Falecimento de João Mendes de Almeida. Foi um jurista, político, jornalista e líder abolicionista brasileiro
16 de outubro de 1898, domingo. Há 126 anos
Disse o notável Dr. João Mendes de Almeida, que "o povo que não pôde possuir uma historia verdadeira, pela insuficiência de seus meios ou pela desordem de seus arquivos, é um povo sem gênesis, e portanto desclassificado no mundo civilizado".
Sente-se desde logo, a verdade desta sentença, porquê de fato, a historia é a genealogia e o pergaminho das nações, porquê ela é a formação e é a origem, e constitui por isso, diante dos olhos das gerações a verdadeira e grande lição do passado, exortaando o presente e incitando o futuro das sociedades, sendo por fim, a fonte generosa, onde as populações presentes e por vindouras deverão haurir o corroborante do seu enfraquecimento moral, o elixir da força colectiva, embebidas na luz da sua própria origem.
"Os brutos não têm tradição, não a sentem, e por isso, não a veneram. Mas o homem, que não só vive, senão também se aperfeiçoa, colhendo no passado os elementos da experiência em que se firma para equilibrar-se no presente e conduzir-se no futuro, esse se equipararia ás feras, se não volvesse olhos atentos e perscrutadores para o passado, e se não reconhecesse o valor dos ensinamentos com que os mortos vêm e cada vez mais, governando os vivos", assim falou também o santista notável que é o Dr. Reynaldo Porchat.
Por viver alheia e indifferente á voz que lhe chega dos annos que passaram, vóz que se alteia, vibrante como os gri- tos das nossas arapongas, nas maravilhas apparentemente mudas das nossas tradições e das nossas chronicas, é que a actual sociedade brasileira, tão joven ainda e nem bem padronisada, já resvala na decadência, explorada pelo exemplo dos contur- badores, explorada pelos maus autores, explorada pelos em- preiteiros de reformas mentirosamente evolucionistas ou inap- plicaveis ao meio brasileiro e solapada pelas tendências moder- nas de utilitarismos, vulgarismos, egolatrias, epicurismos e fu- tilidades. Assim, a corrupção social, mais do que a apparente evolução em cujo nome faliam os adeptos das ideologias mo- dernistas e os falsos apóstolos da sua applicação, ameaça fragmentar a nossa pátria, desatando os elos moraes, princi- palmente, que já foram o apanágio das antigas famílias bra- sileiras. Essa corrupção é que vem desfibrando o caracter e enfraquecendo a mentalidade, da nossa gente, para que um dia, tapde demais para arrependimentos, tripudiem- sobre os es- combros do nosso edifício social e politico, onde então mora- rão os nossos netos, os germens triumphadores da dissolução, da decadência e da anarchia, que os tornarão escravos. Por tudo isso, achamos que só a contemplação do passado e o estudo das grandes lições moraes e philosóphicas encerra- das na vida e nos actos de tantos vultos desapparecidos, como nos nossos factos antigos pode nos dar força para reagir contra a degradação prevista, promovida criminosamente, em nóme da evolução e do progresso!