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Volta para casa
31 de outubro de 155403/04/2024 22:18:28

Em 31 de outubro de 1554, o aventureiro alemão Hans Staden, que havia passado nove meses preso em poder dos tupinambás do litoral oeste do atual estado do Rio de Janeiro, zarpou da Baía de Guanabara rumo à França, à bordo do navio francês Catherine de Vatteville. Chegando na Alemanha, Staden fez imprimir, em 1557, em Marburgo, o livro "História Verdadeira e Descrição de uma Terra de Selvagens, Nus e Cruéis Comedores de Seres Humanos, Situada no Novo Mundo da América, Desconhecida antes e depois de Jesus Cristo nas Terras de Hessen até os Dois Últimos Anos, Visto que Hans Staden, de Homberg, em Hessen, a Conheceu por Experiência Própria e agora a Traz a Público com essa Impressão", narrando as suas aventuras no Brasil. No livro, Staden relata que o porto do Rio de Janeiro também era chamado de "Niterói" pelos índios. [2]

COMO SE CHAMAVAM OS COMMANDANTES DO NAVIO, DE ONDE ERA oNAVIO O QUE AINDA ACONTECEU ANTES DE PARTIRMOS DO PORTO,E QUE TEMPO LEVÁMOS EM VIAGEM PARA A FRANÇA . CAPUT LIII.O capitão do navio se chamava Wilhelm de Moner e opiloto Françoy de Scbantz. O navio tinha o nome de Catharina de Wattauilla, etc. Apromptaram o navio para voltar aFrança, e um dia de manhã emquanto ainda estávamos noporto (Rio de Jennero chamado), aconteceu chegar um pequeno navio portuguez, que queria sahir do porto depoisde ter negociado com uma raça de selvagens, que tinham como amiga e que se chamava Los Markayas, cujo paiz limita directamente com o dos Tuppin Ikins, que são amigos dostrancezes. As duas nações são grandes inimigas. — 112 —Era pequeno o navio (como já contei,, ^f^J ^me comprar dos selvagens e pertença a um facial chamadoPeter Rcesel. Os francezes apromptaram seu bote com algumas armas de fogo e partiram para aprisional-o. Tinham-melevado comsigo, para eu fallar com elles que se rendessem.Mas quando atacamos o naviosinho, fomos repelhdos e algunsfrancezes foram atirados e outros feridos. Eu também fui mortalmente ferido por um tiro e muito mais que qualquer dosoutros feridos, que ainda viviam. Invoquei então nesta angustia o Senhor, porque só sentia a agonia da morte; e — H3 —pedi ao bondoso Pae que por ter elle me livrado do poderdos tyrannos me conservasse a vida para que ainda pudessechegar á terra christã e contar aos outros os benefícios queelle me tinha dispensado. E fiquei outra vez completamentebom, louvado seja Deus por toda a eternidade.No anno Domini de 1554, no ultimo dia de Outubro, partimos á vela do porto Rio de Jennero e fomos de volta para a França. Tivemos no mar sempre bom vento, de que os marinheiros estavam admirados e acreditavam (pie fosse umagraça de Deus tal tempo (como também o foi).Na véspera do Natal appareceram muitos peixes ao redorF.-Í5 — n 4 —do navio, dos que se chamam Meerschveine. Apanhamos tantos que os tivemos por alguns dias. O mesmo aconteceu detarde no dia dos Reis. Deus nos mandou grande fartura depeixes, porque não tivemos que comer senão o que Deus nosforneceu do mar. Mais ou menos no dia xx de Fevereirodo anno LV, chegámos em França, a uma cidade chamada Honflór (Honfleur), na Normandia. Durante toda a viagem devolta, não vimos terra alguma, em cerca de quatro mezes.Quando descarregaram o navio, ajudei-os. Acabado isso,agradeci a todos os benefícios recebidos e pedi depois umpassaporte do capitão. Elle, porém, teria antes querido queeu fizesse mais uma viagem com elle, mas quando viu que eunão queria ficar, arranjou-me elle um passaporte do MoensoralMiranth (Monsieur 1´amiral), Governador de Normandia. E meucapitão deu-me dinheiro para a viagem, Despedi-me e parti deHonflor para Habelnoeff e de Habalnoeffe para Depen.CAPITULO LIIICOMO EM DEPEN EU FUI LEVADO PARA A CASA DE QUE ERA DONOO CAPITÃO DO NAVIO BELLETE , QUE ANTES DE NÓS TINHADEIXADO PR.VSI L E AINDA NÃO TINHA VOLTADO. CAPUT 54 .Era de onde tinha partido o primeiro navio Maria Bellette no qual estava o interprete (que tinha recommendado aosselvagens que me devorassem) e no qual elle pretendia voltarpara a França. Neste navio estavam também aquelles quenão quizeram levar-me no bote, quando fugi dos selvagens, também o mesmo capitão do navio que, como me contaram osselvagens, lhes tinhao dado um portuguez para devorar porque tinham aprisionado um navio portuguez, como antesnarrei.Esta gente do navio Bellette ainda não tinha chegado como seu navio, quando eu cheguei ali, apezar de que segundo ocalculo do navio de Wattauilla (pie chegou depois delles e mecomprou, devia ter chegado lá trez mezes antes de nos. Assuas mulheres e os seus amigos vieram me procurar e me — ii 5 -perguntaram si eu nada sabia delles; eu respondi; «Sei bemdelles, ha uma parte de gente má no navio, estejam lá ondeestiverem», e contei como um delles, que esteve na terra dosselvagens e que estava a bordo, tinha aconselhado aos selvagens que me devorassem, mas que Deus todo poderoso tinhame preservado e contei como tinham vindo com o bote até ascabanas, onde eu estava, para fazerem permutas com os selvagens de pimenta e macacos, e que eu tinha fugido dos selvagens e tinha nadado até seu bote; mas que não quizeram receber-me e como fui obrigado a voltar de novo a terra liarao poder dos selvagens, que tinham me causado muito mal.Também tinham dado um portuguez aos selvagens para devorar, disse-lhes, e como elles não tinham tido compaixão demim. Por tudo isso, vi agora bem que Deus tinha sido tãobom para commigo que, louvado seja Elle, tinha chegado antesdelles, para vos dar noticias. Hão de chegar quando for possívelmas quero prophetisar que Deus não deixará sem castigo por maisou menos tempo tamanha inclemencia e tyrannia, como tinhammostrado para commigo. Deus lhes perdoe, porque era visívelque Deus no ceo tinha ornado os meus lamentos e se tinhacompadecido de mim. E contei-lhes mais como para aquelles quetinham-me resgatado dos selvagens, tudo tinha ido bem em toda aviagem, como era verdade. Deus nos concedeu bom tempo ebom vento, e deu-nos peixes do fundo do mar.Ficaram tristes e me perguntaram o que eu pensava e sielles ainda existiam; para os não desesperar disse eu então queainda podiam voltar, apezar de que todos e eu também nãopodíamos calcular sinão que tivessem perecidoDepois de todas estas conversas, despedi-me e disse quesi voltassem, contassem a elles que Deus me tinha ajudadoe (pie eu tinha estado aqui.De Depen parti em um navio para Lunden (Londres), emEngellandt (Inglaterra), onde fiquei alguns dias. Dalli partipara Seelandt e de Seelandt para Antdorff. Assim Deus todopoderoso, para o qual tudo é possível, ajudou-me a voltarpara a pátria. Louvado seja Elle eternamente. Amen. - n ó —MINHA ORACÂO A DEUS, O SENHOR, EMQUANTOEU ESTAVA NO PODER DOS SELVAGENS,PARA SER DEVORADOOh tu, Deus Todo Poderoso, tu que fundaste céo e terra,tu, Deus dos nossos antepassados Abrão, Isaac e Jacob, tu,que tão poderosamente conduziste o teu povo de Israel damão de seus inimigos através do Mar Vermelho.

A ti, que eterno poder tens, peço que me livres das mãos destes tyrannos, que não te conhecem, em nome de Jesus Christo, teu amado filho, que livrou os peccadores cia prisão eterna. Porem, Senhor, si e tua vontade que eu soffra, hei de soffrer uma morte tão tyrannica, destes povos que não te conhecem e que dizem, quando lhes falho de ti, que tu não tens poder de me tirar de suas mãos; então fortaleçe-me no ultimo momento, quando realisarem sua vontade sobre mim, para que eu não duvide da tua clemência.

Si tenho de soffrer tanto nesta desgraça, dá-me depois repouso e preserva-me do mal que horrorisou a todos os nossos antepassados. Mas, Senhor, tu podes bem livrar-me do seu poder; livra-me, eu sei que tu podes me auxiliar e quando tu me tiveres livrado não o quero attribuir á felicidade, sinão unicamente á mão poderosa que me auxiliouporque agora nenhum poder de homem pode me valer.

E quando me tiveres livrado de seu poder, quero louvara tua Graça edal-a a conhecer a todos as nações onde eu chegar. Amen. Não posso crer que alguém possa orar de coraçãoSem que esteja em grande perigo ou perseguição, Porque emquanto o corpo vive conforme quer, Está sempre contra o seu Creador.

Por isso, Deus, quando manda alguma desgraça,É prova que elle o quer ainda bem,E ninguém deve ter disso duvida,Porque isso é uma dádiva de Deus.Nenhuma consolação, nem arma, existe melhorQue a simples fé em Deus.Por isso, cada homem de devoção — II 7 -Nada melhor pode ensinar a seus filhosDo que a comprehensão da palavra Deus,Na qual sempre podem ter confiança.Para que tu, leitor,não julguesQue eu tive todo este trabalho para ter fama e honra,Digo que é para o louvor e honra de Deus,Que conhece todos os pensamentos do homem.A Elle, caro leitor, te recommendo,E peço que elle continue a me ajudar:Amen.
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*Revista trimensal do Instituto Histórico, Geográphico e Etnográphico Brasileiro, tomo XXVI

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Confie em mim, que nunca enganei a ninguém e nunca soube desamar a quem uma vez amei.
José Bonifácio (1763-1838)
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