“Processo obrado en la Villa rica del espiritu santo, contra el capn. Franco. Benitez, por haver metido três portugueses por la via de San Pablo” - 01/01/1616 de ( registros)
“Processo obrado en la Villa rica del espiritu santo, contra el capn. Franco. Benitez, por haver metido trêsportugueses por la via de San Pablo. Año 1616.”: Bandeirantes no Paraguai. Século XVII. (Documentos Inéditos).São Paulo: Divisão do Arquivo Histórico/Prefeitura do Município de São Paulo, 1949. Outros documentos mostramque Henrique Vaz era ourives de prata, talvez um dos que vieram para São Paulo acompanhando o sonho mineral deFrancisco de Souza. Por volta de 1613, teria ido para Villa Rica, no episódio narrado no texto. Nesta ocasião,inclusive, foi acusado de atravessar de São Paulo ao Guairá praticando “embustes” com os índios. Seja como for, Vazchegou ao Peru onde, ao que parece, a sorte também não lhe sorriu, já que, em 1623, estava de volta a Assunção,lugar em que ainda residia em 1633, conforme censo feito pelo governador Martim Ledesma Valderrama. Na ocasiãofoi identificado como alquimista, e que “ha curado y cura enfermidades en esta ciudad”. ANA, Propriedades eTestamentos, Vol.484, 8. Nomes do censo de Valderrama estão publicados em JENSEN, Carlos. El Guairá... op.cit.. No sentido inverso, Paraguai-São Paulo,temos a prisão e a investigação, em 1616, do vecino de Villa Rica Francisco Benitez,que havia se dirigido a São Paulo com “vino e mercadorias”. No seu inventário, feitoquando do sequestro de seus bens, aparece “una vina y três mil sepas, dez arrobas devino, un trapiche moiliene y corriente”, o que mostra uma produção centrada no vinhoparaguaio. [1]Os processados, de modo geral, eram acusados em conjunto e revelavam algumaajuda recebida. Já falamos aqui de Juan Florencio, Miguel Garcete, Francisco Bernal,Sebastian e Domingos Garcia, o próprio Francisco Benitez e Alonso Moreno, comogente guairenha que havia auxiliado pessoas que vinham pelo caminho. Essa ajudaincluía passar de São Paulo a Maracayú, e deste porto, nas balsas, até Assunção oupontos mais adiante, como Tucumã. Num processo movido em 1616 contra osportugueses Álvaro de Carvalho, Gonçalo Borídio, Andres Vieira e Antonio Fernandes,estes apontaram os “mancebos hijos de Baltasar Godoy natural de dita villa de SanPablo” como os guias em grande parte do caminho, que forneciam orientação em trocade patacones e roupas.846 Os quatro acusados foram unânimes em afirmar que nãosabiam das proibições em torno do uso do trajeto, mas dois deles disseram que “dieronnotisia en San Pablo que los prendiam a los portugueses que por ali beniam”.847 Chama aatenção a presença do castelhano Baltazar Godoy, estremenho instalado em São Paulodesde o final do século XVI e que, através de seus filhos, parece ter utilizado oconhecimento adquirido nas entradas pelo chamado sertão para algo mais que “desceríndios”. Segundo Carvalho Franco, um dos filhos era “perito” na navegação do Tietê. Os quatro investigados desnudam o que parecia ser uma estrutura montada parapassar gente pelo Paraguai. Segundo Borídio, os Godoy cobraram 125 patacones paralevá-los até o salto, no rio Paraná, e ali ensinavam-lhes os caminhos que deveriamseguir. Recebiam ainda orientação para procurar os índios, que os ajudariam e lhes dariam de comer em troca de pagamento. Não encontramos nenhum rastro destes quatroportugueses em documentação posterior, sugerindo que, muito provavelmente, ou foramobrigados a voltar para São Paulo ou se internaram de vez no Peru. [2]
1° de fonte(s) [24461] “São Paulo na órbita do Império dos Felipes: Conexões Castelhanas de uma vila da américa portuguesa durante a União Ibérica (1580-1640)” de José Carlos Vilardaga Data: 2010, ver ano (130 registros)
A mina de ferro e a fundição devem ter gerado ferramentas e material de consumo local, bem como produtos para trocas e resgates com índios. As minas de ferro eram chamadas de Tambó, e aparecem muito ocasionalmente na documentação. Em pelo menos um dos processos para averiguar gente que entrava no Paraguai pelo caminho de São Paulo, menciona-se um português que teria se dirigido para as ditas minas. Segundo testemunho, um tal Enrique Vaz Platero teria chegado em Villa Rica mas, como ninguém lhe deu abrigo nem ajuda, partiu rumo “ao tambo veynte leguas de aqui dezia hiva a hazer algunas cunas para bestirse y que se fue y nunca mas lo vieron...”
As cunhas - moeda de ferro de ampla circulação no Paraguai, e talvez com algum prolongamento em São Paulo – serviam fundamentalmente para resgates com os índios e trocas locais. Basicamente, as transações eram feitas em cunhas ou lienzos de algodão, mas, em pouco tempo, foram substituídos pela erva-mate. De qualquer modo, uma cunha valia, segundo Chaves, 50 maravedis, apesar de o inquérito feito na região em 1609 não ter conseguido precisar seu valor junto aos vizinhos de Villa Rica. [Página 210 e 211]
No sentido inverso, Paraguai-São Paulo, temos a prisão e a investigação, em 1616, do vecino de Villa Rica Francisco Benitez, que havia se dirigido a São Paulo com “vino e mercadorias”. No seu inventário, feito quando do sequestro de seus bens, aparece “una vina y três mil sepas, dez arrobas de vino, un trapiche moiliene y corriente”, o que mostra uma produção centrada no vinho paraguaio. [Página 214]