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Aspectos de etnolingüística – A toponímia carioca e paulistana – contrastes e confrontos
fevereiro de 2003


conhecidas sobre rotas pré-históricas ligase ao caminho do Peabiru, rota indígena secreta, que teria sido aberta por Sumé, entidade mística indefinida, se herói epônimo dos grupos costeiros, se sincretismo religioso ocidental; nesse caso, as pegadas nas rochas do caminho, que chegaria ao Peru, teriam sido feitas pelo apóstolo São Tomé, em sua passagem pela América parapregar o cristianismo. O percurso seguido seria de Cubatão ou São Vicente, pela Serra do Mar, terras do Paraná, Santa Catarinaaté as missões sulinas, atingindo os domínios guaranis, em Assunção. Como rota em aberto, ensejaria ataques reversos até quefoi desativado, segundo Abreu (1987, p. 60).

O Peabiru não era, porém, o “caminho do mar” da população da vila, mas o caminho do interior; há entre os dois uma relação disjuntiva de oposição geográfica, e não de oposição semântica. O caminho do mar era concreto, com usuários conhecidos, constantemente feito e refeito pela mão-de-obra de terra; de sua conservação dependiam as trocas comerciais entre São Paulo e o litoral. Era o caminho quinhentista por excelência, mas, à medida que outros núcleos periféricos à vila iam surgindo ou se alastrando por pontos distantes, novos caminhos começam a se impor à população, como os caminhos de Birapoera ou Virapoeira (atual Ibirapuera), descrito nas Atas desde 1575; Piquiri, Ambuaçava, Pinheiros, Ipiranga (variante do “caminho do mar”), Samambaitiva, Tejuguassu, Guarepe (desaparecido).

O caminho de Tabatingoera, pelo menos em nossa opinião, deve ser referido destacadamente; por ele também se chegava ao mar, na zona hoje conhecida por Glicério, área baixa da cidade.Da tabatinga indígena, ou barro amarelecido, não escuro, eram feitas as casas davila. A “tabatingüera” dos registros, comsufixo de mais de um núcleo sêmico (-uera,“passado”, “velho”, “envelhecido”, “abundância”), nome de rua em substituição aocaminho, é designação maior na cidade deSão Paulo, como antes fora em Piratininga,a primeira vila. Na carta geográfica de 1868,do engenheiro Carlos Rath sobre os arrabaldes da cidade, os caminhos nomeados denotam ligações com bairros que se configuram como os mais antigos noticiados:Luz, Brás, Mooca, Santo Amaro, Penha eaté núcleos do interior, depois transformados em grandes cidades, como Sorocaba eCampinas.A importância dos caminhos é maior, semdúvida, do que o permite a extensão destetexto. Basta refletir sobre a questão das fronteiras políticas de um território, o alargamento natural para a definição de domíniosà época das conquistas e da fixação dos limites territoriais. Basta se debruçar tambémum pouco na área das missões religiosasguaranis, ao sul, ou no Paraguai; ou ao norte,na ilha do Maranhão, de que Abéville nos dáconta, ao relatar, no século XVII, as tentativas de guerras francesas locais, para se verificar a natureza do problema. Por detrás dafixação dos caminhos, há sempre um relatode lutas e conquistas, que se situa na própria“raiz da vida social de um grupo”, no dizerde Clastres (1978, p. 73).Talvez o Rio não tenha registrado, emsua literatura, um “peabiru” do mesmo grauvalorativo da rota indígena paulista. O Rioteve, entretanto, o seu “caminho real”, ligado em definitivo à formação da Capitania das Minas, no séc. XVIII. Os principaispersonagens desse cenário estão ligados aoepisódio dos emboabas, Manuel da BorbaGato, seu sobrinho Jerônimo Pedroso deBarros, Salvador Furtado, BartolomeuBueno Feio, senhores de Ouro Preto, e oprincipal deles, Garcia Rodrigues Paes, filho de Fernão Dias e seu herdeiro presumido. Eram paulistas famosos que se opuseram aos forasteiros portugueses e de outrosestados, até mesmo do Rio, como diz a literatura. Garcia Paes, contratador do fornecimento de carnes para a Capitania, tornou-se conhecido como o construtor de fatodo “caminho novo das minas para o Rio”;era considerado, pela sua descendência,como “figura de proa e ressonâncias históricas, homem de grande ação e de vastaexperiência sertanista” (Salles, 1982, p. 69).O uso do caminho passou a ser maisintensificado pela continuidade do ciclo dosminérios e, principalmente, porque, em1720, como uma das conseqüências da [Página 6 do pdf]
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