' RAZÕES DO CONDE DE LINHARES SOBRE A HERANÇA DE MEM DE SÁ - 01/01/1579 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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RAZÕES DO CONDE DE LINHARES SOBRE A HERANÇA DE MEM DE SÁ
1579. Há 445 anos
Em que se declara a feição da terra da boca deMatoim até o esteiro de Mataripe e os engenhosque tem em si.Saindo pela boca de Matoim fora, virando sobre a mão direita, vai aterra fabricada com fazendas e canaviais dali a meia légua, onde estáoutro engenho de Sebastião de Faria, de duas moendas que lavram combois, o qual tem grandes edifícios, assim do engenho como de casas depurgar, de vivenda e de outras oficinas e tem uma formosa igreja deNossa Senhora da Piedade, que é freguesia deste limite, a qual fazendamostra tanto aparato da vista do mar que parece uma vila.E indo correndo a ribeira do Salgado deste engenho a meia légua,está tudo povoado de fazendas, e no cabo está. uma que foi do deão dasé, com uma

RAZÕES DO CONDE DE LINHARES SOBRE A HERANÇA DE MEM DE SÁ
1 de janeiro de 1579, segunda-feira (Há 445 anos)
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de Nossa Senhora muito con-certada, a qual está numa ponta da terra. Defronte dessa ponta, bemchegada à terra firme, está uma ilha, que se diz de Pedro Fernandes,onde ele vivia com sua família e tem sua granjearia de canaviais e roçascom água dentro.Da fazenda do deão se começa de ir armando a enseada que dizemde Jacarecanga, no meio da qual está um formoso engenho de bois deCristóvão de Barros até onde está tudo povoado de fazendas e lavrado decanaviais; este engenho tem mui grandes edifícios e uma igreja de SantoAntônio. Esta enseada está em feição de meia lua e terá, segundo afeição da terra, duas léguas, na qual está uma ribeira de água em que sepode fazer um engenho, o qual se deixa de fundar por se não averiguar olitígio que sobre ela há; e toda esta enseada à roda, sobre a vista da água,está povoada de fazendas e formosos canaviais.E saindo dessa enseada, virando sobre a ponta da mão direita, vaicorrendo a terra fazendo um canto em espaço de meia légua, na qualestão dois engenhos de bois, um de Tristão Rodrigo junto da ponta daenseada, defronte da qual à ilha de Maré está um ilhéu que se chama dePacé, de onde tomou o nome a terra firme deste limite. Este engenho deTristão Rodrigo tem uma fresca ermida de Santa Ana. O outro engenhoestá no cabo desta terra que é de Luís Gonçalves Varejão, no qual temoutra igreja de Nossa Senhora do Rosário, que é freguesia desse limite.Deste engenho se torna a afeiçoar a terra fazendo ponta para o mar,que terá comprimento de meia légua, e no cabo dela se chama a ponta deTomás Alegre, até onde está tudo povoado de fazendas e canaviais, emque entra uma casa de meles de Marcos da Costa. Defronte desta pontaestá o fim da ilha de Maré, daqui torna a fugir a terra para dentro,fazendo um modo de enseada em espaço de uma légua, que toda estápovoada de nobres fazendas e grandes canaviais, no cabo da qual estáum formoso engenho de água de Tomás Alegre, que tem uma ermida deSanto Antônio mui bem concertada. Deste engenho a uma légua é o cabode um esteiro, que se diz a Petinga, até onde está tudo povoado eplantado de canaviais mui formosos. Esta Petinga é uma ribeira assimchamada, onde se pode fazer um formoso engenho de água, o que se nãofaz por haver contenda sobre a dita ribeira.Por aqui se serve o engenho de Miguel Batista, que está pela terradentro meia légua, o qual tem mui ornados edifícios e uma ermida deNossa Senhora mui concertada. E tornando atrás ao esteiro e porto dePetinga, torna a terra a correr para o mar obra de meia légua, onde fazuma ponta em redondo, onde está uma formosa fazenda de AndréMonteiro, da qual torna a terra arecuar para trás meia légua por um esteiro acima, que se diz deMataripe, onde está uma casa de meles de João Adrião, mercador; poreste esteiro se serve a igreja, e julgado do lugar de Tayaçu-pina (?), queestá meia légua pela terra dentro em um alto à vista do mar, povoaçãoem que vivem muitos moradores que lavram neste sertão algodões emantimentos e a igreja é da invocação de Nossa Senhora do Ó.C A P Í T U L O XXIVEm que se declara o sítio da terra da boca doesteiro de Mataripe até a ponta de Marapé e dosengenhos que em si tem.Deste esteiro de Mataripe ao de Caípe será meia légua, ou menos, aqual está toda lavrada e aproveitada de muitos canaviais que osmoradores que por esta terra vivem, têm feito. Neste esteiro de Caípeestá um engenho de bois de duas moendas, peça de muita estima, o qualé de Martim Carvalho, onde tem uma ermida da Santíssima Trindademui concertada com as mais oficinas necessárias.Defronte deste esteiro de Caípe está um ilhéu de pedra meia léguano mar, que se diz Itapitanga, do qual esteiro corre a terra quase direitaobra de uma légua ou mais, no cabo da qual está outro engenho de bois,fazenda muito grossa de escravos e canaviais, com nobres edifícios decasas, com uma fresca igreja de Nossa Senhora das Neves, muito bemacabada, o qual engenho é de André Fernandes Margalho, que o herdoude seu pai com muita fazenda. Ao longo desta terra, um tiro de berço,está estendida a ilha de Cururupeba, que é de meia légua de comprido, aqual é dos padres da Companhia, que a têm arrendada a sete ou oitomoradores, que nela vivem.Entre esta ilha e a dos Frades estão duas ilhetas, em cada uma dasquais está um morador, que a lavra, e são de Antônio da Costa. Desteengenho de André Fernandes para cima vai fazendo a terra uma enseadade uma légua, no cabo da qual está o esteiro de Parnamirim; e defrontedesta enseada, bem chegadas à terra firme, estão três ilhas; a primeiradefronte do engenho, que é do mesmo André Fernandes, que tem pertode meia légua, onde tem alguns moradores, que lavram canas emantimentos;e junto desta ilha está outra mais pequena, que é do mesmo, de onde tiralenha para o engenho; e mais avante de Parnamirim está outra ilha, quese diz a das Fontes, que é de João Nogueira, a qual é de meia légua,onde também vivem sete ou oito moradores. A terra de todas estas trêsilhas é alta e muito boa. Na boca do esteiro de Parnamirim está umengenho de bois de Belchior Dias Porcalho, que tem uma ermida deSanta Catarina. Por este esteiro de Parnamirim entra a maré uma légua,no cabo da qual está outro engenho de bois de Antônio da Costa, queestá muito bem acabado. Este esteiro de uma parte e da outra está todolavrado de canaviais e povoado de formosas fazendas, no meio do qualestá uma ilha de Vicente Monteiro, toda lavrada com uma formosafazenda. E tornado à boca deste esteiro, andando sobre a mão direita daía uma légua, está tudo povoado de moradores, onde tem muito boasfazendas de canaviais e algodões, a qual terra se chama Tamarari, nomeio da qual está uma igreja de Nossa Senhora, que é freguesia destelimite. Esta terra faz no cabo uma ponta; e virando dela sobre a mãodireita vai fugindo a terra para trás, até dar em outro esteiro que chamamMarapé, onde se começam as terras de Mem de Sá, que agora são de seugenro, o conde de Linhares.C A P Í T U L O XXVEm que se declara o rio de Seregipe, e terra deleà boca do Paraguaçu.Partindo com a terra de Tamarari começa a do engenho do conde deLinhares, a qual está muito metida para dentro fazendo uma maneira deenseada, a que chamam Marapé, a qual vai correndo até a boca do rio deSeregipe, e terá a grandura de duas léguas que estão povoadas de muigrossas fazendas. Entra a maré por este rio de Seregipe passante de trêsléguas, onde se mete uma ribeira que se diz Traripe, onde esteve já umengenho, que fez Antônio Dias Adorno, o qual se despovoou por lhearrebentar um açude, que lhe custou muito a fazer, pelo que está emmortuário; mas não estará assim muito tempo, por ser a terra muito boa epara se meter nela muito cabedal.Descendo por este esteiro abaixo, légua e meia sobre a mão direita,está situado o afamado engenho de Mem de Sá, que agoraé do conde de Linhares, seu genro, o qual está mui fabricado de casaforte e de purgar, com grande máquina de escravos e outras benfeitorias,com uma igreja de Nossa Senhora da Piedade. Desta banda do engenhoaté a barra do rio que podem ser duas léguas, não vive nenhum morador;por ser necessária a terra para o meneio do engenho, e por ter perto dabarra uma ribeira, onde se pode fazer outro engenho muito bom; mas, daoutra banda do rio, de cima até abaixo, está tudo povoado de muitasfazendas, com mui formosos canaviais, entre os quais está uma, que foide Gonçalo Anes, que se meteu frade de São Bento, onde os frades têmfeito uma igreja do mesmo santo com seu recolhimento, onde dizemmissa aos vizinhos. Na boca deste rio, fora da barra dele, está uma ilhaque chamam Cajaíba, que será de uma légua de comprido e meia delargo, onde estão assentados dez ou doze moradores, que nela têm bonscanaviais e roças de mantimentos, a qual é do conde de Linhares. Juntodessa ilha está outra, pequena, despovoada, de muito boa terra. E, bemchegado à terra firme, no cabo do rio da banda do engenho, está outrailha, de meia légua em quadro, por entre a qual e a terra firme escassamente pode passar um barco, a qual também, com as duas atrás, são doconde de Linhares. Da boca deste rio de Seregipe, virando ao sair delasobre a mão direita, vai fazendo a terra grandes enseadas, em espaço dequatro léguas, até onde chamam o Acum, por ter o mesmo nome umaribeira que ali se vem meter no salgado, na qual se podem fazer doisengenhos, os quais não estão feitos por ser esta terra do engenho doconde de Linhares e não a querer vender nem aforar, pelo que vivempoucos moradores nela, onde o conde tem um formoso curral de vacas.Do cabo desta terra do conde à boca do rio Paraguaçu são três ou quatroléguas, despovoadas de fazendas, por a terra ser fraca e não servir paramais que para criação de vacas, onde estão alguns currais delas.Esta terra foi dada a Brás Fragoso de sesmaria e pelo rio deParaguaçu acima quatro léguas; a qual se vendeu a Francisco de Araújo,que agora a possui com algumas fazendas que nela fez, onde a terra éboa, que é pelo rio acima.

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