana de Parnaíba. Não há data precisa para essa mudança, foi depois de 1593 e antes de 1608, conforme atesta a documentação da época (...) [“Baltazar Fernandes: Culpado ou Inocente?”, 2014. Sérgio Coelho de Oliveira. Página 27]

Em um outro documento, produzido em 1732, e existente na Biblioteca da História Real Portuguesa, na cidade do Porto, a história da origem de Sorocaba é assim contada:

"Esta igreja e mosteiro fundou no alto desta Villa de Sorocaba o capitão-mór Balthazar Fernandes, fundador que foi também da dita Villa, no ano de 1654. Está esta villa situada junto ao rio do Sorocaba, nome que lhe deu o gentio... Este não é muito grande, mas é navegável porque por ele abaixo navegavam os homens antigamente a buscar gentio e hoje o navegam também para ir as minas novamente descobertas do Cuyabá e Cochiponen..." [Página 69]

A paragem de Sorocaba, que sempre esteve nos sonhos do povoador Balthazar Fernandes, era, na primeira metade do século XVII, uma boca de sertão. Era a porta de entrada de São Paulo, das expedições paulistas, envolvidos no apresamento dos nativos e na mineração, nos sertões do Rio Grande do Sul, do Paraná, do Mato Grosso e da região dos campos gerais de Curitiba para São Paulo e Rio de Janeiro. Homem de negócios, Balthazar apostava no potencial da paragem de Sorocaba, ainda um sertão a ser ocupado.

Em meados do século XVII, não havia mais do que 10 vilas em São Paulo, quatro delas no litoral - São Vicente (1532), Iguape (1538), Cananéa (1600) e Ubatuba (1637). No interior, além de São Paulo (1554), Mogi das Cruzes (1611), Taubaté (1645) e Guaratinguetá (1651).

Partindo de São Paulo, na direção sul e oeste, existiam duas vilas - Santa Ana do Parnaíba (1625) e Itú (1640). O resto era sertão bruto. [Página 81]

Balthazar não foi o primeiro a se interessar pela região. Antes dele, a história registra duas tentativas de formação de povoado. A primeira foi em 1589, quando os Afonso Sardinha, pai e filho, descobriram minério de ferro no Morro Araçoiaba, instalando nesse local, dois anos depois (1591), uma fundição de ferro. A descoberta atraiu a atenção do Governador Geral do Brasil, Francisco de Souza, que, em 23 de maio de 1599, conforme narrativa do historiador Jesuíno Felicíssimo Júnior:

"Acompanhado de grande e imponente séquito, constituído de fidalgos coloridamente trajados, técnicos, infantes e nativos, sob o som de música marcial, partiu para Araçoiaba".

Permaneceu entre nós durante sete meses, ocasião em que fundou, oficialmente, no local, a povoação de Nossa Senhora do Monte Serrate. Foi de curta duração e, anos depois, decepcionados com os resultados das minas, os moradores do pequeno aldeamento abandonaram o morro. A segunda tentativa, ainda por iniciativa de D. Francisco de Souza, foi o agrupamento dos remanescentes de Ipanema no atual bairro do Itavuvu, em 1611. O local recebeu o seu pelourinho e ganhou o nome de Vila de São Felipe, homenagem a Felipe II, rei de Portugal e Espanha. Também não vingou e nem chegou a ter Câmara.

A chegada de Balthazar Fernandes, instalando-se com fazenda à beira do rio Sorocaba, devia ter sido uma notícia bombástica para a vizinhança. E não tardou para que grupos de moradores, distribuídos pela região desde o início do século XVII, começassem a se aproximar da fazenda, buscando proteção e apoio junto ao fazendeiro recém-chegado.

Doação de terras aos padres

A paragem de Sorocaba começa ter vida. O número de casas, moradores e sítios cresce todos os dias, desenhando os primeiros contornos do sonho do povoador. Em 1660, cinco anos após ter deixado Santa Ana do Parnaíba, Balthazar sente a necessidade de dar uma melhor condição de vida aos moradores, que começavam a ocupar as terras em sua volta. Lembrou-se de sua mãe, Suzana Dias e do seu irmão André Fernandes que, para consolidar o povoado de Santa Ana de Parnaíba, atraíram para o local os monges beneditinos, doando-lhes terras e bens. Os padres representavam assistência religiosa para os moradores, educação e escola. Decidiu seguir o exemplo da família.

Nessa época, 1660, Sorocaba ainda pertencia à Vila de Santa Ana de Parnaíba e, por isso, Balthazar precisou se dirigir até aquela povoação, com o propósito de doar terras e bens aos padres de São Bento de Santa Ana do Parnaíba, a fim de que eles se instalassem em Sorocaba. [Páginas 82 e 83]

As obras de construção do mosteiro tiveram início em 1667 e foram concluídas ano ano seguinte. Ainda a respeito do documento de doação, o padre José Carlos Camorim Gatti, atual prior do mosteiro, comenta que alguns historiadores tem publicado que Balthazar Fernandes deixou como obrigação aos padres a celebração de uma missa todos os meses pela sua alma. "No documento original não existe nada a respeito" - afirma taxativo o padre. "Ao pedir a celebração da missa mensal, na capela de Nossa Senhora da Ponte, Balthazar queria garantir a presença constante do sacerdote na povoação". [Página 84]

Elevação à vila

Mas, o grande sonho de Balthazar era ver o seu povoado transformado em vila, como já havia acontecido com a Parnaíba do seu irmão André e a Itú de Domingos Fernandes.

E a paragem de Sorocaba estava madura para mais este passo. Estabelecia a legislação da época que um povoado poderia reivindicar a elevação à vila, com direito à Câmara, vereadores, juízes e pelourinho (símbolo do poder), desde que contasse, no mínimo, com 30 fogos, o mesmo que quer dizer 30 casas ou famílias.

Quanto a isso não havia dúvida e a providência seguinte seria solicitar, oficialmente, a criação da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba. Ou, simplesmente, a transferência do pelourinho e dos poderes simbolizados por ele, de Itavuvu para o povoado de Sorocaba, atual região central de Sorocaba.

Como se fosse coisa de Deus, a oportunidade de se fazer o pedido surgiu "de bandeja", com a visita do capitão Salvador Correa da Sá Ybenavid (e Benavides), governador da Repartição Sul, a que pertencia a São Paulo. Na versão mais correta, ele esteve fugindo de problemas que enfrentaria com os moradores do Rio de Janeiro, sede do governo da Repartição Sul.

Salvador, uma das pessoas mais influentes do Brasil da época, era muito amigos dos Fernandes, desde os tempos do Paraguay. Balthazar não teve dúvidas, encilhou o cavalo e seguiu para São Paulo, levando consigo um pedido para elevação de Sorocaba à Vila. Alguns historiadores defendem outra versão, mais viável, de que ele não foi, por estar muito idoso e adoentado. Teria mandado uma representação. Afinal, era uma cavalgada de três dias, quase 100 quilômetros, um sacrifício, um heroísmo para um homem de 80 anos.

Mas, se ele não foi, pessoalmente, é possível que os seus assessores tenham levado do documento preparado por ele e dirigido ao Administrador Geral da Repartição Sul.

"Diz o capitão mór Balthazar Fernandes, morador na nova povoação de Sorocaba, Vila de Nossa Senhora da Ponte, que ele como povoador, em nome dos mais moradores, trata de levantar pelourinho na dita vila, que será meia légua do lugar que levantou o sr. Francisco que Deus tem, governador deste Estado; como tão bem necessitam de Justiça para se poderem governador, como bons vassalos de V. M.; o que ûa e outra coisa se não pode obrar, nem conseguir sem expressa ordem de V. S., para que - Pede a V. S. lhe faça mercê conceder o deduzido em sua petição visto redundar tudo em aumento desta repartição, e serviço de S. Majestade e aumento dos seus moradores, provendo V. S. Receberá mercê."

Recebida a petição, Salvador Correa a encaminhou ao ouvidor da Capitania, para averiguar a quantidade dos moradores de Sorocaba, a fim de que ele pudesse atender ou não o pedido. Todo o processo deve ter sido encaminhado com urgência urgentíssima, dada a consideração do governador para com o representante de Sorocaba. O pedido feito no dia 2 de março de 1661, foi encaminhado à ouvidoria nesse mesmo dia e retornando com parecer favorável do sr. Antonio Lopes de Medeiros, ouvidor da Capitania de São Vicente.

O processo retorna à mãos do governador, que dá o despacho final em 3 de março de 1661..

"Vista a justificação feita pelo Ouvidor desta Capitania com alçada, Antonio Lopes de Medeiros, e a bem do dito Foral dos Donatários, e haver o meu antecessor D. Francisco de Sousa levantado pelourinho no dito distrito e ao presente a querem mudar dentro do mesmo termo. Mando se lhes faça provisão na forma que se pede. São Paulo, 3 de março de 1661". [Páginas 84, 85, 86 e 87]

Quem garante que esse primeiro traçado urbano de Sorocaba tem a orientação do fundador Balthazar Fernandes?

Um documento-petição, elaborado pelo filho de Balthazar Fernandes, Manoel Fernandes de Abreu, e dirigido à Câmara em 4 de junho de 1667, requerendo a doação de 20 braças de chão para casas e quintais de seus filhos e filhas, contém informações valiosíssimas. Vejam o que diz o filho do fundador:

"Diz Manoel Fernandes de Abreu, morador nesta dita vila de Nossa Senhora da Ponte, que ele haverá doze anos, pouco mais ou menos em companhia de seu pai (QUE DEUS O TENHA EM SUA GLÓRIA), o capitão-mór Balthazar Fernandes começaram a fundar e povoar esta vila com suas pessoas e fazendas e fizeram as suas custas duas igrejas e casas do Conselho nesta vila..."

Na verdade Manoel estava fazendo uso do prestígio e dos empreendimentos do pai para conseguir o benefício de terras para a sua família, terras que já haviam sido doadas aos padres beneditinos. Manoel não se conformava com a decisão do seu pai de doar sua parte em terras aos padres. Ao assumir essa povoação, deixou para a posteridade importantes informações sobre os primeiros anos da história de Sorocaba, dos primeiros prédios - as duas igrejas, de São Bento e a matriz - e as casas do Conselho - Câmara e Cadeia.

Esse documento também é o primeiro e, até agora, o único que faz referência à morte de Balthazar Fernandes (Que Deus o tenha...). Resta saber em que ano se deu a morte, se foi em 1667 ou no ano anterior. Para alguns historiadores, intérpretes da documentação histórica sorocabana, Balthazar morreu em 1666 ou 1667, pois o seu filho Manoel Fernandes de Abreu não esperaria tanto tempo para reivindicar as terras que tanto queria para a criação dos seus filhos. [Página 93]

Um documento esclarecedor

Essa questão do sepultamento de Balthazar Fernandes, até há pouco tempo, não estava bem esclarecida. Leiam o que publicou o jornal Cruzeiro do Sul (07.09.1980):

"Um documento da Ordem dos Beneditinos de Portugal, recebido por D. Tadeu Strunk (então, prior do mosteiro de São Bento de Sorocaba) um pouco antes de sua morte, foi a prova concreta de que o fundador de Sorocaba, Balthazar Fernandes, está realmente sepultado no Mosteiro de São Bento de Sorocaba. De acordo com o então vice-presidente do Instituto Histórico e Genealógico de Sorocaba, dr. José Crespo Gonzales, D. Tadeu, procurando averiguar a verdade, escreveu aos mosteiros de Portugal, pedindo informações sobre as pessoas que estavam enterradas no Mosteiro de São Bento e, um dos primeiros nomes que constavam na lista, ao lado de Pascoal Moreira Cabral, era o de Balthazar Fernandes... D. Tadeu recebeu a carta, não fez divulgação alguma, porque ela era um dos documentos que estava preparando para o seu livro sobre a história do Mosteiro".

Em outro trecho, a notícia acrescenta mais informação:

"O assunto veio à tona numa das últimas reuniões do Instituto Histórico, quando o Monsenhor Luiz Castanho de Almeida (Aluísio de Almeida) comunicou o fato aos associados da entidade". Monsenhor Castanho também não chegou a ver tal documento.

Mais recentemente, neste ano de 2014, século XXI, o frei José Carlos Camorim Gatti, atual prior do Mosteiro de Sorocaba, encontrou entre os guardados do convento aquele que pode ser o tal documento recebido por D. Tadeu. É um relato histórico do Mosteiro, produzido em 1732, abrangendo o período de 1660 a 1722, pertencente à Biblioteca Real da História Portuguesa, Porto, Portugal. Ele começa assim:

"Notícias que pertencem a este Mosteiro de Nossa Senhora da Visitação da Vila de Nossa Senhora da Ponte de Sorocaba da Ordem do Patriarca de São Bento, as quais ordena o rei, nosso Senhor, se mande a Academia Real da História Portuguesa".

O documento, registrado na Biblioteca Municipal do Porto como "manuscrito 370", folhas 56-61, tem 14 páginas e na páginas 13 encontramos esta informação:

"Nesta igreja não há capela alguma, nem este mosteiro a tem nesta Vila, mais em parte alguma. Nela estão enterrados na capela mor o doador, o capitão Balthazar Fernandes e o vigário que foi desta vila, o padre Paulo Branco; Na porta da igreja, da parte de fora no alpendre, D. Diogo do Rego e Mendonça,genro do doador Balthazar Fernandes e os dois religiosos, como já disse." [Páginas 94 e 95]

Cronologia

1580 - Data provável do seu nascimento, em São Paulo.
1600 - Ano provável do primeiro casamento dom Maria de Zunega em Vila Rica de Guairá (Paraguai).
1603 - Ano provável do segundo casamento do Izabel de Proença, em São Vicente.
1608 - Mudança da família Fernandes para a fazenda de Santa Ana de Parnaíba.
1613 á 1615 - Como alferes, integra a expedição do rio Paraupava, chefiada por André Fernandes.
1614 - Nasce Benta Dias, a primeira filha do segundo casamento.
1639 (Natal) - Novamente no sertão, agora no atual território do Rio Grande do Sul, participando da destruição da redução de Santa Tereza. [Páginas 99 e 100]

É verdade que Baltazar Fernandes participou das expedições de apresamento de nativos, ao lado do seu irmão, André Fernandes, nas reduções de Ciudad Real e Vila Rica (Província de Guayrá), no Paraguai e parte do atual estado do Paraná. Isso é tão verdadeiro que ele se casou com a castelhana Maria de Zunega, filha de Dom Bartholomeu de Torales. Foi com eles, mais os membros das famílias Ponce de Leon e Zunega Y Leon, entre outros e mais parte dos nativos aí apresados, que ele fundaria Sorocaba mais tarde. Tudo isso aconteceu nos anos de 1629/1630.

É verdade também, que Balthazar Fernandes, ao lado do irmão André Fernandes e do seu sobrinho, padre Francisco Fernandes de Oliveira,participou, em 23 de dezembro de 1637, da expedição que destruiu a redução de Santa Tereza, na região da atual cidade de Passo Fundo. Foi em consequência dos atos praticados em Santa Tereza, que Baltazar Fernandes e André Fernandes foram relacionados num documento de excomunhão, assinado pelo bispo de Buenos Aires, caso continuassem destruindo as reduções e caso não devolvessem os nativos cativos e pagassem os dados feitos nas reduções. Isso aconteceu em 1637, conforme documentos originais, guardados na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Após a destruição da redução de Santa Tereza, Balthazar e André retornam, em novembro de 1639, a São Paulo, ocasião em que já está a caminho da expedição de Fernão Dias Paes e do seu irmão, Pascoal Leite Paes, que vai atacar as reduções dos Apóstolos (Caaçapaguassu), quando, pela primeira vez, os paulistas são derrotados. É nesse combate, que morre o padre, atingido por um tiro no olho.

A história dessa batalha está narrada em documentos enviados pelo jesuíta Cláudio Ruyer e pelo governador do Paraguai, D. Pedro Lugo y Navarra, como também é contada na "História de la Companhia de Jesus en la Província Del Paraguai", segundo documentos originais "del Archivo General das Índias", de autoria do padre Pablo Pastells.

Vamos ao trecho (já traduzido) da carta do padre Ruyer, que mais interessa a este caso:

"Vossa Reverendíssima já está sabendo da desgraçada morte repentina do nosso bom padre Diego de Alfaro, superior digníssimo destas reduções, a qual um malvado português matou em Caaçapaguassu, onde estava também o governador do Paraguai, D. Pedro de Lugo, com 60 soldados, por cuja covardia, frouxidão e omissão, o bom padre foi animando os seus filhos (nativos) a que lutassem valorosamente contra os inimigos, que haviam se escondido atrás de um pequeno morro. Acontece que um malvado, escondido em uma choça,a poucos passos dali, conhecendo muito bem o padre, apontou e atirou de frente sobre o olho direito, o que derrubou o pobre padre, que em seguida perdeu a fala e não o sentido. Foi quando um outro padre ali presente, tomando-lhe a mão, disse que a apertasse, para que lhe desse a absolvição e concedesse a indulgência plena. Ele abriu o olho esquerdo, olhou para o padre e lhe apertou a mão, que foi dia de Santo Antonio Abade (17 de janeiro de 1639), pela manhã, depois de ter caminhado todo o exército três léguas de noite". (Carta datada de 23 de julho de 1639, do padre Ruyer para o padre Antonio Ruiz de Montoya, procurador geral das reduções do Paraguai e da Companhia de Jesus). [Páginas 111 e 112]

O monsenhor Paulo Florêncio da Silveira Camargo descreve este fato em seu livro "História de Santa Ana de Parnaíba":

"Repercutiu em Parnaíba, o breve libertador dos nativos, a dita bula do papa Urbano VIII (22 de abril de 1639). Atribuíram aos jesuítas a consecução da referida bula e queria expulsá-los de São Paulo. Na reunião das Câmaras, em São Vicente (24 e 25 de junho de 1640), Baltazar Fernandes representou Parnaíba". Na mesma obra o monsenhor Paulo Florêncio lembra que:

"Baltazar Fernandes foi procurador geral de Parnaíba. Compareceu em São Paulo (6 de agosto de 1641), na reunião coletiva para eleição do representante na visita a D. João IV, em Lisboa".

Registra também, que a expedição de André Fernandes, da qual Baltazar Fernandes fazia parte, retorna a São Paulo, em dezembro de 1638 ou no início de 1639, após a destruição da Redução de Santa Tereza. O padre foi morto em janeiro de 1639.(...)

As suspeitas apontam para Paschoal Leite Paes

As suspeitas apontam o sertanista Paschoal Leite Paes, irmão de Fernão Dias Paes (Leme), o governador das esmeraldas, como o responsável pela morte do padre Alfaro, durante o combate de Caazapaguassu. Não há documento que afirme, taxativamente, que foi ele quem deu o tiro fatal. Mas, está documentado que Paschoal era o chefe (cabo) da expedição de Caazapaguassu, como também está documentado que foi o chefe da expedição em questão, que acertou o padre. Essas informações estão claras e fazem parte das narrativas dos principais historiadores brasileiros, que trataram do assunto. Confirmando esses fatos, Sorocaba continua fazendo parte da história da morte do padre Diego de Alfaro. Ao lado de Baltazar Fernandes, Pascoal foi o primeiro juiz de Sorocaba, eleito em 3 de março de 1661.

Aluísio de Almeida em seu livro "História de Sorocaba", editado em 1969, ao fazer identificação de cada um dos integrantes da primeira Câmara de Sorocaba, comenta:

"Pascoal Leite Paes, de identificação difícil, porque não podia ser o irmão de Fernão Dias Paes Leme, e logo morreu em Parnaíba".

Em outro livro, "Sorocaba, 3 séculos de História" publicação póstuma do mesmo autor, a informação é totalmente contrária. Observem:

"Pascoal Leite Paes, um dos primeiros vereadores (sic) nomeados, foi velho sertanista a descansar em sua fazenda possivelmente dos lados do Apotribu. Irmão do grande Governador das Esmeraldas, com quem esteve na derrota de 1630, em Caaçapaguaçu, foi prisioneiro no Prata. Voltando alguns anos depois, este grande homem ajudou a nascer Sorocaba, findando-se em sua fazenda, em 1664".

Informações equivocadas à parte (Pascoal foi juiz e não vereador, a derrota foi em 1639), a informação do historiador sorocabano confirma que Pascoal Leite Paes, primeiro juiz de Sorocaba, irmão de Fernão Dias Paes, esteve em Caazapaguassu e foi mantido preso no Prata. Só não afirmou que foi ele quem atirou no padre. [Páginas 115, 116 e 117]

A excomunhão de Baltazar Fernandes

"...excomulgacion y censuras contra los portugueses que acometen a las reduciones de los nativos..." Este é o cabeçalho de um documento de fevereiro de 1638, assinado pelo padre Diego de Alfaro, da Companhia de Jesus, superior das reduções jesuíticas pertencentes ao Paraguai e comissário do Santo Ofício da Inquisição, que adverte "o capitão André Fernandes, Baltazar Fernandes, o capitão fulano Pedroso,o capitão Domingos Álvares e fulano Prieto y otros muchos portugueses y castelhanos, que estão aprisionando nativos cristãos - homens, mulheres, crianças e velhos - destruindo suas cabanas, sua alimentação e até matando-os. Invadem as igrejas e furtam os bens eclesiásticos". Esse documento, cujo original se encontra na Biblioteca Nacional, foi entregue, na Redução da Candelária, pelos padres Pedro Romero e Juan Batista Hornos, notário apostólico, aos sertanistas Francisco Paiva e Antonio Pedroso, que se negaram a recebê-lo. Nesse momento, o padre Alfaro procedeu a leitura do documento em voz alta e inteligível, como relato o historiador Aurélio Porto, ordenando os sertanistas para que dentro de 24 horas saíssem do território do bispado da Prata e restituíssem os nativos maiores e menores, homens e mulheres que têm cativos, sob pena de excomunhão. Os sertanistas Paiva e Pedroso destruíram as citações, o que levou o padre Alfaro a confirmar a excomunhão.Mas vez compareceram os jesuítas ao acampamento dos sertanistas, anunciando a sua excomunhão, com o que não se preocuparam os paulistas, alegando que iriam recorrer.

Embora citados, no documento de excomunhão, André e Baltazar não se encontravam no local (Candelária). Já tinham iniciado a volta para São Paulo, trazendo grande número de nativos cativos.

Esse episódio é o único que estabelece uma relação entre Baltazar Fernandes e o padre Diego de Alfaro, advindo daí, talvez, o boato de que teria sido ele o matador do padre. Como se vê, esse fato ocorreu, em fevereiro de 1638, e o padre viria a morrer em combate em janeiro de 1639, 11 meses depois, algumas centenas de quilômetros distante dali.

A ausência de André e Baltazar Fernandes, em Candelária, onde fora lido o documento de excomunhão, é explicado por Aurélio Porto, na sua "História das Missões Orientais do Uruguai":

"Terminada a ocupação de Santa Tereza, mandou o caudilho André Fernandes, que um destacamento de 30 a 40 paulistas, apoiado por mais de 1.000 tupis e nativos amigos fossem assolar as reduções do Ijuí. Esse grupo, parece, teria por comandantes os sertanistas capitães Francisco de Paiva e Antonio Pedroso, se bem que outros paulistas de escol dele fizessem parte".

Efetivamente, foram esses dois bandeirantes, Paiva e Pedroso que, segundo documentação jesuítica, receberam a notícia de excomunhão das mãos dos jesuítas. [Páginas 118 e 119]

Balthazar Fernandes continua sendo um mito! Sua lápide, fria e muda, não fala em morte. Nem se sabe quando ele nasceu. E se nasceu... quando morreu. Sua memória, espírito do bem, eternizou-se na sua obra: uma velha capela, um mosteiro. Paredes velhas, tortas, fundidas no barro, que se expandem. Semente de povoado, que desabrochou, virando cidade. E QUE CIDADE!!! [Contracapa]

MAMELUCOS CONDUZINDO PRISIONEIROS ÍNDIOS
Data: 01/01/1834 1834
Créditos / Fonte: Jean-Baptiste Debret, Viagem pitoresca e histórica ao Brasil

Casa da família de Balthazar Fernandes*
Data: 01/01/1950 1950
Créditos / Fonte: Livro de Sergio Coelho de Oliveira “Baltazar Fernandes, Culpado ou Inocente?”
Desapareceu com a construção de uma barragem

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