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“Já sabe a língua de maneira que se entende com eles, e a todos nos faz vantagem, porque esta língua parece muito à biscainha”
10 de agosto de 154909/04/2024 21:07:08
O Tupi na Geografia Nacional
Data: 01/01/1901
Créditos: Teodoro Sampaio

Em 10 de agosto, Nóbrega escreveu ao Padre Azpilcueta Navarro, em Coimbra. Após uma referência à uma versão tupinambá do Dilúvio, Nóbrega relatou: "Têm notícia igualmente de S. Thomé e de um seu companheiro e mostram certos vestígios em uma rocha, que dizem ser deles, [...] Dele contam que lhes dera os alimentos que ainda hoje usam [...] não obstante dizem mal de seu companheiro..."

Ainda em agosto de 1549, Nóbrega escreveu aos padres de Portugal, relatando a lenda de Zomé (ou Somé, ou Sumé. Não se sabe como Nóbrega escreveu, pois essa carta original, em português, foi perdida, restando uma tradução em espanhol com a grafia Zomé):

"Dizem eles que S. Thomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus passados, e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver por mais certeza da verdade, e vi com os próprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes cobre o rio quando enche. Dizem também que, quando deixou estas pisadas ia fugindo dos índios, que o queriam flechar, e chegando ali se lhe abrira o rio, e passara por meio dele sem se molhar, e dali foi para a Índia. Assim mesmo contam que, quando o queriam flechar os índios, as flechas se tornavam para eles, e os matos lhes faziam caminho por onde passasse: outros contam isto como por escárnio. Dizem também que lhes prometeu que havia de tornar outra vez a vê-los."Pelas cartas de Nóbrega, seriam quatro pegadas sobre uma rocha em um rio, "perto" do atual Centro Histórico de Salvador. Seriam provavelmente as pegadas em São Tomé de Paripe, cuja Igreja fica próxima tanto da Baía de Aratu, quanto da Bahia de Todos os Santos. Relatos posteriores indicam que as águas cobriam tanto as pegadas de S. Tomé de Paripe, quanto à de Itapuã, conforme a maré.
[Guia Geográfico de Salvador “Lenda, Capela, Cruzeiro, Pegadas e Procissão de São Tomé” (2015) Jonildo Bacelar]

O nome Anhangabaú é indígena e significa, em tupi, rio ou água do mau espírito. A história mais provável é que tenha sido batizado assim por conta de algum malefício feito pelos bandeirantes aos índios nas imediações desse rio, que hoje passa sob o asfalto no Vale. [3]

Tibiry, de Tibí-r-y, significa "Rio da Sepultura", o Rio Paraíba. [4]

Há duas angulações que merecem ser analisadas. A primeira parte da afirmação de Nóbrega, que, em carta escrita em Salvador a 10 de agosto de 1549, falando de Azpilcueta Navarro, relata (2000:53): “Já sabe a língua de maneira que se entende com eles, e a todos nos faz vantagem, porque esta língua parece muito à biscainha”. Essa afirmação, que veio aceita por muitos historiadores, está a merecer comprovação no terreno da Lingüística Comparada. Mas é digna de nota a rapidez com que esse jesuíta adquiriu a fluência na língua brasílica.

existência do dilúvio: é referida em vários trechos por Métraux (1979:4,10,28,32-3 e 37). Anchieta em Informações...(1988:340) assim se refere a essa crença: “Têm alguma notícia do dilúvio, mas muito confusa, por lhes ficar de mão em mão dos maiores e contam a história de diversas maneiras”. Nóbrega (2000:49), em carta escrita da Bahia em 10 de agosto de 1949, é mais específico quanto ao que resgatou das narrativas dos índios: “Têm notícia do dilúvio de Noé, posto que não segundo a verdadeira história,porque dizem que morrem todos excepto uma velha que escapou numa árvore alta”.

Em outra carta do mesmo ano (2000:65), ele torna ao assunto: “Têm memória do dilúvio, mas falsamente, porque dizem que, cobrindo-se a terra de água, uma mulher com seu marido subiram em um pinheiro, e depois de minguadas as águas desceram”.

b - vida além-túmulo: Nóbrega se refere a ela da seguinte forma, em carta escritapresumivelmente em agosto de 1549 (2000:65): “Não têm conhecimento de glória neminferno, somente dizem que depois de morrer vão descansar a um bom lugar”.

diabo ou anjo decaído: Nóbrega também dá notícia dessa entidade e do temor dos índios a ela. Em carta escrita de Salvador a 10 de agosto de 1549, ele informa (2000:49): “Têm muita notícia do demônio e topam com ele dia e noite e têm grande medo dele. Andam com lume de noite por medo dele e esta é sua defesa”. Em nova carta escrita da Bahia em 1549, presumivelmente em agosto, ele relata: “Dormem em redes de algodão, sobre si, junto dos fogos, que em toda a noite têm acesos, assim pelo frio, porque andamnus, como também pelos demônios que dizem fugir do fogo, pela qual causa trazem tições de noite quando vão fora” (2000:62).A figura do diabo entre os índios era chamada de Yurupari ou de Anhanga (ou Agnan). Métraux (1979) trata das duas separadamente: “Todos os antigos missionários acordam em considerar Yurupari uma entidade sobrenatural, correspondente ao diabo nareligião católica” (p.45). Mais adiante, discorre: “À semelhança deste último [Yurupari], Agnan é comparado ao diabo da religião católica ” (p.46). O Padre Fernão Cardim fez o registro de uma festividade promovida pelos jesuítas, já como processo supostamente aculturativo (1980:145), em que essa crença foi assimilada: “Nem faltou um anhangá, sc.diabo, que saiu do mato; este era o diabo Ambrósio Pires, que Lisboa foi com o padre Rodrigo de Freitas”.

A essa parecença mística juntou-se também a renominação. Sobre esta última,Métraux (1979:142) faz a seguinte análise: “A renominação era medida de prudênciaigualmente adotada por todo indivíduo que tivesse morto a outrem e a quem cabia desviar oespírito de qualquer empresa dirigida contra a pessoa causadora de sua cólera”. Adita o 150etnólogo francês: “Atualmente ainda, em casos de moléstia grave, os apapocuvas recorremà mudança de nome como remédio infalível. ‘Rebatizando’ o paciente, esses selvagensimaginam afastar dele as influências malignas responsáveis por seu estado”. Anchieta emInformação...(1988:337) assim se refere a essa prática:A maior honra que têm é tomar algum contrário na guerra e disto fazemmais caso que de matar, porque muitos dos que o tomam os dão a matar aoutros, para que fiquem com algum nome, o qual tomam de novo quandoos matam, e tantos nomes têm quanto inimigos mataram, posto que osmais honrados e estimados e tidos por mais valentes são os que ostomam.Não é difícil identificar a similitude entre essa prática e a renominação decorrentedo batismo cristão. Em ambas há a marca da transição para uma vitória, a qual, na teologiacristã estava no asseguramento da salvação, que, para o universo simbólico do indígena,não foi difícil assimilar. Cassirer (2003:68-72) também analisa, dentro da perspectiva dofenômeno mítico de algumas tribos indígenas, a importância do nome e sua mutação emcompasso com a individualidade que o carrega. Menciona, assim, a substituição do nomena sagração da puberdade em tribos australianas, para proteção contra um perigo iminente,para furtar um homicida ou enfermo da morte, conseguindo fazer com que esta não osencontre. Reportando-se aos Tamoio, Anchieta (1988:247) registra a estranha renominaçãoperseguida por aqueles indígenas: “Não se contentam de matar os vivos, mas tambémdesenterrar os mortos e lhes quebrar as cabeças para maior vingança e tomar novo nome”. [1]

Ainda em 1581, o único lugar de culto era a igreja do colégio dos jesuítas, de certa forma a origem da vila cerca de trinta anos antes. Fernão Cardim, circulando por São Paulo um ano depois, comentava que, na vila, não havia cura “nem outros sacerdotes senão os da Companhia, aos quais tem grande amor e respeito e por nenhum modo querem aceitar cura”. E complementava que não tinham “igreja na vila senão a nossa. Os moradores sustentam seis ou sete dos nossos, com suas esmolas e com grande abundância”. [2]
[25003] 1° fonte: 01/01/2005
*“A língua geral em São Paulo: instrumentalidade e fins ideológic...

Há duas angulações que merecem ser analisadas. A primeira parte da afirmação de Nóbrega, que, em carta escrita em Salvador a 10 de agosto de 1549, falando de Azpilcueta Navarro, relata (2000:53):

Já sabe a língua de maneira que se entende com eles, e a todos nos faz vantagem, porque esta língua parece muito à biscainha”.

Essa afirmação, que veio aceita por muitos historiadores, está a merecer comprovação no terreno da Lingüística Comparada. Mas é digna de nota a rapidez com que esse jesuíta adquiriu a fluência na língua brasílica. O cotejo de trechos de diferentes epístolas de Nóbrega dá idéia disso:

em carta escrita da Bahia em 1549, presumidamente em abril, ele menciona o avantajamento de Navarro, em relação aos demais jesuítas, no aprendizado da língua (2000:21), embora a referência de Navarro pregando “à gente da terra” (2000:19), esclarece Serafim Leite em nota, deva ser entendido como sendo a portugueses e seus filhos.

Em carta de agosto do mesmo ano, Nóbrega afirma, conforme já transcrito, que o padre de origem biscainha “já sabe a língua de maneira que se entende com eles” (2000:53). Em janeiro de 1550, em nova carta, o jesuíta pioneiro registra:

“Na língua desta terra somos alguns de nós bem toscos, mas o P. Navarro tem especial graça de Nosso Senhor nesta parte, porque andando por estas Aldeias dos negros, nos poucos dias que está aqui, se entende com eles e prega na mesma língua” (2000:72). [Páginas 134 e 135]

(...) existência do dilúvio: é referida em vários trechos por Métraux (1979:4,10,28,32-3 e 37). Anchieta em Informações...(1988:340) assim se refere a essa crença: “Têm alguma notícia do dilúvio, mas muito confusa, por lhes ficar de mão em mão dos maiores e contam a história de diversas maneiras”. Nóbrega (2000:49), em carta escrita da Bahia em 10 de agosto de 1549, é mais específico quanto ao que resgatou das narrativas dos índios: “Têm notícia do dilúvio de Noé, posto que não segundo a verdadeira história, porque dizem que morrem todos excepto uma velha que escapou numa árvore alta”.

Em outra carta do mesmo ano (2000:65), ele torna ao assunto: “Têm memória do dilúvio, mas falsamente, porque dizem que, cobrindo-se a terra de água, uma mulher com seu marido subiram em um pinheiro, e depois de minguadas as águas desceram”.

Nóbrega se refere a "vida além-túmulo" da seguinte forma, em carta escrita presumivelmente em agosto de 1549:

“Não têm conhecimento de glória nem inferno, somente dizem que depois de morrer vão descansar a um bom lugar”.

Diabo ou anjo decaído: Nóbrega também dá notícia dessa entidade e do temor dos índios a ela. Em carta escrita de Salvador a 10 de agosto de 1549, ele informa (2000:49):

“Têm muita notícia do demônio e topam com ele dia e noite e têm grande medo dele. Andam com lume de noite por medo dele e esta é sua defesa”.

Em nova carta escrita da Bahia em 1549, presumivelmente em agosto, ele relata:

“Dormem em redes de algodão, sobre si, junto dos fogos, que em toda a noite têm acesos, assim pelo frio, porque andam nus, como também pelos demônios que dizem fugir do fogo, pela qual causa trazem tições de noite quando vão fora” (2000:62).

A figura do diabo entre os índios era chamada de Yurupari ou de Anhanga (ou Agnan). Métraux (1979) trata das duas separadamente: “Todos os antigos missionários acordam em considerar Yurupari uma entidade sobrenatural, correspondente ao diabo nareligião católica” (p.45). Mais adiante, discorre: “À semelhança deste último [Yurupari], Agnan é comparado ao diabo da religião católica” (p.46).

O Padre Fernão Cardim fez o registro de uma festividade promovida pelos jesuítas, já como processo supostamente aculturativo, em que essa crença foi assimilada:

“Nem faltou um anhangá, sc. diabo, que saiu do mato; este era o diabo Ambrósio Pires, que Lisboa foi com o padre Rodrigo de Freitas”.

A essa parecença mística juntou-se também a renominação. Sobre esta última,Métraux (1979:142) faz a seguinte análise: “A renominação era medida de prudênciaigualmente adotada por todo indivíduo que tivesse morto a outrem e a quem cabia desviar oespírito de qualquer empresa dirigida contra a pessoa causadora de sua cólera”. Adita o 150etnólogo francês: “Atualmente ainda, em casos de moléstia grave, os apapocuvas recorremà mudança de nome como remédio infalível. ‘Rebatizando’ o paciente, esses selvagensimaginam afastar dele as influências malignas responsáveis por seu estado”. Anchieta emInformação...(1988:337) assim se refere a essa prática:A maior honra que têm é tomar algum contrário na guerra e disto fazemmais caso que de matar, porque muitos dos que o tomam os dão a matar aoutros, para que fiquem com algum nome, o qual tomam de novo quandoos matam, e tantos nomes têm quanto inimigos mataram, posto que osmais honrados e estimados e tidos por mais valentes são os que ostomam.Não é difícil identificar a similitude entre essa prática e a renominação decorrentedo batismo cristão. Em ambas há a marca da transição para uma vitória, a qual, na teologiacristã estava no asseguramento da salvação, que, para o universo simbólico do indígena, não foi difícil assimilar. Cassirer (2003:68-72) também analisa, dentro da perspectiva do fenômeno mítico de algumas tribos indígenas, a importância do nome e sua mutação em compasso com a individualidade que o carrega.

Menciona, assim, a substituição do nome na sagração da puberdade em tribos australianas, para proteção contra um perigo iminente, para furtar um homicida ou enfermo da morte, conseguindo fazer com que esta não os encontre. Reportando-se aos Tamoio, Anchieta registra a estranha denominação perseguida por aqueles indígenas:

Não se contentam de matar os vivos, mas também desenterrar os mortos e lhes quebrar as cabeças para maior vingança e tomar novo nome”. [Páginas 149 e 150]
ver fonte
[28464] 2° fonte: 01/01/2015
*Guia Geográfico de Salvador “Lenda, Capela, Cruzeiro, Pegadas e ...

Em 10 de agosto, Nóbrega escreveu ao Padre Azpilcueta Navarro, em Coimbra. Após uma referência à uma versão tupinambá do Dilúvio, Nóbrega relatou:

"Têm notícia igualmente de S. Thomé e de um seu companheiro e mostram certos vestígios em uma rocha, que dizem ser deles, [...] Dele contam que lhes dera os alimentos que ainda hoje usam [...] não obstante dizem mal de seu companheiro..."

Ainda em agosto de 1549, Nóbrega escreveu aos padres de Portugal, relatando a lenda de Zomé (ou Somé, ou Sumé. Não se sabe como Nóbrega escreveu, pois essa carta original, em português, foi perdida, restando uma tradução em espanhol com a grafia Zomé):

"Dizem eles que S. Thomé, a quem eles chamam Zomé, passou por aqui, e isto lhes ficou por dito de seus passados, e que suas pisadas estão sinaladas junto de um rio, as quais eu fui ver por mais certeza da verdade, e vi com os próprios olhos, quatro pisadas mui sinaladas com seus dedos, as quais algumas vezes cobre o rio quando enche. Dizem também que, quando deixou estas pisadas ia fugindo dos índios, que o queriam flechar, e chegando ali se lhe abrira o rio, e passara por meio dele sem se molhar, e dali foi para a Índia. Assim mesmo contam que, quando o queriam flechar os índios, as flechas se tornavam para eles, e os matos lhes faziam caminho por onde passasse: outros contam isto como por escárnio. Dizem também que lhes prometeu que havia de tornar outra vez a vê-los."Pelas cartas de Nóbrega, seriam quatro pegadas sobre uma rocha em um rio, "perto" do atual Centro Histórico de Salvador. Seriam provavelmente as pegadas em São Tomé de Paripe, cuja Igreja fica próxima tanto da Baía de Aratu, quanto da Bahia de Todos os Santos. Relatos posteriores indicam que as águas cobriam tanto as pegadas de S. Tomé de Paripe, quanto à de Itapuã, conforme a maré."
ver fonte
[k-970] 3° fonte: 10/01/2024
Consulta em biblioteca.ibge.gov.br

O nome Anhangabaú é indígena e significa, em tupi, rio ou água do mau espírito. A história mais provável é que tenha sido batizado assim por conta de algum malefício feito pelos bandeirantes aos índios nas imediações desse rio, que hoje passa sob o asfalto no vale. Já no século XVII, as pessoas usavam a água do rio para lavar roupas e objetos e até mesmo tomar banho.
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