' Pela manhã, inicia-se o inventário de Cornélio de Arzão e a inquisição - 29/04/1628 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Pela manhã, inicia-se o inventário de Cornélio de Arzão e a inquisição
29 de abril de 1628, sábado. Há 396 anos
À meia-noite de 28 de abril de 1628, um grupo de homens bate à porta da casa de um grande sítio em Pirituba, enquanto um dêles, com voz clara, brada: – Abram, em nome da Santa Inquisição! Uma mulher, pouco depois, escancara as portas, sem surpresa nem susto, pois já espera a incômoda visita. É ela dona Elvira Rodrigues, e sabe que esses homens sinistros a procurariam, pois seu marido, Cornélio de Arzão, acha-se prêso em Lisboa, por ordem do Santo Ofício. Cornélio de Arzão, flamengo que viera a São Paulo como perito em mineração, contratado por D. Francisco de Sousa, é homem de muita consideração na vila, onde se casa com a filha de um grande sertanista espanhol, mas, por motivos que se ignora, cai no desagrado da Inquisição, que o prende na aldeia de Setúbal e o remete para Lisboa, após excomungá-lo. Cornélio não é judeu. Além disso é católico, e tão bom católico que trabalha na conclusão da igreja matriz, alguns anos antes, e ficam a dever-lhe não pouco dinheiro dessa empreitada. O certo é que, por esta ou aquela razão, Miguel Ribeiro, meirinho do Santo Ofício, e o juiz Francisco de Paiva exigem que dona Elvira lhes entregue tôdas as chaves da casa e declare todos os bens que ali dentro se acham, após fazerem-na jurar com a mão sôbre a cruz que o meirinho trás ao peito. (BELMONTE, s.d., p. 155 e 156). [...] entregues as chaves, declara a interpelada que o que há é pouco: uma frasqueira com sete frascos, duas tamboladeiras (termo castelhano) de prata, três colheres de prata e que nada mais existe além de alguns escravos. E acrescenta que, numa casa ao lado, se encontra uma caixa com mais objetos. Vai-se à outra casa, tendo- se o cuidado, entretanto, de deixar guardas na primeira, Mas, como se faz tarde, vão todos dormir por ali mesmo. No dia seguinte, pela manhã, inicia-se o inventário dos bens, – ferramentas, de lavoura, pratos, louças, tenda de marceneiro, tecidos, roupas, jóias, objetos de tôda espécie além de dois negros da Guiné.

No tempo dos bandeirantes
Data: 01/01/1939 1939
Créditos / Fonte: Belmonte
Página 222

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