' Foi a vez do cúmplice descarregar sua consciência perante o visitador inquisitorial - 12/09/1594 de ( registros) Wildcard SSL Certificates
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Foi a vez do cúmplice descarregar sua consciência perante o visitador inquisitorial
12 de setembro de 1594, segunda-feira. Há 430 anos
Um carreiro às voltas com a Mesa da visitaçãoDurante o tempo da graça na freguesia de Santo Antônio do Cabo, em 31 de janeiro de1594, Diogo Rodrigues (33 anos), escravo de Fernão Soares, confessou que pecou no nefandocom o jovem João Fernandes, por 4 vezes (em noites distintas), sendo ele mesmo oprovocador de tais atos. Oito meses depois, a 12 de setembro de 1594, foi a vez do cúmplicedescarregar sua consciência perante o visitador inquisitorial. João Fernandes (20 anos) era ummancebo solteiro, natural da Bahia, filho de João Bento (francês, já defunto) e CatarinaFernandes (mameluca, viúva), morador na freguesia de Santo Amaro, “carreiro de carrearcom bois”. Relatou que [há] dois anos, vindo uma vez a esta vila, não lhe lembra dia certo, se agasalhou emcasa de Antônio Pires, ferreiro, morador nesta vila, caminho do Varadouro, e dormiuaquela noite em uma rede com Bartolomeu Pires, filho do dito ferreiro, moço quelhe parece [ser agora] de idade de alguns 13 anos. [...] E estando assim ambos narede de noite, o dito Bartolomeu Pires, estando ambos com camisas e sem ceroulas,o começou [a] provocar, que se queria pôr em cima dele confessante e assimprocederam a tanto, que o dito Bartolomeu Pires se lançou de costas e eleconfessante [...] se lançou de bruços sobre ele [...] fazendo ele confessante no sesso[ânus] do dito Bartolomeu Pires como se fizera no vaso natural de mulher, [...] tendopolução dentro no sesso (ANTT, IL, proc. 2.559, fls. 6-7v).Em seguida, João confessou que após algumas desavenças com o cunhado, BaltasarÁlvares, saiu de casa e foi para o engenho de Fernão Soares. Um carpinteiro, que entãomorava no engenho, viera fazer negócio em Olinda e rogou-lhe que olhasse sua casa,deixando-o com a chave para dormir nela. Certa noite, estando “ingenuamente” deitado emsua cama, veio-lhe ao encontro um escravo de Fernão Soares (Diogo Rodrigues), “homem jábarbado, e começou a provocá-lo, apalpando-o”. Chegaram a tanta torpeza que naquela noiteconsumaram o pecado de sodomia uma vez apenas, João o agente e Diogo o paciente. Depoisdisso, passada uma ou duas noites, João foi “agasalhar-se à pousada” do mulato, na sua cama.Provocado pelo escravo, tornaram a pecar no nefando. Na versão de João Fernandes,praticaram sodomia perfeita três vezes, em noites distintas. Muito arrependido pediu perdão,consciente de que por culpas semelhantes “se prendiam e queimavam” (ibid., fls.7v-10).Ao que parece, João não convenceu muito o visitador. Foi repreendido “com caridade”para que se afastasse de tais pecados e fizesse confissão geral de toda sua vida, no Colégio de Jesus, depois “se lhe dirá o mais que lhe revela”. Foi novamente ouvido nos dias 15 e 19 desetembro (1594), afirmando que não tinha mais nada a declarar. Em 26 de novembro, oparecer da Mesa concluiu que o carreiro só confessou seus crimes depois de ser delatado porDiogo Rodrigues, com o agravante de pecar no nefando com Bartolomeu Pires, ao quedeterminaram: “que o réu vá degredado por dois anos para as galés do Reino, onde remarásem soldo, se confesse a cada mês, durante o degredo, e pague as custas”. O acórdão foipublicado três meses depois, a 27 de fevereiro de 1595, ante o pavor do réu que tudo ouviuem silêncio. Em seguida, João foi levado ao cárcere para os encaminhamentos da sentença(ibid., fls. 14-16).

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