' “que todos os moradores da banda de Ibirapuera façam o caminho, a saber, da casa de Jorge Moreira pelos matos e capoeiras até chegar ao caminho do conselho desta vila, o qual se fará dentro de doze dias, a partir de hoje” - 03/07/1581 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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“que todos os moradores da banda de Ibirapuera façam o caminho, a saber, da casa de Jorge Moreira pelos matos e capoeiras até chegar ao caminho do conselho desta vila, o qual se fará dentro de doze dias, a partir de hoje”
3 de julho de 1581, sexta-feira. Há 443 anos
Quase cinco anos depois, na ata da sessão de 03 de julho de 1581, deixou escrito o escrivão Lourenço Vaz:

[...] que todos os moradores da banda de Ibirapuera façam o caminho, a saber, da casa de Jorge Moreira pelos matos e capoeiras até chegar ao caminho do conselho desta vila, o qual se fará dentro de doze dias, a partir de hoje. Os moradores que enviarão suas peças serão:

Manoel Ribeiro, três escravos; Manoel Fernandez, vereador, outros três escravos; Jorge Moreira, três escravos; Saavedra, um escravo; Pedro Alves, outro escravo; Jerônimo Ruiz, outro escravo; Bráz Gonçalves, uma peça; Marcos Fernandes, uma peça; João do Canho, um escravo; Baltazar Gonçalves, duas peças, sendo um macho e uma fêmea; Diogo Teixeira, um escravo Gonçalo Fernandes, uma peça; Baltazar Ruiz, uma peça.

Todos os moradores aqui nomeados que não enviarem suas peças, pagarão cem réis para o Conselho desta vila [...].

Essa ata, bastante detalhada, nomeia as pessoas que cederiam escravos para a feitura do caminho de Ibirapuera. Aos escravos índios são empregados os vocábulos peças, e a Baltazar Gonçalves especifica-se que mande duas peças, um macho e uma fêmea.

Contando-se o cedimento de mão de obra imposto a cada um dos nomeados moradores do trajeto, somam-se exatamente duas dezenas de peças, ou seja, quase o dobro do número mobilizado para tornar o prédio da Câmara mais confortável, quando da absolvição dos moradores relapsos, meia década antes. Cumpre ainda rememorar que, naquela oportunidade, a soma de onze cativos correspondia apenas ao que foi exigido dos homens passíveis de pagar a multa previamente afixada.

Cremos ser importante relembrar que na documentação por nós percorrida, os negros da terra sempre aparecem envolvidos em trabalhos de interesse público. É curioso observar que essa faceta nada periférica da São Paulo primeva, via de regra não aparece na historiografia do bandeirismo, que comumente oferta a versão do índio escravizado a serviço exclusivo de seu senhor, nas lavouras e em vários outros trabalhos de cunho privado, cumprindo frisar que tal enfoque é apanágio dos autores críticos, uma vez que os historiadores ou cronistas apologetas dos bandeirantes optam por minorar a questão da escravidão indígena ou, até mesmo, passar ao largo de tal temática. O índio servidor e escravo de seu próprio amo ou senhor é, mesmo assim, relativamente conhecido pelosenso comum, devido principalmente às postulações das produções críticas, que,há pouco mais de duas décadas, tomaram um impulso importante, postando-se,naturalmente, como antagonistas teóricas das diretrizes gerais ou das principaisargumentações ou asserções dos trabalhos convencionais — trabalhos esses hámuito disseminados largamente em todo o Brasil, tendo na instituição escolarum importante núcleo de irradiação.

1° de fonte(s) [20137]
A escravização indígena e o bandeirante no Brasil colonial: confl...
Data: 2015



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