' Morte de um dos reis - 01/09/1554 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Morte de um dos reis
1554. Há 470 anos
COMO ELLES TINHAM UM PRISIONEIRO QUE SEMPRE Ml CALUMNIAVAE CHIE TERIA (.OSTADO DE QUE ELLES ME TIVESSEM MORTOI. COMO o MESMO FOI MORTO E DEVORADO NA MINHAPRESENÇA. CAPUT XI..Havia entre elles um prisioneiro da raça que se chama — 8o -Cariós e que são inimigos dos selvagens, que são amigos dosportuguezes. O mesmo tinha pertencido aos portuguezes, dequem tinha fugido. Aos que vêm, assim a elles, elles nao matam sinão quando comettem algum crime especial conservamn-os como sua propriedade e os obrigam a servir-lhes.Este Cariós esteve três annos entre estes Tuppin Inba econtou que me tinha visto entre os portuguezes e que eu tinha atirado por vezes sobre os Tuppin Inba, quando vinhamem guerra. .Havia alguns annos que os portuguezes tinham morto atiro um dos reis; este rei, disse o Cario, tinha eu atirado. Eos instigava sempre, para que me matassem, porque eu era oinimigo verdadeiro; elle o tinha visto. Mas elle mentia em tudo isso porque já tinha estado três annos entre elles e haviasó um anno que eu tinha chegado a S. Vincente, de onde elletinha fugido, e orei a Deus para que me guardasse contra estas mentiras. Aconteceu então, no anno 1554 ™Í11S o u menos>no sexto mez depois que estava prisioneiro, que o Canos ficasse doente e o senhor delle me pediu que eu o auxihasepara que ficasse bom e pudesse caçar para termos o que comer porque eu bem sabia que quando elle trouxesse algumacousa também dava para mim. Mas como me parecia que ellenão podia mais sarar, queria elle (o senhor) dal-o a um amigo para que o matasse e ganbase mais um nome.Assim estava elle doente, já havia uns nove ou dez dias.Elles tem uns dentes que são de um animal que chamam Backe (pacca) amollam estes dentes, e onde o sangue estanca, ali.cortam elle com o dente sobre a pelle, o sangue corre e este é tanto como quando aqui se corta a cabeça de alguém.Tomei então um destes dentes e queria abrir-lhe uma veiamediana. Mas não podia cortar com elle porque o dente estava muito cego. Estavam todos em roda de mim. Como eu meretirei por ver que nada valia, perguntaram-me si elle ficavabom outra vez? Eu lhes disse que nada tinha conseguido e queo sangue não corria, como podiam ter visto. «Sim, replicaram,elle quer morrer, vamos matal-o, antes que elle morra.» Eu dis-— 8i —se: «não, não o laçam; talvez possa sarar ainda.» Mas não valeude nada; levaran-n-o para frente da cabana do rei Vratinga edous o seguraram porque elle estava tão doente que não percebia o que faziam com elle. Chegou então aquelle a quem tinhasido dado para matal-o e lhe deu um golpe táo grande sobrea cabeça que os miollos saltaram. Deixaram-n-o assim deanteda cabana e iam comel-o. Eu disse então que não fizessemisso, porque elle era um homem doente e que elles podiamtambém ficar doentes. Ficaram sem saber o cpie fazer. Sahiuentão um delles da cabana onde eu morava, chamou as mulheres para que fizessem um logo ao pé do morto e lhe cor-— 82 —tou a cabeça, porque tinha um só olho e parecia tão feio dadoença que teve, que elle deitou fora a cabeça e esfollou ocorpo sobre o fogo. Depois o esquartejou e dividiu com os outros como é de seu costume e o devoraram, excepto a cabeçae os intestinos, que lhes repugnavam, porque elle tinha estadodoente.Fui de unia para outra cabana. Em uma assaram os pes,em outra, as mãos; e na terceira, pedaços do corpo. Disse-lhesentão como o Cariós que elles estavam assando e queriam devorar me tinha sempre calumniado e dito que eu tinha mortoalguns de seus amigos, quando estive entre os portuguezes.Isso era mentira, porque elle nunca me tinha visto. Sabeisque elle esteve entre vós alguns annos e nunca esteve doente;agora, porém, quando elle mentiu a meu respeito, meu Deusficou zangado, o fez ficar doente e metteu na vossa cabeçaque o matasseis e o devorasseis. Assim meu Deus Iara comtodos os maus que me têm feito mal, ou fazem. Ficaram commedo destas palavras e isso agradeço a Deus todo poderoso,que em tudo se mostrou tão forte e misericordioso paracommigo.Peço, por isso, ao leitor que preste attenção ao meu escripto, não que tome este trabalho mesmo por ter vontade deescrever novidades; mas unicamente para mostrar o beneficiode Deus.Approximou-se o tempo da guerra que durante 3 mezeselles tinham preparado. Esperava sempre que, quando sahissem, elles me deixasem em casa com as mulheres, porquequeria ver si emquanto estivessem ausentes podia fugir.



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Destaques
• José de Anchieta (1534-1597)12
• Hans Staden (1525-1576)7
• Pero Correia (f.1554)6
• Manuel da Nóbrega (1517-1570)5
• Domingos Luís Grou (1525-1590)4
• João Ramalho (1493-1580)4
• Piqueroby (1480-1552)3

• Carijós/Guaranis11
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• Peru5
• Tamoios5
• São Paulo de Piratininga5
• Jesuítas5
• Estradas antigas5


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